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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Assalto à Casa do Alto Alegre

            ASSALTO À CASA DO ALTO ALEGRE
                                                                               
                                                          Heitor Feitosa Macêdo
           

O Alto Alegre era uma das fazendas pertencentes a Joaquim Solano Alves Feitosa, descendente da mais ilustre cepa do sertão dos Inhamuns, sendo o seu pai, o Coronel Joaquim Alves Feitosa (Coronel Quim),  Comandante Superior do Batalhão da Guarda Nacional, chefe político do partido liberal, e Deputado Provincial no biênio 1868/1869.[1] A fazenda localiza-se entre os municípios de Aiuaba e Campos Sales, na divisa com o Piauí. Um lugar ermo, como quase todos naquela hinterlândia.
Ruínas da Casa do Alto Alegre.
         O titular da casa era um homem abastado, pois descendia da fina flor de sua estirpe. Pela linha paterna era neto do capitão Pedro Alves Feitosa, senhor da fazenda Cococá (Cocá) e de sua esposa Maria Madalena de Castro.[2] Já pela linha materna o garbo era maior, pois sua mãe, Maria Madalena, era neta do Major José do Vale Pedrosa[3], senhor de 64 fazendas[4], e possuidor da maior escravaria[5] de todo o Inhamuns, quiçá também do Ceará.
         Joaquim Solano era fruto da endogamia praticada em sua família a mais de século, onde primo casava com primo, às vezes tio com sobrinha, e assim por diante, geração após geração. Dificilmente rompia-se esse hermetismo matrimonial, pois as poucas famílias que se agregaram foram praticamente dissolvidas ao longo das gerações.
Solano não era um patronímico, mas apenas uma homenagem que o pai de Joaquim fizera ao intimorato general Francisco Solano López, presidente vitalício do Paraguai. E, apesar de o Coronel Joaquim Alves Feitosa ser responsável pela arregimentação dos soldados para a Guerra do Paraguai[6], resolveu pôr a alcunha do inimigo de seu país em um de seus filhos[7], mostrando-se ser admirador do general paraguaio.   
         A principal riqueza naqueles tempos era terra, gado e ouro, e nenhum destes faltava àquela gente que pouca importância dava a agricultura.
Quando da morte da esposa do Coronel Joaquim, fora dividido por ele todo o ouro que pertencia à finada. Diz-se que se puseram várias quartas do precioso metal, até cobrir a enorme superfície de uma mesa. Então, ele ordenou que as filhas fossem as primeiras a retirar o que lhes aprouvesse, depois disso, os filhos rateariam o restante. Talvez por isso a fazenda Barra do Puiú, berço de Joaquim Solano, fosse também conhecida como a “Barra do Ouro”, fama que traria consequências nefandas aos descendentes desta casa.
         Por volta de 1925[8], Antônio do Jerimum (Antônio Soares), promoveu um assalto a Joaquim Solano Alves Feitosa, na Fazenda Alto Alegre. O autor do roubo era oriundo do Pernambuco, mas residia nos Inhamuns, na fazenda Jerimum, pertencente a Leandro da Barra (Leandro Custódio de Oliveira e Castro). Este costumava acoutar em suas propriedades gente que dele se valia, conforme o costume da época.[9]
Muitos dos indivíduos que se homiziavam nos Inhamuns, estigmatizados em suas vidas pregressas, buscavam a proteção dos chefes locais, pois o poder encerrado por estes amalgamava o público e o privado.
Naqueles tempos, nas primeiras décadas da República, a política sustentava-se em exércitos particulares, só ascendendo ao governo através da força, o qual, depois de conquistado, só poderia ser mantido a ferro e fogo. Assim, cada qual que se municiasse de homens suficientes ao seu prestígio político, fato que há pouco convulsionara o Sul do Cariri[10].
Tais práticas reverberaram em todo o Ceará, sobretudo após a sedição de Juazeiro, em 1914. Os irmãos do célebre cangaceiro Antônio Silvino[11] (Vicente, José e Miguel) haviam deixado Pernambuco fugindo das perseguições movidas contra eles, e foram recebidos também pelo coronel Leandro da Barra, que os acolheu sob a condição de abandonarem o cangaço.[12]
Paralelamente a isso, o Coronel Lourenço Alves Feitosa e Castro também dera proteção a um desses pernambucanos, especificamente a Vicente Silvino, do qual se tornou compadre. Contudo, Dr. Floro Bartolomeu terminou aliciando Vicente, e, por questões políticas, peita-o para dar cabo da vida do Coronel Lourenço, no que não obteve sucesso.[13] E essa era a forma pela qual se dava a dinâmica das relações no poder.
