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domingo, 5 de maio de 2013

CARTAS-PATENTE: I – Coronel Joaquim Alves Feitosa


CARTAS-PATENTE: I – Coronel Joaquim Alves Feitosa

                                                                                      
                                                                                        Heitor Feitosa Macêdo
           
           
Sabre do Coronel Joaquim Alves Feitosa (Museu de Tauá/CE).
      
      O Coronel Joaquim Alves Feitosa (Coronel Quim) nascera em 1832,[1] provavelmente na antiga Fazenda Cococá (município de Tauá/CE), nas cabeceiras do Rio Jaguaribe, e desempenhou importante papel nos fatos políticos e militares do século XIX, fazendo parte de eventos que transcenderam os sertões do Ceará.

1. A FAMÍLIA 
           
          O Cel. Quim era filho do Capitão Pedro Alves Feitosa (fundador da Fazenda Cococá), que, por sua vez, era filho do “Capitão Eufrásio Alves Feitosa [2] e D. Mariana Alves Feitosa.
         A mãe do Cel. Quim chamava-se Maria Madalena de Castro, sendo filha do “potiguar” Leandro Custódio de Oliveira Castro (Sargento-mor), e de D. Eufrásia Alves Feitosa (casada aos catorze anos de idade e irmã do Capitão-mor José Alves Feitosa).  
          Joaquim veio ao mundo nos braços de gente privilegiada, detentora de patentes militares e possuidora de léguas infindas de terra. Crescera rico, e assim viveria pelo resto de seus dias, no entanto, algo haveria de conquistar pelo próprio mérito, e não apenas pelo nascimento.
         Quando o sertão dos Inhamuns se subdividia entre as numerosas proles, empobrecendo ramos dantes tão envaidecidos, relegados pelo destino e engolidos pelas secas, uma minoria soube manter-se na bonança, fruindo as dádivas que um régulo poderia desejar.
         A grande família pagava um alto preço, principalmente aquela ligada à pastorícia, que, na insuficiência de glebas para apascentar seus gados, vendiam o que lhes restava, passando de senhores a vaqueiros ou moradores, muitas vezes dos próprios parentes.
         Logo, muitos dos netos e bisnetos dos primeiros desbravadores dos sertões, empresários do ciclo do gado, foram vitimados pela economia do charque, reduzidos à pobreza, carreados ao mesmo nicho dos escravos e índios, dos quais se diferençavam apenas pelo nome abrasonado ou pela nuança da cútis.
         Joaquim pertencia a uma confraria numerosa, formada por nove irmãos[3], seis homens e quatro mulheres, sendo ele gêmeo com Francisco Alves Feitosa, apelidado de Major Chiquim, com quem manteria estreita convivência.
        
Mj Chiquim, irmão gêmeo de Joaquim.
Esses dois irmãos em muito se pareciam, inclusive possuindo os mesmos apelidos, o que ocorrera por mais de uma vez, sendo chamados tanto de “marujos”[4], em referência à farda azul do oficialato; quanto pela alcunha de “mamãos”[5], em decorrência da tez rosada.[6]
         Toda essa irmandade rompera os primeiros tempos da juventude no interior da Fazenda Cococá, que, por herança da eufonia indígena, pronunciava-se “Còcucá”[7], ou simplesmente, conforme a modorra da fala sertaneja, “Cocá”.
         Ao atingir a fase nupcial, seguindo os preceitos endogâmicos praticados em sua família, Joaquim tomou como esposa uma prima. A nubente chamava-se Dona Maria Madalena, sendo filha do Tenente Joaquim de Sousa Vale e de Dona Maria (filha do Major José do Vale Pedrosa).[8]
         Os filhos do Coronel Joaquim Alves Feitosa com Dona Maria Madalena foram:
1- Deolindo Alves Feitosa c/c, em 1as núpcias: Matilde (filha do Dr. Manoel Marrocos Teles); em 2as núpcias: Czarina (irmã da primeira esposa);
2- Pedro de Deus Alves Feitosa c/c Ana (filha do Dr. Francisco Primeiro de Araújo Citó);
3- Dario Alves Feitosa c/c D. Maria (filha do Tenente Emiliano Ferreira Ferro);
4- Joaquim Solano Alves Feitosa c/c Maria da Glória Ferrér Feitosa, Dona (filha do Tenente Emiliano Ferreira Ferro);
5- Maria Madalena c/c Pedro Alves Feitosa Sousa (filho de Raimundo de Morais Rego);
6- Maria da Glória c/c Deocleciano Teles de Sousa Vale (filho do Dr. Manoel Marrocos Teles);
7- Ana c/c Franklin Alves Feitosa (filho de Manoel Alves Feitosa, Baléco);
8- Leonilia c/c Pedro Cadó (filho de José Alves Feitosa);
9- Rita c/c Vicente de Araújo Chaves (filho de Gonçalo do Isidoro e Maria, filha de João Mazio);
10- D. Mariana Alves Feitosa c/c, em 1as núpcias: José de Sousa Castro; em 2as núpcias: Capitão Osterne Ferreira Ferro (irmão do Tenente Emiliano Ferreira Ferro).             

