CARTAS-PATENTE:
I – Coronel Joaquim Alves Feitosa
Heitor
Feitosa Macêdo
Sabre do Coronel Joaquim Alves Feitosa (Museu de Tauá/CE). |
O Coronel Joaquim Alves Feitosa (Coronel Quim) nascera em 1832,[1] provavelmente na antiga Fazenda Cococá (município de Tauá/CE), nas cabeceiras do Rio Jaguaribe, e desempenhou importante papel nos fatos políticos e militares do século XIX, fazendo parte de eventos que transcenderam os sertões do Ceará.
1. A FAMÍLIA
A mãe do Cel. Quim chamava-se Maria Madalena de Castro, sendo filha do “potiguar” Leandro Custódio de Oliveira Castro (Sargento-mor),
e de D. Eufrásia Alves Feitosa (casada
aos catorze anos de idade e irmã do Capitão-mor José Alves Feitosa).
Joaquim veio ao mundo
nos braços de gente privilegiada, detentora de patentes militares e possuidora de léguas infindas de terra. Crescera rico, e assim viveria pelo resto de seus
dias, no entanto, algo haveria de conquistar pelo próprio mérito, e não apenas
pelo nascimento.
Quando o sertão dos Inhamuns se subdividia entre as numerosas
proles, empobrecendo ramos dantes tão envaidecidos, relegados pelo destino e
engolidos pelas secas, uma minoria soube manter-se na bonança, fruindo as
dádivas que um régulo poderia desejar.
A grande família pagava um alto preço, principalmente aquela
ligada à pastorícia, que, na insuficiência de glebas para apascentar seus
gados, vendiam o que lhes restava, passando de senhores a vaqueiros ou
moradores, muitas vezes dos próprios parentes.
Logo, muitos dos netos e bisnetos dos primeiros desbravadores
dos sertões, empresários do ciclo do gado, foram vitimados pela economia do
charque, reduzidos à pobreza, carreados ao mesmo nicho dos escravos e índios,
dos quais se diferençavam apenas pelo nome abrasonado ou pela nuança da cútis.
Joaquim pertencia a uma confraria numerosa, formada por nove
irmãos[3],
seis homens e quatro mulheres, sendo ele gêmeo com Francisco Alves Feitosa,
apelidado de Major Chiquim, com quem manteria estreita convivência.
Mj Chiquim, irmão gêmeo de Joaquim. |
Toda essa irmandade rompera os primeiros tempos da juventude
no interior da Fazenda Cococá, que, por herança da eufonia indígena,
pronunciava-se “Còcucá”[7],
ou simplesmente, conforme a modorra da fala sertaneja, “Cocá”.
Ao atingir a fase nupcial, seguindo os preceitos endogâmicos
praticados em sua família, Joaquim tomou como esposa uma prima. A nubente
chamava-se Dona Maria Madalena, sendo filha do Tenente Joaquim de Sousa Vale e
de Dona Maria (filha do Major José do Vale Pedrosa).[8]
Os filhos do Coronel Joaquim Alves Feitosa com Dona Maria
Madalena foram:
1- Deolindo Alves Feitosa c/c, em 1as núpcias: Matilde
(filha do Dr. Manoel Marrocos Teles); em 2as núpcias: Czarina (irmã
da primeira esposa);
2- Pedro de Deus Alves Feitosa c/c Ana (filha do Dr. Francisco
Primeiro de Araújo Citó);
3- Dario Alves Feitosa c/c D. Maria (filha do Tenente Emiliano
Ferreira Ferro);
4- Joaquim Solano Alves Feitosa c/c Maria da Glória Ferrér Feitosa,
Dona (filha do Tenente Emiliano Ferreira Ferro);
5- Maria Madalena c/c Pedro Alves Feitosa Sousa (filho de Raimundo de
Morais Rego);
6- Maria da Glória c/c Deocleciano Teles de Sousa Vale (filho do Dr.
Manoel Marrocos Teles);
7- Ana c/c Franklin Alves Feitosa (filho de Manoel Alves Feitosa,
Baléco);
8- Leonilia c/c Pedro
Cadó (filho de José Alves Feitosa);
9- Rita c/c Vicente de Araújo Chaves (filho de Gonçalo do Isidoro e
Maria, filha de João Mazio);
10- D. Mariana Alves Feitosa c/c, em 1as núpcias:
José de Sousa Castro; em 2as núpcias: Capitão Osterne Ferreira Ferro (irmão
do Tenente Emiliano Ferreira Ferro).
2.
O FAZENDEIRO
No decorrer dos anos, com o dealbar da
vida adulta, esses irmãos separam-se, constituindo suas próprias famílias em
outras paragens, cada qual com sua fazenda, contrariando a regra do tempo e do
meio, pois se mantiveram em suas posses, alguns, inclusive, expandindo-as.