2. O FAZENDEIRO 
           
      No decorrer dos anos, com o dealbar da vida adulta, esses irmãos separam-se, constituindo suas próprias famílias em outras paragens, cada qual com sua fazenda, contrariando a regra do tempo e do meio, pois se mantiveram em suas posses, alguns, inclusive, expandindo-as.
        
Lugar em que estava edificada a centenária Casa da Barra do Puiú.
          Dessa sorte gozara Joaquim, sendo agraciado com algumas propriedades. Dentre estas, a que lhe serviu de domicílio localizava-se a pouca distância do Cococá, no encontro de dois rios (Rio Puiú e Rio Juaguaribe), por isso chamado barra, mas Barra do Puiú, na língua indígena: “ruído de água nascente” (, ruído; e ybú, nascente).[9]
         Apesar de esta fazenda possuir tal nome desde a época da colonização, com a estada do Coronel Quim essa localidade ganhou uma denominação particular, sendo também conhecida por “Barra do Ouro”, em virtude do fausto alcançado por este seu proprietário. Enquanto isso, seu irmão, o Major Chiquim, também adquiria várias posses de terras, dentre elas, a antiga Fazenda Cococi.[10]

3. O MILITAR
         
     Além de fazendeiro, em conformidade com os ditames da época, Joaquim ingressou na carreira militar, na Guarda Nacional, criada desde 1831. Exerceu o posto de Tenente, Major e posteriormente alcançou a patente de Coronel. Mas, nesse entremeio, Joaquim obrou fatos merecedores de nota.

3.1. A GUERRA DO PARAGUAI     
            
          O Paraguai havia conquistado a independência, em 1811, antecipando o Brasil em mais de uma década, e gozava de grande progresso, principalmente econômico. Possuía indústrias em vários setores, siderúrgico, bélico, etc. O analfabetismo e a fome eram problemas já erradicados.[11]
         No vigor desse avanço, Solano López, iniciando seu governo no ano de 1862, direcionou a política para um expansionismo militar, desejando ampliar geograficamente o Paraguai, no anseio de escoar seus produtos manufaturados através da bacia do Prata e do Oceano Atlântico, criando o “Paraguai Maior”.[12] Para isso, intentava anexar territórios dos países vizinhos, incluindo terras brasileiras.
         Esse expansionismo ditado por Solano López incomodava não só aos países vicinais, como igualmente à Inglaterra, que enxergava nessa política paraguaia uma concorrência ameaçadora ao seu mercado consumidor de manufaturados. Por isso os ingleses apoiaram a guerra, concedendo empréstimo ao Brasil, pois, ao mesmo tempo em que destruíam o inimigo, o Paraguai, adquiriam mais um devedor, o Brasil.
         Em novembro de 1864, o governo paraguaio apreende um navio brasileiro, que navegava nas águas do Rio Paraguai. Em resposta, o Brasil formaliza a declaração de guerra. Não bastasse, em 1865, o Paraguai invade o Mato Grosso e o Norte da Argentina. Deste modo, Brasil, Uruguai e Argentina montam a Tríplice Aliança para fazer frente à expansão do Presidente Solano López.
         Tal aliança era extremamente necessária, pois o exército paraguaio estava bem organizado, possuindo aproximadamente 64 mil homens, afora os 28 mil reservistas. Enquanto que o exército imperial brasileiro não chegava a 18 mil homens em armas; a Argentina perto de oito mil e o Uruguai com apenas mil.[13]
         O Paraguai mostrava-se quase que imbatível, porém não dispunha de uma Marinha de Guerra, e a sua população era reduzida, 900 mil habitantes, quando comparada aos mais de 14 milhões da Tríplice Aliança.[14] Portanto, com o prolongamento da guerra, o contingente humano, passível de recrutamento, determinaria a vitória.
         Há esse tempo, o Exército brasileiro praticamente inexistia, e a Guarda Nacional era incumbida de exercer tais funções, o que era feito com certa deficiência. Então, para tentar sanar a carência de soldados, o Governo Imperial decretou, em 1866, a liberdade para os escravos que se alistassem voluntariamente. Entretanto, muitos escravos foram obrigados a ingressar nas tropas, a fim de substituir os filhos de seus senhores que haviam sido recrutados.[15] 
         Durante o conflito, Joaquim e seu irmão, Francisco (Major Chiquim) foram incumbidos de arregimentar homens para compor o “exército”. Porém, esse alistamento não se dava de forma pacífica, porque, se o fato de tomar parte numa guerra, sendo mal remunerado, não aprazia aos oficiais, muito menos agradaria aos “soldados”, que tentavam evitar a todo custo o alistamento compulsório.
         Em regra, eram escolhidos para marchar contra o ditador Solano López gente menos favorecida, os negros e caboclos do sertão, que constituiriam a linha de frente nos embates mais encarniçados, desobrigando os filhos-família.
         Por outro lado, o recrutamento foi amplamente utilizado como instrumento de vingança, servindo-se desse meio alguns oficiais para levar seus inimigos à boca do leão. E não era sem razão, pois na queda de braço entre liberais e conservadores valia tudo. Bastava um dos ministérios subir ao poder para que as vinganças volvessem para o lado oposto.
         Naquela época, a política no interior era controlada pelos militares do alto escalão, permitindo-lhes usar da força no exercício da administração pública. Disto não estava isento o Coronel Joaquim, que, em sendo chefe do partido liberal, não poupou esforços para promover o alistamento coercitivo entre os seus inimigos.  
         Joaquim e seus parentes, do partido Liberal, encontravam-se envolvidos nessas disputas partidárias, algumas vezes como algozes, outras sendo vítimas, o que ensejava um punhado de revides cíclicos, desforras quase que inacabáveis. Sobre isto disse Leonardo Feitosa:[16]

O major Francisco Alves Feitosa, como meu bisavô Pedro de Sousa Rego, também foi vítima das perseguições injustas, porque não tinha ele nenhum crime, mas era obrigado a procurar refugio oculto, afim de não sofrer a humilhação de prisão afrontosa. Tais eram as perseguições políticas de então.
Ele esteve oculto nas proximidades da fazenda Barra, arranchado em uns pés de umbuzeiros, que ficavam atraz dos currais velhos e só o coronel Leandro Custódio de Oliveira Castro, sabia onde ficava aquele pouso, porque era quem ia pessoalmente levar a refeição aos refugiados, e entender-se com os mesmos, nos casos de necessidade. Em certo dia, surgiu na fazenda Barra um grupo de soldados em diligência, e, como nada encontraram ali, marcharam até a fazenda Olho d’Agua do Urucú. O coronel Leandro Custódio de Oliveira Castro aproveitou essa ausência para ir inteirar o major Francisco Alves Feitosa, do ocorrido, e quando foi assistir à saída deste que mudava o seu rancho para as proximidades da fazenda Poço Comprido e voltava, ao chegar à sua casa, já apareciam os soldados de volta do Olho d’Agua do Urucú, onde nada haviam encontrado.    
         
      Nesse contexto, Francisco e Joaquim Alves Feitosa encarregaram um primo, Manoel Leonardo de Araújo Feitosa, de executar o recrutamento forçado entre os membros da família residente na Fazenda Campo-Preto (Teixeira, Cavalcante, Oliveira, Mota), e assim o fez, caindo no ódio desta.[17]
         Alguns parentes de Joaquim tiveram importante participação na guerra, havendo destaque para a heroína Jovita Feitosa; o General Sampaio (patrono da Infantaria do Exército Brasileiro) e o Coronel Lourenço Alves Feitosa e Castro.
         Frise-se que Joaquim e seu irmão, Francisco, não participaram diretamente dos confrontos, mas foram indispensáveis nos bastidores, pois, sem a assistência dispensada por eles e tantos outros na mesma condição, a guerra certamente teria sido muito mais penosa e inviável.
         Depois de cinco anos de cruento embate, o Paraguai foi dominado, sua população masculina quase dizimada, e o “ditador” Solano López morto. Todavia, este, antes de ser assassinado, não se entregou facilmente, tendo fugido por algumas vezes, até que foi cercado em Cerro Corá, no ano de 1870, e intimado e se render, ao que fez recusa. Nesse instante, reagiu bravamente, sendo ferido pelo Cabo Chico Diabo.
         Caído nas águas do Riacho Aquidaban-nigui, López foi mais uma vez intimado a se render, mas se manteve irredutível. Daí foi desarmado e pela derradeira vez foi intimado, mas deu como resposta a resistência. No fim, recebeu um tiro do gaúcho João Soares, vindo a falecer em consequência dos ferimentos.
         A bravura de López e o seu empreendedorismo eram merecedores de admiração, inclusive por parte dos inimigos, dentre estes o Coronel Joaquim, que expressou sua estima por López batizando um de seus filhos com o nome Joaquim Solano Alves Feitosa, e ainda hoje existindo um grupo numeroso de descendentes com este sobrenome (Solano) em todo o Ceará.    

4. PARTICIPAÇÃO POLÍTICA
            
           A política no Ceará do século XIX não era pacífica, havendo renhidas disputas entre os partidos, que eram formados pelas principais famílias e seus apaniguados. Assim, as questões estatais guiavam-se mais pelos interesses pessoais do que pelo bem comum, fazendo-se do poder um instrumento para vinganças.
         Durante o segundo Império, os partidos políticos que dominavam a cena resumiam-se às duas facções, de um lado o partido Liberal, de outro, o partido Conservador. Ambos em nada se diferençavam nos seus planos ideários, pois possuíam um único objetivo, estar na crista do poder (daí a frase: “Nada mais conservador que um liberal no poder. Nada mais liberal do que um conservador na oposição”).  Nesses termos, engalfinhavam-se, do plano jurídico às vias de fato, ensejando assassinatos e violências das mais diferentes espécies.
         Esses partidos, em regra, se alternavam no poder, a depender dos Mistérios a serem escolhidos pelo Imperador (D. Pedro II). Ora um, ora outro dominava a política nacional, oportunizando arbitrariedades que eram praticadas contra aqueles que compunham a “oposição”.
         Nesse bipartidarismo estavam entrincheiradas famílias inteiras, as elites locais, que canalizavam suas desavenças para o seio dos assuntos públicos. Isto era observado em todo o Ceará, e no sertão dos Inhamuns seguia-se o mesmo modelo, onde os Fernandes Vieira e os Feitosa rivalizavam-se.
         Os Feitosa dominavam a política naquela região desde os tempos coloniais, mas essa hegemonia veio sofrer abalos, quando outras famílias se apearam na máquina estatal. Destas, sobressaíram-se os Fernandes Vieira, que paulatinamente ganharam relevância, a começar com o Visconde do Icó (Francisco Fernandes Vieira). Sobre este assunto colhera informações o médico-botânico Francisco Freire Alemão, em visita ao Ceará, no dia 23 de maio de 1860:[18]