Lugar em que estava edificada a centenária Casa da Barra do Puiú. |
Apesar de esta fazenda possuir tal nome desde a época da
colonização, com a estada do Coronel Quim essa localidade ganhou uma
denominação particular, sendo também conhecida por “Barra do Ouro”, em virtude
do fausto alcançado por este seu proprietário. Enquanto isso, seu irmão, o
Major Chiquim, também adquiria várias posses de terras, dentre elas, a antiga
Fazenda Cococi.[10]
3.
O MILITAR
Além de fazendeiro, em conformidade com os ditames da época,
Joaquim ingressou na carreira militar, na Guarda Nacional, criada desde 1831.
Exerceu o posto de Tenente, Major e posteriormente alcançou a patente de
Coronel. Mas, nesse entremeio, Joaquim obrou fatos merecedores de nota.
3.1.
A GUERRA DO PARAGUAI
O Paraguai havia conquistado a
independência, em 1811, antecipando o Brasil em mais de uma década, e gozava de
grande progresso, principalmente econômico. Possuía indústrias em vários
setores, siderúrgico, bélico, etc. O analfabetismo e a fome eram problemas já
erradicados.[11]
No vigor desse avanço, Solano López, iniciando seu governo
no ano de 1862, direcionou a política para um expansionismo militar, desejando
ampliar geograficamente o Paraguai, no anseio de escoar seus produtos
manufaturados através da bacia do Prata e do Oceano Atlântico, criando o
“Paraguai Maior”.[12]
Para isso, intentava anexar territórios dos países vizinhos, incluindo terras
brasileiras.
Esse expansionismo ditado por Solano López incomodava não só
aos países vicinais, como igualmente à Inglaterra, que enxergava nessa política
paraguaia uma concorrência ameaçadora ao seu mercado consumidor de
manufaturados. Por isso os ingleses apoiaram a guerra, concedendo empréstimo ao
Brasil, pois, ao mesmo tempo em que destruíam o inimigo, o Paraguai, adquiriam
mais um devedor, o Brasil.
Em novembro de 1864, o governo paraguaio apreende um navio
brasileiro, que navegava nas águas do Rio Paraguai. Em resposta, o Brasil
formaliza a declaração de guerra. Não bastasse, em 1865, o Paraguai invade o
Mato Grosso e o Norte da Argentina. Deste modo, Brasil, Uruguai e Argentina
montam a Tríplice Aliança para fazer frente à expansão do Presidente Solano
López.
Tal aliança era extremamente necessária, pois o exército
paraguaio estava bem organizado, possuindo aproximadamente 64 mil homens, afora
os 28 mil reservistas. Enquanto que o exército imperial brasileiro não chegava
a 18 mil homens em armas; a Argentina perto de oito mil e o Uruguai com apenas
mil.[13]
O Paraguai mostrava-se quase que imbatível, porém não
dispunha de uma Marinha de Guerra, e a sua população era reduzida, 900 mil
habitantes, quando comparada aos mais de 14 milhões da Tríplice Aliança.[14]
Portanto, com o prolongamento da guerra, o contingente humano, passível de
recrutamento, determinaria a vitória.
Há esse tempo, o Exército brasileiro praticamente inexistia,
e a Guarda Nacional era incumbida de exercer tais funções, o que era feito com
certa deficiência. Então, para tentar sanar a carência de soldados, o Governo
Imperial decretou, em 1866, a liberdade para os escravos que se alistassem
voluntariamente. Entretanto, muitos escravos foram obrigados a ingressar nas
tropas, a fim de substituir os filhos de seus senhores que haviam sido
recrutados.[15]
Durante o conflito, Joaquim e seu irmão, Francisco (Major
Chiquim) foram incumbidos de arregimentar homens para compor o “exército”.
Porém, esse alistamento não se dava de forma pacífica, porque, se o fato de tomar
parte numa guerra, sendo mal remunerado, não aprazia aos oficiais, muito menos
agradaria aos “soldados”, que tentavam evitar a todo custo o alistamento
compulsório.
Em regra, eram escolhidos para marchar contra o ditador
Solano López gente menos favorecida, os negros e caboclos do sertão, que
constituiriam a linha de frente nos embates mais encarniçados, desobrigando os
filhos-família.
Por outro lado, o recrutamento foi amplamente utilizado como
instrumento de vingança, servindo-se desse meio alguns oficiais para levar seus
inimigos à boca do leão. E não era sem razão, pois na queda de braço entre
liberais e conservadores valia tudo. Bastava um dos ministérios subir ao poder
para que as vinganças volvessem para o lado oposto.
Naquela época, a política no interior era controlada pelos
militares do alto escalão, permitindo-lhes usar da força no exercício da
administração pública. Disto não estava isento o Coronel Joaquim, que, em sendo
chefe do partido liberal, não poupou esforços para promover o alistamento
coercitivo entre os seus inimigos.
Joaquim e seus parentes, do partido Liberal, encontravam-se
envolvidos nessas disputas partidárias, algumas vezes como algozes, outras
sendo vítimas, o que ensejava um punhado de revides cíclicos, desforras quase
que inacabáveis. Sobre isto disse Leonardo Feitosa:[16]
O
major Francisco Alves Feitosa, como meu bisavô Pedro de Sousa Rego, também foi
vítima das perseguições injustas, porque não tinha ele nenhum crime, mas era
obrigado a procurar refugio oculto, afim de não sofrer a humilhação de prisão
afrontosa. Tais eram as perseguições políticas de então.