Sobre o visconde, diz o Bezerra que era filho de um sujeito que não tinha (no lugar?) nem importância, nem riqueza, mas sendo homem inteligente e de grande atividade (fez num ano três viagens a Pernambuco por terra, com negócio de gados) soube acumular uma grande fortuna, sendo hoje o fazendeiro mais opulento do Ceará. É isto que tem irritado os Feitosas e os feito seus inimigos, porque, sendo a família mais antiga dos sertões e a de mais riqueza, não suportavam nem querem suportar superioridade alguma e daí a guerra viva em que estão com o visconde (a qual o Dr. Pompeu, diz Bezerra, tem alentado e entretido com o seu jornal).
Os Feitosas dominam e têm grande influência nos Inhamuns, no Crateús e no Ipu, mas principalmente na primeira, que é como seu feudo. Estes Feitosas, com os quais se têm afamiliado os Mourões e os Vales foram sempre potentados e quase donos exclusivos dessas comarcas; eram manhosos e não tinham partido certo, seguiam sempre a política dominante, à qual davam sempre o seu apoio em toda a votação de seus domínios. Assim se conservavam sempre nas posições e tinham em suas mãos toda a administração, principalmente policial. Aquilo era uma república (diz o Bezerra) [F. 344] misteriosa, o que ali se fazia não transpirava fora nem chegava ao conhecimento do governo provincial. Eles matavam, surravam a seu bel-prazer. Estes homens dominavam pelo prestígio do seu nome, pela sua riqueza e pelo terror: é gente bruta e nunca manda educar seus filhos; assim não [há] homem algum distinto entre eles. Ao contrário, o visconde do Icó tem cinco filhos formados, é homem tranquilo e respeitável, nunca foi assassino, acumulou fortuna granjeando-a, enquanto os Feitosas se ocupavam de matar e de surrar.
Diz o Bezerra que eles viviam antes bem e sem se ofenderem; mas que, Sendo Manoel Felizardo presidente e tendo de nomear um comandante da Guarda Nacional, havendo dois Feitosas e o visconde com patentes iguais, ele escolheu o visconde, daí as iras. E como o visconde (então Francisco Fernandes Vieira) sempre apoiou o Partido Conservador, os Feitosas se tornaram adversários, fazendo-se chimangos ou liberais.          
         
         Em verdade, os Feitosa haviam exercido total controle sobre toda a vasta região dos Inhamuns, contudo, em 1823, com a morte do Capitão-mor José Alves Feitosa, esse domínio fora diminuído, passando a localidade do Saboeiro/CE (antiga sesmaria dos Feitosa) às mãos dos Carcarás (os Fernandes Vieira).[19]
         Os Fernandes Vieira também habitavam os Inhamuns desde os tempos coloniais, mas só ascenderam ao poder no início do século XIX, tendo como líder Francisco Fernandes Vieira, posteriormente, o Visconde do Icó. Este, em 1810, aos 27 anos de idade, além de ocupar o cargo de juiz ordinário de São João do Príncipe (atual cidade de Tauá/CE), cumulava-o com o posto de tenente de milícia. Em 1812, por recomendação do Capitão-mor José Alves Feitosa (tio-avô do Cel. Quim), Francisco Fernandes Vieira foi nomeado pelo governador da província do Ceará Comandante de uma das Companhias da milícia.[20]
         Inicialmente, os Feitosa e os Fernandes Vieira mantiveram relações estreitas e diplomáticas, no entanto, com as inovações políticas da época, essas famílias se dividiram, sendo crível que os Feitosa tenham assumido a dianteira das “hostilidades” na tentativa de conservarem-se no poder.  
         Joaquim Alves Feitosa esteve envolvido na política, filiado ao partido Liberal, enfrentando os Carcarás, os quais, por ironia do destino, haviam obtido êxito com o apoio do Capitão-mor José Alves Feitosa, irmão de Eufrásia (avó materna de Joaquim).
         A disputa entre essas duas famílias desenrolou-se durante os derradeiros quarenta anos da monarquia; e na eleição de sete de agosto de 1852, durante a ascensão do Ministério Conservador, ocorreu “a mais acirrada campanha contra o poder e o prestígio dos Feitosas desde os tempos da colônia”.[21]
         No decênio de 1850 os Carcarás predominaram tanto no Saboeiro quanto em São João do Príncipe, apesar da contumaz resistência dos Feitosas.[22] Entretanto, nesta última localidade, nas eleições para vereador e juiz de paz de 1860 o partido Liberal retoma a dianteira, sendo escudados pelos Ministérios Liberais de 1862 a 1868,[23] e mesmo depois desta data, sob o controle de um Ministério Conservador, os Liberais venceram as eleições locais.[24]
         Nesse período Joaquim Alves Feitosa (na época Major) toma assento como deputado provincial, exercendo seu mandato de 1868 a 1869. Ele, um ano depois, em São João do Príncipe, nas eleições de 1870, na companhia de seu primo, o Coronel Joaquim Leopoldino, esbarra com o Major Francisco Alves Cavalcante, partidário dos Conservadores, que chefiava 150 eleitores armados. Nesse encontro, Joaquim Alves Feitosa comandava uma tropa com 200 homens, conseguindo dominar e desarmar seus adversários, não havendo derramamento de sangue pela prudência do chefe Conservador.[25]  
         Há essa época, o poderio dos Carcarás já havia reduzido, e os Feitosas, com os Ministérios Liberais de 1878 e 1885, retomaram o pleno controle em São João do Príncipe. Contudo, ante o fato da inexistência de uma oposição suficientemente forte, iniciou-se na família Feitosa um conflito interno, culminado em acirradas dissensões.[26]
         Esse desentendimento familiar era simétrico ao que ocorria no partido Liberal em toda a província do Ceará, pois com a morte do Senador Pompeu (1877), a liderança do partido restou publicamente cindida no ano de 1880. De um lado Antônio Nogueira Acioli (genro do Senador Pompeu), do outro a família Paula Pessoa.
         Nos Inhamuns, o Cel. Joaquim Alves Feitosa, Francisco Alves Feitosa e Sousa e Pedro Alves Feitosa Timbaúba ficaram ao lado dos Paula Pessoa; enquanto que o Coronel Lourenço Alves Feitosa e Castro e Francisco Primeiro de Araújo Citó alinharam-se com Antonio Nogueira Acioli.[27] Frise-se que o Cel Joaquim e o Cel. Lourenço eram primos em “primeiro grau”[28], porém inimigos na política.