Ele
esteve oculto nas proximidades da fazenda Barra, arranchado em uns pés de
umbuzeiros, que ficavam atraz dos currais velhos e só o coronel Leandro
Custódio de Oliveira Castro, sabia onde ficava aquele pouso, porque era quem ia
pessoalmente levar a refeição aos refugiados, e entender-se com os mesmos, nos
casos de necessidade. Em certo dia, surgiu na fazenda Barra um grupo de
soldados em diligência, e, como nada encontraram ali, marcharam até a fazenda
Olho d’Agua do Urucú. O coronel Leandro Custódio de Oliveira Castro aproveitou
essa ausência para ir inteirar o major Francisco Alves Feitosa, do ocorrido, e
quando foi assistir à saída deste que mudava o seu rancho para as proximidades
da fazenda Poço Comprido e voltava, ao chegar à sua casa, já apareciam os
soldados de volta do Olho d’Agua do Urucú, onde nada haviam encontrado.
Nesse contexto,
Francisco e Joaquim Alves Feitosa encarregaram um primo, Manoel Leonardo de
Araújo Feitosa, de executar o recrutamento forçado entre os membros da família
residente na Fazenda Campo-Preto (Teixeira, Cavalcante, Oliveira, Mota), e assim
o fez, caindo no ódio desta.[17]
Alguns parentes de Joaquim tiveram importante participação
na guerra, havendo destaque para a heroína Jovita Feitosa; o General Sampaio
(patrono da Infantaria do Exército Brasileiro) e o Coronel Lourenço Alves
Feitosa e Castro.
Frise-se que Joaquim e seu irmão, Francisco, não
participaram diretamente dos confrontos, mas foram indispensáveis nos
bastidores, pois, sem a assistência dispensada por eles e tantos outros na
mesma condição, a guerra certamente teria sido muito mais penosa e inviável.
Depois de cinco anos de cruento embate, o Paraguai foi
dominado, sua população masculina quase dizimada, e o “ditador” Solano López
morto. Todavia, este, antes de ser assassinado, não se entregou facilmente,
tendo fugido por algumas vezes, até que foi cercado em Cerro Corá, no ano de
1870, e intimado e se render, ao que fez recusa. Nesse instante, reagiu
bravamente, sendo ferido pelo Cabo Chico Diabo.
Caído nas águas do Riacho Aquidaban-nigui, López foi mais uma
vez intimado a se render, mas se manteve irredutível. Daí foi desarmado e pela
derradeira vez foi intimado, mas deu como resposta a resistência. No fim,
recebeu um tiro do gaúcho João Soares, vindo a falecer em consequência dos
ferimentos.
A bravura de López e o seu empreendedorismo eram merecedores
de admiração, inclusive por parte dos inimigos, dentre estes o Coronel Joaquim,
que expressou sua estima por López batizando um de seus filhos com o nome
Joaquim Solano Alves Feitosa, e ainda hoje existindo um grupo numeroso de
descendentes com este sobrenome (Solano) em todo o Ceará.
4.
PARTICIPAÇÃO POLÍTICA
A política no
Ceará do século XIX não era pacífica, havendo renhidas disputas entre os
partidos, que eram formados pelas principais famílias e seus apaniguados.
Assim, as questões estatais guiavam-se mais pelos interesses pessoais do que
pelo bem comum, fazendo-se do poder um instrumento para vinganças.
Durante o segundo Império, os partidos políticos que
dominavam a cena resumiam-se às duas facções, de um lado o partido Liberal, de
outro, o partido Conservador. Ambos em nada se diferençavam nos seus planos
ideários, pois possuíam um único objetivo, estar na crista do poder (daí a
frase: “Nada mais conservador que um liberal no poder. Nada mais liberal do que
um conservador na oposição”). Nesses
termos, engalfinhavam-se, do plano jurídico às vias de fato, ensejando
assassinatos e violências das mais diferentes espécies.
Esses partidos, em regra, se alternavam no poder, a depender
dos Mistérios a serem escolhidos pelo Imperador (D. Pedro II). Ora um, ora
outro dominava a política nacional, oportunizando arbitrariedades que eram praticadas
contra aqueles que compunham a “oposição”.
Nesse bipartidarismo estavam entrincheiradas famílias
inteiras, as elites locais, que canalizavam suas desavenças para o seio dos assuntos
públicos. Isto era observado em todo o Ceará, e no sertão dos Inhamuns seguia-se
o mesmo modelo, onde os Fernandes Vieira e os Feitosa rivalizavam-se.