Embora em 1882 Lourenço alardeasse que a disputa liberal nos Inhamuns havia terminado, recomeçou apesar disso em 1884. Lourenço informava ao jornal dos Pompeus naquele ano que muitos liberais da área tinham votado contra seus candidatos. Em fevereiro do ano seguinte, Lourenço atacava Joaquim Alves Feitosa, referindo-se a ele como um chefe local do grupo dos Paula Pessoa e acusava-o como um “instrumento cego contra os interesses do verdadeiro partido liberal”.[29]     
         
       No fim, o Cel. Joaquim perdeu espaço para os seus parentes, ficando o Cel. Lourenço nas rédeas da política em São João do Príncipe até o ano de sua morte, em 1915, quando outra família (os Gomes de Freitas) passou à situação.[30]

5. A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA
            
       A escravidão no Ceará sempre esteve presente, desde o início de seu povoamento, e nos Inhamuns esse processo não foi diferente, havendo cativos a partir dos primeiros momentos da sua ocupação.
         O grupo formado pelos escravos compunha-se não apenas de negros africanos, ou descendentes destes, como também de índios. No Ceará, primeiramente, o maior número de cativos era formado por ameríndios aprisionados em grande parte nas “guerras justas”, também chamados de “negros da terra”.
         O contingente africano vinha ao Ceará por terra, da Bahia, Maranhão e Pernambuco. Posteriormente, no início do século XIX, passou-se a importá-los diretamente da Costa da África.[31]
         A primeira leva significativa de escravos negros vindos à Capitania foi trazida na data de 1756, para trabalhar nas Minas dos Cariris Novos, na exploração dos veios de ouro recentemente descobertos.[32]
         Sem dúvida o negro não foi tão necessário para a pecuária quanto o foi para a economia do açúcar, mas, mesmo assim, deu importante contribuição no desenvolvimento daquela, servindo de mão de obra em diversos ofícios além do pastoreio.
         No decorrer do século XIX, os interesses da Inglaterra passaram a se chocar com a escravidão. Isto pelo fato de os ingleses desejarem mercado consumidor para suas manufaturas, e por enxergarem nos negros (desde que libertos) clientes em potencial para suas mercadorias. Desta maneira, pressionar o Brasil para aderir à causa abolicionista era muito conveniente.
         Algumas leis foram criadas em atenção às exigências inglesas, porém, somente algumas medidas se mostraram eficazes. Em conformidade a isso, três fatores possibilitaram a redução da escravatura nos Inhamuns.
         O primeiro fator consistiu nas concessões de carta de alforria, dadas pelos mais diversos motivos: consanguinidade (filhos de relações entre os senhores e suas escravas); a afetividade; por doenças adquiridas pelos cativos; pela idade avançada; por pagamento da carta pelos próprios cativos, principalmente por mulheres de boa constituição física etc.[33]
         O segundo fator deu-se através da venda de escravos para outras províncias, em função das secas (de 1877 a 1879) e do aumento dos preços destes “artigos” na zona cafeeira (1850), no Sul do país.[34]
         O terceiro e mais eficaz foi o movimento abolicionista, no âmbito provincial e nacional. Neste aspecto, primeiramente, cabe salientar o aumento da carga tributária para a posse e alienação de escravos, o que desestimulou o sistema escravagista. Depois, ressalte-se que foram criados os fundos de emancipação (das províncias e do Império), que consistiam em arrecadação de somas em dinheiro a ser aplicado na libertação dos escravos, mediante o pagamento do valor do cativo ao seu respectivo dono.[35]
         A família do Coronel Joaquim Alves Feitosa possuía a maior escravaria dos Inhamuns, conforme o inventário de um de seus primos, o Major José do Vale Pedrosa, constando na data da feitura deste documento, em 1843, ter ele 263 escravos.[36]
         Nos mesmos moldes, o Cel. Joaquim também foi proprietário de vários escravos, no entanto, partilhava do sentimento abolicionista que dominava o Ceará. Esta província adiantou-se em quatro anos no processo da libertação negra, abolindo em seu território a escravidão no ano de 1884, pelo que lhe foi conferida a alcunha de “Terra da Luz”, dado por José do Patrocínio.
         Nessa marcha de libertação cooperou o Cel. Joaquim ficando à frente da Comissão de Emancipação por ser, há época, presidente da Câmara de São João do Príncipe, no ano 1883. Nessa condição, comemorou o fim da escravidão em São João do Príncipe no dia 25 de abril de 1883, e no dia 26 de dezembro, libertou dezesseis escravos que pertenciam a ele e a sua esposa.[37]
         Entretanto, o Cel. Quim não alforriou todos os seus escravos, esperando que se lhe pagasse o valor da emancipação.[38] Afinal, um escravo era um bem de alto valor, havendo inevitavelmente algum prejuízo para os donos que os libertassem gratuitamente.
         A relação entre o senhor e escravo, nesse momento, se desfazia juridicamente, mas inúmeras vezes algum vínculo perdurava entre o antigo dono e o ex-escravo, pois este último não dispunha de terra onde pudesse viver, restando-lhe a opção de migrar, para servir a outro fazendeiro, ou permanecer ligado ao senhor (que passou a ser chamado de patrão). Sobre isto, escreveu Joaquim Pimenta ásperas letras:

Marrecas vivia em tal penúria, que a igreja estava em ruínas, enquanto Cococi, em uma planura de onde se avistava ao longe, como uma cinta azul, a serra de Ibiapaba, era uma próspera fazenda de gado onde se poderia escrever uma interessante página de sociologia sertaneja. Ali dominava um núcleo da família Feitosa, de costumes patriarcais. Os antigos escravos, depois de alforriados, continuaram, com os filhos, a servir aos mesmos senhores, sob o mesmo regime do tronco. Nada de código penal ou de autoridade policial. A justiça e a polícia eram privativas do chefe daquêle feudo minúsculo, um velhote falando mansinho, porém, duro, despótico e analfabeto.[39]
         
      Assim, não era incomum formarem-se os laços de clientelismo entre tais indivíduos, havendo uma família (Valadão) descendente de escravos, negros e índios, permanecido na Fazenda Barra do Puiú, e que ainda hoje se encontram entrelaçados com os descendentes do Cel. Joaquim.                

6. A PASTORÍCIA
            
        A vida econômica nos Inhamuns girava em torno da pecuária, sendo o boi a principal moeda de troca. Desta maneira, a vida no campo exigia homens habilidosos no traquejo do gado, que ficava espalhado por centenas de léguas de sertão adentro.
         Na ausência de cercas divisando as fazendas, os rebanhos migravam livremente, cruzando léguas de caatinga, subiam serras, transpunham serrotes, ganhavam o horizonte. Nisto, passavam anos fora das vistas de seus pastores, mas só até o dia em que o vaqueiro recebia a ordem de trazer o barbatão ao curral. O encontro era quase uma certeza.
         Depois do fazendeiro, o vaqueiro ocupava a posição de maior destaque, ostentando o rude título como se fosse uma patente. Ele era a mola mestra de todo o funcionamento da fazenda, pois sem a sua mão de obra o produto dela evaporava pelos tórridos campos. Por isso ser bem recompensado, recebendo anualmente, no tempo da ferra, um bezerro a cada quatro nascidos na fazenda.
         Os candidatos a este ofício poderiam facilmente lograr relativa fortuna, o que convidava não só aquela gente racialmente marginalizada, como também os filhos de importantes famílias que, já possuindo a terra, necessitavam apenas dos bois em seus pastos.
         Naquela época o transporte fazia-se em lombo de alimárias, logo, saber montar constituía uma necessidade para o deslocamento, fato que tornava quase todos aqueles homens verdadeiros cavaleiros, que, escanchados em seus rocins, venciam as léguas que separavam as fazendas e outros núcleos de povoamento.         
         Consequentemente, na região dos Inhamuns, muitos vaqueiros percorreram seus campos, derramando seus aboios nos topes dos serrotes pedregosos, rasgando as caatingas vestidos em resistentes couros.  Neste sertão, geralmente, confere-se grande fama aos caboclos. Porém, vez ou outra, um dos “brancos” também se destacava, havendo registro de certos membros da família Feitosa.
         Assim, Joaquim e seu irmão, Francisco, ficaram celebrizados como “vaqueiros duros”. Segundo os contemporâneos destes, o primeiro galgou fama por ser “duro para correr”, e o segundo, “duro para montar”,[40] isto é, Joaquim era destro nas pegas de gado dentro do mato, enquanto que Francisco possuía grande habilidade para domar montarias selvagens.

7. A CARTA PATENTE
            
        Há registros que Joaquim Alves Feitosa tenha sido Tenente, depois Major, e finalmente Coronel da Guarda Nacional. Além disso, foi Comandante Superior da Legião dos Inhamuns, subdividida em dois batalhões, um em São Mateus e outro em São João do Príncipe.[41]
         Joaquim chegou ao coronelato no dia oito de março de 1884, aos 52 anos de idade, já maduro, tendo obrado relevantes feitos para sua localidade e para o seu país. Isto quando as cãs já tomavam a sua cabeleira, época em que possuía, além da riqueza, prestígio, poder e uma imensa contribuição para história, principalmente dos Inhamuns, tanto na condição de protagonista quanto de narrador, por isto considerado um “bom tradicionalista”.[42]
         Finalmente, de Joaquim (militar, vaqueiro e político) restaram alguns vestígios de sua passagem, e, no presente momento, faz-se oportuno apresentar a carta patente que ele recebera para ocupar o posto de Coronel da Guarda Nacional, concedida pelo Imperador D. Pedro II:[43]        

Carta-patente (Museu de Tauá).
Dom Pedro, por Graça de Deus e Unanime Acclamação dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brazil, Faço saber aos que esta minha Carta Patente virem, Que Hei por bem Nomear o Major Joaquim Alves Feitosa para o posto de Coronel Comandante Superior da Guarda Nacional da Comarca de São João do Príncipe, da Província do Ceará, e como tal gozará de todas as honras, privilégios, liberdades, isenções e franquezas que diretamente lhe pertencerem: Pelo que Mando á Autoridade competente que lhe dê posse depois de prestar o devido juramento, e o deixe servir e exercer o dito Posto; aos Officiaes superiores que o tenhão e reconheção  por tal, honrem e estimem, e a todos os seus subalternos que lhe obedeção e guardem suas ordens, no que tocar ao serviço Nacional e Imperial, tão fielmente como devem e são obrigados. Em firmeza do que, lhe Mandei passar a presente Carta por Mim assignada, que esse cumprirá como n’ella se contem, depois de sellada com o sello grande das Armas do Império.
Dada no Palacio do Rio de Janeiro, em oito de Março de mil oitocentos e oitenta e quatro, sexagésimo terceiro da Independência e do Imperio.
Imperador P. II.
Fran.co Prisco de Sz.a Paraíso.

Cumpra-se e registre-se no Governo do Ceará.

Carta pela qual Vossa Magestade Imperial Ha por bem Nomear o Major Joaquim Alves Feitosa para o posto de Coronel Comandante Superior da Guarda Nacional da Comarca de São João do Príncipe, da Província do Ceará, como assim se declara.
Para Vossa Magestade Imperial Vêr.  






Bibliografia:

Alemão, Francisco Freire, Diário de Viagem (1859 – 1861), Fortaleza, Fundação Waldemar Alcântara, 2011.

Braga, Eneas, Histórias Folclóricas dos Inhamuns, Gráfica Universitária, Fortaleza/CE, 1995.

Chandler, Billy Jaynes, Os Feitosas e o Sertão dos Inhamuns: A História de uma Família e uma Comunidade no Nordeste do Brasil – 1700 – 1930, Fortaleza – CE, Imprensa Universitária – UFC, 1981.

Feitosa, Aécio, História da Família Feitosa: Arquivo da Família Feitosa, Vol. 2, Canindé/CE, Gráfica e Editora Canindé, 2003.

Feitosa, Leonardo, Tratado Genealógico da Família Feitosa, 2ª Ed., Fortaleza – CE, Imprensa Oficial, 1985.

Freitas, Antonio Gomes de, Inhamuns (Terra e Homens), Fortaleza – Ceará, Editora Henriqueta Galeno, 1972.

Girão, Raimundo, A Abolição no Ceará, 3ª Ed., Fortaleza, Secretaria de Cultura e Desporto, 1984.

Macêdo, Nertan, O Clã dos Inhamuns, 2ª Ed., Edições A FORTALEZA, Fortaleza – CE, 1967.

Pimenta, Joaquim, Retalhos do Passado: episódios que vivi e fatos que testemunhei, Rio de Janeiro, Departamento de Imprensa Oficial, 1949.

Sobrinho, Thomaz Pompeu, A Grandeza Índia do Ceará, Fortaleza - CE, Edições UFC, 2010.


Vicentino, Claudio, História do Brasil, São Paulo, Editora Scipione, 1997.