Os Feitosa dominavam a política naquela região desde os
tempos coloniais, mas essa hegemonia veio sofrer abalos, quando outras famílias
se apearam na máquina estatal. Destas, sobressaíram-se os Fernandes Vieira, que
paulatinamente ganharam relevância, a começar com o Visconde do Icó (Francisco
Fernandes Vieira). Sobre este assunto colhera informações o médico-botânico
Francisco Freire Alemão, em visita ao Ceará, no dia 23 de maio de 1860:[18]
Sobre
o visconde, diz o Bezerra que era filho de um sujeito que não tinha (no lugar?)
nem importância, nem riqueza, mas sendo homem inteligente e de grande atividade
(fez num ano três viagens a Pernambuco por terra, com negócio de gados) soube
acumular uma grande fortuna, sendo hoje o fazendeiro mais opulento do Ceará. É
isto que tem irritado os Feitosas e os feito seus inimigos, porque, sendo a
família mais antiga dos sertões e a de mais riqueza, não suportavam nem querem
suportar superioridade alguma e daí a guerra viva em que estão com o visconde
(a qual o Dr. Pompeu, diz Bezerra, tem alentado e entretido com o seu jornal).
Os
Feitosas dominam e têm grande influência nos Inhamuns, no Crateús e no Ipu, mas
principalmente na primeira, que é como seu feudo. Estes Feitosas, com os quais
se têm afamiliado os Mourões e os Vales foram sempre potentados e quase donos
exclusivos dessas comarcas; eram manhosos e não tinham partido certo, seguiam
sempre a política dominante, à qual davam sempre o seu apoio em toda a votação
de seus domínios. Assim se conservavam sempre nas posições e tinham em suas
mãos toda a administração, principalmente policial. Aquilo era uma república
(diz o Bezerra) [F. 344] misteriosa, o que ali se fazia não transpirava fora
nem chegava ao conhecimento do governo provincial. Eles matavam, surravam a seu
bel-prazer. Estes homens dominavam pelo prestígio do seu nome, pela sua riqueza
e pelo terror: é gente bruta e nunca manda educar seus filhos; assim não [há]
homem algum distinto entre eles. Ao contrário, o visconde do Icó tem cinco
filhos formados, é homem tranquilo e respeitável, nunca foi assassino, acumulou
fortuna granjeando-a, enquanto os Feitosas se ocupavam de matar e de surrar.
Diz
o Bezerra que eles viviam antes bem e sem se ofenderem; mas que, Sendo Manoel
Felizardo presidente e tendo de nomear um comandante da Guarda Nacional,
havendo dois Feitosas e o visconde com patentes iguais, ele escolheu o
visconde, daí as iras. E como o visconde (então Francisco Fernandes Vieira)
sempre apoiou o Partido Conservador, os Feitosas se tornaram adversários,
fazendo-se chimangos ou liberais.
Em verdade, os Feitosa haviam exercido total controle sobre
toda a vasta região dos Inhamuns, contudo, em 1823, com a morte do Capitão-mor
José Alves Feitosa, esse domínio fora diminuído, passando a localidade do
Saboeiro/CE (antiga sesmaria dos Feitosa) às mãos dos Carcarás (os Fernandes
Vieira).[19]
Os Fernandes Vieira também habitavam os Inhamuns desde os
tempos coloniais, mas só ascenderam ao poder no início do século XIX, tendo
como líder Francisco Fernandes Vieira, posteriormente, o Visconde do Icó. Este,
em 1810, aos 27 anos de idade, além de ocupar o cargo de juiz ordinário de São
João do Príncipe (atual cidade de Tauá/CE), cumulava-o com o posto de tenente
de milícia. Em 1812, por recomendação do Capitão-mor José Alves Feitosa
(tio-avô do Cel. Quim), Francisco Fernandes Vieira foi nomeado pelo governador
da província do Ceará Comandante de uma das Companhias da milícia.[20]
Inicialmente, os Feitosa e os Fernandes Vieira mantiveram
relações estreitas e diplomáticas, no entanto, com as inovações políticas da
época, essas famílias se dividiram, sendo crível que os Feitosa tenham assumido
a dianteira das “hostilidades” na tentativa de conservarem-se no poder.
Joaquim Alves Feitosa esteve envolvido na política, filiado
ao partido Liberal, enfrentando os Carcarás, os quais, por ironia do destino,
haviam obtido êxito com o apoio do Capitão-mor José Alves Feitosa, irmão de
Eufrásia (avó materna de Joaquim).
A disputa entre essas duas famílias desenrolou-se durante os
derradeiros quarenta anos da monarquia; e na eleição de sete de agosto de 1852,
durante a ascensão do Ministério Conservador, ocorreu “a mais acirrada campanha
contra o poder e o prestígio dos Feitosas desde os tempos da colônia”.[21]
No decênio de 1850 os Carcarás predominaram tanto no
Saboeiro quanto em São João do Príncipe, apesar da contumaz resistência dos
Feitosas.[22]
Entretanto, nesta última localidade, nas eleições para vereador e juiz de paz
de 1860 o partido Liberal retoma a dianteira, sendo escudados pelos Ministérios
Liberais de 1862 a 1868,[23] e
mesmo depois desta data, sob o controle de um Ministério Conservador, os
Liberais venceram as eleições locais.[24]
Nesse período Joaquim Alves Feitosa (na época Major) toma
assento como deputado provincial, exercendo seu mandato de 1868 a 1869. Ele, um
ano depois, em São João do Príncipe, nas eleições de 1870, na companhia de seu
primo, o Coronel Joaquim Leopoldino, esbarra com o Major Francisco Alves
Cavalcante, partidário dos Conservadores, que chefiava 150 eleitores armados.
Nesse encontro, Joaquim Alves Feitosa comandava uma tropa com 200 homens,
conseguindo dominar e desarmar seus adversários, não havendo derramamento de
sangue pela prudência do chefe Conservador.[25]
Há essa época, o poderio dos Carcarás já havia reduzido, e
os Feitosas, com os Ministérios Liberais de 1878 e 1885, retomaram o pleno controle
em São João do Príncipe. Contudo, ante o fato da inexistência de uma oposição
suficientemente forte, iniciou-se na família Feitosa um conflito interno,
culminado em acirradas dissensões.[26]
Esse desentendimento familiar era simétrico ao que ocorria
no partido Liberal em toda a província do Ceará, pois com a morte do Senador
Pompeu (1877), a liderança do partido restou publicamente cindida no ano de
1880. De um lado Antônio Nogueira Acioli (genro do Senador Pompeu), do outro a
família Paula Pessoa.
Nos Inhamuns, o Cel. Joaquim Alves Feitosa, Francisco Alves
Feitosa e Sousa e Pedro Alves Feitosa Timbaúba ficaram ao lado dos Paula
Pessoa; enquanto que o Coronel Lourenço Alves Feitosa e Castro e Francisco
Primeiro de Araújo Citó alinharam-se com Antonio Nogueira Acioli.[27]
Frise-se que o Cel Joaquim e o Cel. Lourenço eram primos em “primeiro grau”[28],
porém inimigos na política.
Embora
em 1882 Lourenço alardeasse que a disputa liberal nos Inhamuns havia terminado,
recomeçou apesar disso em 1884. Lourenço informava ao jornal dos Pompeus
naquele ano que muitos liberais da área tinham votado contra seus candidatos.
Em fevereiro do ano seguinte, Lourenço atacava Joaquim Alves Feitosa,
referindo-se a ele como um chefe local do grupo dos Paula Pessoa e acusava-o
como um “instrumento cego contra os interesses do verdadeiro partido liberal”.[29]
No fim, o Cel. Joaquim
perdeu espaço para os seus parentes, ficando o Cel. Lourenço nas rédeas da política
em São João do Príncipe até o ano de sua morte, em 1915, quando outra família (os
Gomes de Freitas) passou à situação.[30]
5.
A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA
A escravidão no
Ceará sempre esteve presente, desde o início de seu povoamento, e nos Inhamuns
esse processo não foi diferente, havendo cativos a partir dos primeiros
momentos da sua ocupação.
O grupo formado pelos escravos compunha-se não apenas de
negros africanos, ou descendentes destes, como também de índios. No Ceará,
primeiramente, o maior número de cativos era formado por ameríndios
aprisionados em grande parte nas “guerras justas”, também chamados de “negros
da terra”.
O contingente africano vinha ao Ceará por terra, da Bahia,
Maranhão e Pernambuco. Posteriormente, no início do século XIX, passou-se a
importá-los diretamente da Costa da África.[31]
A primeira leva significativa de escravos negros vindos à
Capitania foi trazida na data de 1756, para trabalhar nas Minas dos Cariris
Novos, na exploração dos veios de ouro recentemente descobertos.[32]
Sem dúvida o negro não foi tão necessário para a pecuária
quanto o foi para a economia do açúcar, mas, mesmo assim, deu importante
contribuição no desenvolvimento daquela, servindo de mão de obra em diversos
ofícios além do pastoreio.
No decorrer do século XIX, os interesses da Inglaterra
passaram a se chocar com a escravidão. Isto pelo fato de os ingleses desejarem
mercado consumidor para suas manufaturas, e por enxergarem nos negros (desde
que libertos) clientes em potencial para suas mercadorias. Desta maneira,
pressionar o Brasil para aderir à causa abolicionista era muito conveniente.
Algumas leis foram criadas em atenção às exigências inglesas,
porém, somente algumas medidas se mostraram eficazes. Em conformidade a isso, três
fatores possibilitaram a redução da escravatura nos Inhamuns.