[1] Essa data é apontada por Leonardo Feitosa (in Feitosa, Leonardo, Tratado Genealógico da Família Feitosa, 2ª Ed., Fortaleza – CE, Imprensa Oficial, 1985, p. 316) e, certamente, é a mais precisa, pois o mesmo autor aponta equivocadamente outra data como sendo a do natalício do Coronel Joaquim (op. cit., p. 101). Talvez tenha confundido este com o filho Joaquim Solano Alves Feitosa (nascido em 1859, e falecido em dois de agosto de 1938).
[2] Aqui paira um equívoco merecedor de atenção, isto para não se confundir o pai com o filho, no caso, homônimos. Leonardo Feitosa, pioneiro nos estudos sobre a genealogia da família Feitosa, aponta que o Coronel Eufrásio Alves Feitosa, casado com Antonia Ferreira de Barros, é o pai do Tenente-coronel Eufrásio Alves Feitosa, casado com Mariana Alves Feitosa. Contudo, os documentos paroquiais indicam que o primeiro era, em vez de Coronel, Tenente-coronel; enquanto que o segundo possuía a patente de Capitão, e não de Tenente-coronel. Mas é possível que Eufrásio, o filho, depois de Capitão tenha sido elevado à mesma patente de seu pai, ou seja, de Tenente-coronel.
[3] Feitosa, Leonardo, op. cit., p. 58.                    
[4] Ibidem, op. cit., p. 107.
[5] Freitas, Antonio Gomes de, Inhamuns (Terra e Homens), Fortaleza – Ceará, Editora Henriqueta Galeno, 1972, p. 81.
[6] Feitosa, Aécio, História da Família Feitosa: Arquivo da Família Feitosa, Vol. 2, Canindé/CE, Gráfica e Editora Canindé, 2003, p. 30.
[7] Essa pronúncia é indicada pelo Dr. Carlos Feitosa no prefácio do livro “Histórias Folclóricas dos Inhamuns” de Eneas Braga Fernandes Vieira, p. 19. A respeito de uma palavra semelhante, “Cococi”, fazenda vicinal à Fazenda Cococá, disse Nertan Macêdo que o caboclo, por herança indígena, pronuncia-a “Cócuci” (in O Clã dos Inhamuns, 2ª Ed., Fortaleza – Ceará, 1967, p. 157).
[8] Feitosa, Leonardo, op. cit., p. 47, 58 e 101.
[9] Sobrinho, Thomaz Pompeu, A Grandeza Índia do Ceará, Fortaleza - CE, Edições UFC, 2010, p. 73.
[10] Feitosa, Aécio, op. cit., p. 65.
[11] Vicentino, Claudio, História do Brasil, São Paulo, Editora Scipione, 1997, p. 247.
[12] Ibidem, op. cit., 248.
[13] Idem.
[14] Ibidem, op. cit., p. 248.
[15] Ibidem, op. cit., p. 251.
[16] Leonardo Feitosa, op. cit. p. 101.
[17] Ibidem, op. cit., p. 107.
[18] Alemão, Francisco Freire, Diário de Viagem (1859 – 1861), Fortaleza, Fundação Waldemar Alcântara, 2011, p. 277 e 278.
[19] Chandler, Billy Jaynes, Os Feitosas e o Sertão dos Inhamuns: A História de uma Família e uma Comunidade no Nordeste do Brasil – 1700 – 1930, Fortaleza – CE, Imprensa Universitária – UFC, 1981, p. 60.
[20] Ibidem, op. cit., p. 75.
[21] Chandler, op. cit., p. 83.
[22] Ibidem, op. cit., p. 85.
[23] Ibidem, op. cit., p. 89.
[24] Ibidem, op. cit., p. 90.
[25] Ibidem, op. cit., p. 93.
[26] Ibidem, op. cit., p. 94.
[27] Ibidem, op. cit. p. 97.
[28] O pai do Cel. Lourenço Alves Feitosa e Castro era Cel. Lourenço Alves Feitosa de Castro, irmão da genitora do Cel. Joaquim Alves Feitosa, Maria Madalena de Castro (in Feitosa, Leonardo, op. cit., p. 86).
[29] Chandler, op. cit., p. 98.
[30] Ibidem, op. cit., p. 154.
[31] Girão, Raimundo, A Abolição no Ceará, 3ª Ed., Fortaleza, Secretaria de Cultura e Desporto, 1984, p. 53 e 56.
[32] Ibidem, op. cit., p. 52 e 55.
[33] Chandler, op. cit., p. 183.
[34] Ibidem, op. cit., p. 184 e 185.
[35] Ibidem, op. cit., p. 185.
[36] Ibidem, op. cit., p. 181. Antônio Gomes de Freitas aponta um número superior, mais de 300 escravos, o de 400 (p. 77 e 167), no que é seguido por  Nertan Macedo. Não é improvável, já que na contagem desses bens era subtraída a metade que ficava na posse da esposa viúva, até o falecimento desta, quando esta parte seria partilhada entre os herdeiros. O morto tinha a faculdade de transmitir através de testamento até um terço de todos os seus bens. Assim, nem sempre o inventário descrevia com exatidão todo o conjunto de bens, e frequentemente estes eram avaliados por preços abaixo do mercado, no intuito de amortecer o imposto ad valorem cobrado sobre eles.       
[37] Ibidem, op. cit., p. 187 e 188.
[38] Ibidem, op. cit. p. 189.
[39] Pimenta, Joaquim, Retalhos do Passado: episódios que vivi e fatos que testemunhei, Rio de Janeiro, Departamento de Imprensa Oficial, 1949, p. 30.
[40] Freitas, op. cit., p. 81.
[41] Ibidem, op. cit., p. 108.
[42] Feitosa, Leonardo, op. cit., p. 49.
[43] Esta carta patente encontra-se no Museu de Tauá/CE.

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