O primeiro fator consistiu nas concessões de carta de
alforria, dadas pelos mais diversos motivos: consanguinidade (filhos de
relações entre os senhores e suas escravas); a afetividade; por doenças
adquiridas pelos cativos; pela idade avançada; por pagamento da carta pelos
próprios cativos, principalmente por mulheres de boa constituição física etc.[33]
O segundo fator deu-se através da venda de escravos para
outras províncias, em função das secas (de 1877 a 1879) e do aumento dos preços
destes “artigos” na zona cafeeira (1850), no Sul do país.[34]
O terceiro e mais eficaz foi o movimento abolicionista, no
âmbito provincial e nacional. Neste aspecto, primeiramente, cabe salientar o
aumento da carga tributária para a posse e alienação de escravos, o que
desestimulou o sistema escravagista. Depois, ressalte-se que foram criados os
fundos de emancipação (das províncias e do Império), que consistiam em
arrecadação de somas em dinheiro a ser aplicado na libertação dos escravos,
mediante o pagamento do valor do cativo ao seu respectivo dono.[35]
A família do Coronel Joaquim Alves Feitosa possuía a maior
escravaria dos Inhamuns, conforme o inventário de um de seus primos, o Major
José do Vale Pedrosa, constando na data da feitura deste documento, em 1843,
ter ele 263 escravos.[36]
Nos mesmos moldes, o Cel. Joaquim também foi proprietário de
vários escravos, no entanto, partilhava do sentimento abolicionista que
dominava o Ceará. Esta província adiantou-se em quatro anos no processo da
libertação negra, abolindo em seu território a escravidão no ano de 1884, pelo
que lhe foi conferida a alcunha de “Terra da Luz”, dado por José do Patrocínio.
Nessa marcha de libertação cooperou o Cel. Joaquim ficando à
frente da Comissão de Emancipação por ser, há época, presidente da Câmara de
São João do Príncipe, no ano 1883. Nessa condição, comemorou o fim da
escravidão em São João do Príncipe no dia 25 de abril de 1883, e no dia 26 de
dezembro, libertou dezesseis escravos que pertenciam a ele e a sua esposa.[37]
Entretanto, o Cel. Quim não alforriou todos os seus escravos,
esperando que se lhe pagasse o valor da emancipação.[38]
Afinal, um escravo era um bem de alto valor, havendo inevitavelmente algum
prejuízo para os donos que os libertassem gratuitamente.
A relação entre o senhor e escravo, nesse momento, se
desfazia juridicamente, mas inúmeras vezes algum vínculo perdurava entre o
antigo dono e o ex-escravo, pois este último não dispunha de terra onde pudesse
viver, restando-lhe a opção de migrar, para servir a outro fazendeiro, ou
permanecer ligado ao senhor (que passou a ser chamado de patrão). Sobre isto,
escreveu Joaquim Pimenta ásperas letras:
Marrecas
vivia em tal penúria, que a igreja estava em ruínas, enquanto Cococi, em uma
planura de onde se avistava ao longe, como uma cinta azul, a serra de Ibiapaba,
era uma próspera fazenda de gado onde se poderia escrever uma interessante
página de sociologia sertaneja. Ali dominava um núcleo da família Feitosa, de
costumes patriarcais. Os antigos escravos, depois de alforriados, continuaram,
com os filhos, a servir aos mesmos senhores, sob o mesmo regime do tronco. Nada
de código penal ou de autoridade policial. A justiça e a polícia eram
privativas do chefe daquêle feudo minúsculo, um velhote falando mansinho,
porém, duro, despótico e analfabeto.[39]
Assim, não era incomum formarem-se os laços de clientelismo
entre tais indivíduos, havendo uma família (Valadão) descendente de escravos,
negros e índios, permanecido na Fazenda Barra do Puiú, e que ainda hoje se
encontram entrelaçados com os descendentes do Cel. Joaquim.
6.
A PASTORÍCIA
A vida econômica
nos Inhamuns girava em torno da pecuária, sendo o boi a principal moeda de
troca. Desta maneira, a vida no campo exigia homens habilidosos no traquejo do
gado, que ficava espalhado por centenas de léguas de sertão adentro.
Na ausência de cercas
divisando as fazendas, os rebanhos migravam livremente, cruzando léguas de
caatinga, subiam serras, transpunham serrotes, ganhavam o horizonte. Nisto,
passavam anos fora das vistas de seus pastores, mas só até o dia em que o
vaqueiro recebia a ordem de trazer o barbatão ao curral. O encontro era quase
uma certeza.
Depois do fazendeiro, o vaqueiro ocupava a posição de maior
destaque, ostentando o rude título como se fosse uma patente. Ele era a mola
mestra de todo o funcionamento da fazenda, pois sem a sua mão de obra o produto
dela evaporava pelos tórridos campos. Por isso ser bem recompensado, recebendo
anualmente, no tempo da ferra, um bezerro a cada quatro nascidos na fazenda.
Os candidatos a este ofício poderiam facilmente lograr
relativa fortuna, o que convidava não só aquela gente racialmente
marginalizada, como também os filhos de importantes famílias que, já possuindo
a terra, necessitavam apenas dos bois em seus pastos.
Naquela época o transporte fazia-se em lombo de alimárias,
logo, saber montar constituía uma necessidade para o deslocamento, fato que
tornava quase todos aqueles homens verdadeiros cavaleiros, que, escanchados em
seus rocins, venciam as léguas que separavam as fazendas e outros núcleos de
povoamento.
Consequentemente, na
região dos Inhamuns, muitos vaqueiros percorreram seus campos, derramando seus
aboios nos topes dos serrotes pedregosos, rasgando as caatingas vestidos em
resistentes couros. Neste sertão,
geralmente, confere-se grande fama aos caboclos. Porém, vez ou outra, um dos
“brancos” também se destacava, havendo registro de certos membros da família
Feitosa.
Assim, Joaquim e seu irmão, Francisco, ficaram celebrizados
como “vaqueiros duros”. Segundo os contemporâneos destes, o primeiro galgou
fama por ser “duro para correr”, e o segundo, “duro para montar”,[40] isto
é, Joaquim era destro nas pegas de gado dentro do mato, enquanto que Francisco
possuía grande habilidade para domar montarias selvagens.
7.
A CARTA PATENTE
Há registros que Joaquim Alves Feitosa
tenha sido Tenente, depois Major, e finalmente Coronel da Guarda Nacional. Além
disso, foi Comandante Superior da Legião dos Inhamuns, subdividida em dois
batalhões, um em São Mateus e outro em São João do Príncipe.[41]
Joaquim chegou ao coronelato no dia oito de março de 1884,
aos 52 anos de idade, já maduro, tendo obrado relevantes feitos para sua
localidade e para o seu país. Isto quando as cãs já tomavam a sua cabeleira,
época em que possuía, além da riqueza, prestígio, poder e uma imensa
contribuição para história, principalmente dos Inhamuns, tanto na condição de
protagonista quanto de narrador, por isto considerado um “bom tradicionalista”.[42]
Finalmente, de Joaquim (militar, vaqueiro e
político) restaram alguns vestígios de sua passagem, e, no presente momento,
faz-se oportuno apresentar a carta patente que ele recebera para ocupar o posto
de Coronel da Guarda Nacional, concedida pelo Imperador D. Pedro II:[43]
Carta-patente (Museu de Tauá). |
Dada no Palacio do Rio
de Janeiro, em oito de Março de mil oitocentos e oitenta e quatro, sexagésimo
terceiro da Independência e do Imperio.
Imperador P. II.
Fran.co
Prisco de Sz.a Paraíso.
Cumpra-se e registre-se
no Governo do Ceará.
Carta pela qual Vossa
Magestade Imperial Ha por bem Nomear o Major Joaquim Alves Feitosa para o posto
de Coronel Comandante Superior da Guarda Nacional da Comarca de São João do
Príncipe, da Província do Ceará, como assim se declara.
Para Vossa Magestade
Imperial Vêr.
Bibliografia:
Alemão, Francisco Freire, Diário de Viagem (1859 – 1861), Fortaleza, Fundação Waldemar Alcântara, 2011.
Braga, Eneas, Histórias Folclóricas dos Inhamuns, Gráfica Universitária, Fortaleza/CE, 1995.
Chandler, Billy Jaynes, Os Feitosas e o Sertão dos Inhamuns: A História de uma Família e uma Comunidade no Nordeste do Brasil – 1700 – 1930, Fortaleza – CE, Imprensa Universitária – UFC, 1981.
Feitosa, Aécio, História da Família Feitosa: Arquivo da Família Feitosa, Vol. 2, Canindé/CE, Gráfica e Editora Canindé, 2003.
Feitosa, Leonardo, Tratado Genealógico da Família Feitosa, 2ª Ed., Fortaleza – CE, Imprensa Oficial, 1985.
Freitas, Antonio Gomes de, Inhamuns (Terra e Homens), Fortaleza – Ceará, Editora Henriqueta Galeno, 1972.
Girão, Raimundo, A Abolição no Ceará, 3ª Ed., Fortaleza, Secretaria de Cultura e Desporto, 1984.
Macêdo, Nertan, O Clã dos Inhamuns, 2ª Ed., Edições A FORTALEZA, Fortaleza – CE, 1967.
Pimenta, Joaquim, Retalhos do Passado: episódios que vivi e fatos que testemunhei, Rio de Janeiro, Departamento de Imprensa Oficial, 1949.
Sobrinho, Thomaz Pompeu, A Grandeza Índia do Ceará, Fortaleza - CE, Edições UFC, 2010.
Vicentino, Claudio, História do Brasil, São Paulo, Editora Scipione, 1997.
[1] Essa data é apontada por
Leonardo Feitosa (in Feitosa,
Leonardo, Tratado Genealógico da Família Feitosa, 2ª Ed., Fortaleza – CE,
Imprensa Oficial, 1985, p. 316) e, certamente, é a mais precisa, pois o mesmo
autor aponta equivocadamente outra data como sendo a do natalício do Coronel
Joaquim (op. cit., p. 101). Talvez tenha confundido este com o filho Joaquim
Solano Alves Feitosa (nascido em 1859, e falecido em dois de agosto de 1938).
[2] Aqui paira um equívoco merecedor
de atenção, isto para não se confundir o pai com o filho, no caso, homônimos.
Leonardo Feitosa, pioneiro nos estudos sobre a genealogia da família Feitosa,
aponta que o Coronel Eufrásio Alves Feitosa, casado com Antonia Ferreira de
Barros, é o pai do Tenente-coronel Eufrásio Alves Feitosa, casado com Mariana
Alves Feitosa. Contudo, os documentos paroquiais indicam que o primeiro era, em
vez de Coronel, Tenente-coronel; enquanto que o segundo possuía a patente de
Capitão, e não de Tenente-coronel. Mas é possível que Eufrásio, o filho, depois
de Capitão tenha sido elevado à mesma patente de seu pai, ou seja, de
Tenente-coronel.
[3] Feitosa, Leonardo, op. cit., p.
58.
[4] Ibidem, op. cit., p. 107.
[5] Freitas, Antonio Gomes de, Inhamuns
(Terra e Homens), Fortaleza – Ceará, Editora Henriqueta Galeno, 1972, p. 81.
[6] Feitosa, Aécio, História da
Família Feitosa: Arquivo da Família Feitosa, Vol. 2, Canindé/CE, Gráfica e
Editora Canindé, 2003, p. 30.
[7] Essa pronúncia é indicada pelo
Dr. Carlos Feitosa no prefácio do livro “Histórias Folclóricas dos Inhamuns” de
Eneas Braga Fernandes Vieira, p. 19. A respeito de uma palavra semelhante, “Cococi”,
fazenda vicinal à Fazenda Cococá, disse Nertan Macêdo que o caboclo, por
herança indígena, pronuncia-a “Cócuci” (in
O Clã dos Inhamuns, 2ª Ed., Fortaleza – Ceará, 1967, p. 157).
[8] Feitosa, Leonardo, op. cit., p.
47, 58 e 101.
[9] Sobrinho, Thomaz Pompeu, A
Grandeza Índia do Ceará, Fortaleza - CE, Edições UFC, 2010, p. 73.
[10] Feitosa, Aécio, op. cit., p. 65.
[11] Vicentino, Claudio, História do
Brasil, São Paulo, Editora Scipione, 1997, p. 247.
[12] Ibidem, op. cit., 248.
[13] Idem.
[14] Ibidem, op. cit., p. 248.
[15] Ibidem, op. cit., p. 251.
[16] Leonardo Feitosa, op. cit. p.
101.
[17] Ibidem, op. cit., p. 107.
[18] Alemão, Francisco Freire, Diário
de Viagem (1859 – 1861), Fortaleza, Fundação Waldemar Alcântara, 2011, p. 277 e
278.
[19] Chandler, Billy Jaynes, Os
Feitosas e o Sertão dos Inhamuns: A História de uma Família e uma Comunidade no
Nordeste do Brasil – 1700 – 1930, Fortaleza – CE, Imprensa Universitária – UFC,
1981, p. 60.
[20]
Ibidem, op. cit., p. 75.
[21] Chandler, op. cit., p. 83.
[22] Ibidem, op. cit., p. 85.
[23] Ibidem, op. cit., p. 89.
[24] Ibidem, op. cit., p. 90.
[25] Ibidem, op. cit., p. 93.
[26] Ibidem, op. cit., p. 94.
[27] Ibidem, op. cit. p. 97.
[28] O pai do Cel. Lourenço Alves
Feitosa e Castro era Cel. Lourenço Alves Feitosa de Castro, irmão da genitora
do Cel. Joaquim Alves Feitosa, Maria Madalena de Castro (in Feitosa, Leonardo, op. cit., p. 86).
[29]
Chandler, op. cit., p. 98.
[30]
Ibidem, op. cit., p. 154.
[31] Girão, Raimundo, A Abolição no
Ceará, 3ª Ed., Fortaleza, Secretaria de Cultura e Desporto, 1984, p. 53 e 56.
[32] Ibidem, op. cit., p. 52 e 55.
[33] Chandler, op. cit., p. 183.
[34] Ibidem, op. cit., p. 184 e 185.
[35] Ibidem, op. cit., p. 185.
[36] Ibidem, op. cit., p. 181.
Antônio Gomes de Freitas aponta um número superior, mais de 300 escravos, o de
400 (p. 77 e 167), no que é seguido por Nertan Macedo. Não é improvável, já que na
contagem desses bens era subtraída a metade que ficava na posse da esposa
viúva, até o falecimento desta, quando esta parte seria partilhada entre os
herdeiros. O morto tinha a faculdade de transmitir através de testamento até um
terço de todos os seus bens. Assim, nem sempre o inventário descrevia com
exatidão todo o conjunto de bens, e frequentemente estes eram avaliados por
preços abaixo do mercado, no intuito de amortecer o imposto ad valorem cobrado sobre eles.
[37] Ibidem, op. cit., p. 187 e 188.
[38] Ibidem, op. cit. p. 189.
[39] Pimenta, Joaquim, Retalhos do
Passado: episódios que vivi e fatos que testemunhei, Rio de Janeiro,
Departamento de Imprensa Oficial, 1949, p. 30.
[40] Freitas, op. cit., p. 81.
[41] Ibidem, op. cit., p. 108.
[42] Feitosa, Leonardo, op. cit., p.
49.
[43] Esta carta patente encontra-se
no Museu de Tauá/CE.
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