Da mesma forma que Vicente Silvino, os indivíduos que acorriam a esses rincões haviam sujado as mãos por questões de honra, ou simplesmente por conta da nômade vida do cangaço.[14] Sendo que Antônio do Jerimum mais se perfilava nesta segunda categoria, e, além disso, há tempo andava furtando animais desbragadamente nos sertões do Ceará.   
José Valadão, filho de Francisco Valadão e testemunha do assalto.
         O larápio já havia surripiado dois cavalos de Joaquim Solano. Animais, estes, “da sela” de Manel Cariri e Francisco Valadão, vaqueiros e moradores no Alto Alegre. Cabendo a este último desvendar a subtração, quando andava pelas veredas da Cachoeira do Cachorro, localidade lindeira ao Jerimum. Aí encontrando o rastro dos equinos subtraídos, Dourado e Calçadinho, além de pegadas humanas.
O feito criminoso fora atribuído a Antônio do Jerimum, que por tal imputação, iracundo, prometeu voltar para acertar contas com os seus delatores, talvez por julgar um opróbio, ou mesmo para fazer calar a acusação. Sendo que a ameaça foi escrita em uma carta, feita em Juazeiro do Norte, e remetida ao seu destinatário nos Inhamuns, a Joaquim Solano.[15]
         Um ou dois anos depois da promessa de vingança[16], Seu Chico da Fazenda Nova (Francisco de Sales Castro)[17] manda um portador avisar a Joaquim Solano sobre a presença dos abigeatários na região, e acrescentou que a súcia compunha-se de vários elementos, que se deslocavam em direção ao Alto Alegre.  
         De sobreaviso, Joaquim Solano reúne-se com seus moradores, amigos e parentes, dentre os quais estavam: Francisco Valadão, Antônio Valadão, Pedro Valadão, Quinco Pepê, Antônio Ruberto, Calixto (oriundo do Cariri); além de seus filhos, Zé Solano, Deolindo Solano e Senhorsino Solano. Na presença destes Joaquim comunica a ameaça do possível ataque, porém, incautamente não entrega as armas aos circunstantes, deixando todo o material bélico trancafiado no quarto dos arreios.
         De repente, no arrebol do entardecer, quando a penumbra esmaecia os últimos fulgores do ocaso, a malta sub-reptícia, composta em silhuetas indistintas, adentra o pátio da fazenda prolatando “boa noite”, sucedendo-se a seguinte perquirição: “quem é o dono da casa”. Quando prontamente o titular do velho solar, no frontispício deste, sentado lateralmente à soleira da porta, juntamente com a esposa e filhos, responde-os: “sou eu”. Dito isto, dispara-se um tiro contra Joaquim Solano, que rapidamente se agacha, evitando ser varado pela bala nivelada na altura de seu tronco.
Em seguida, deslocando-se para o interior da casa, evita que um novo disparo o atinja, sendo que o projétil desta vez esbarrou em uma meia parede, no âmago da residência. Os tiros rebentavam com tal intensidade que as lamparinas, já acesas na boca da noite, ameaçavam apagar, diminuindo suas labaredas ante o vento soprado pelo deslocamento das balas.[18]
         Os filhos e a esposa da vítima, nesse ínterim, também se recolhem à guarida do lar, prestes a ser devassado. Os moradores da fazenda vão buscar refúgio na vegetação ao derredor. Mas, antes disso, Antônio Valadão “dá de mão” a um rifle, enquanto Quinco Pepê muniu-se de um fuzil que não soube “manobrar”. Este se posicionou no oitão da casa, adjunto das laranjeiras que flanqueavam a velha construção, e debalde disparou os três tiros que a arma dispunha. Os celerados perceberam o esgotamento precoce da munição pilheriando: “manobrou o rifle seco, cabra do diabo”.[19] Nada mais obstava que a corja violasse o interior daquele solar.
         Francisco Valadão, em uma atitude fiel e corajosa, escondeu-se em um dos quartos a fim de socorrer o velho patriarca, pulando uma meia parede para alcançar o corredor, que ia dar no quarto em que se fizera o calabouço do chefe daquela família. Enristando uma faca, o fiel Francisco não obteve êxito, pois fora capturado pelos facínoras, melhormente armados, e ao ser indagado ironicamente sobre a desproporção bélica: “o que está fazendo com esta faca, negro”, logo respondeu: “vim morrer com meu padim”.[20]
Dona, esposa de Joaquim Solano.
 Enquanto isso, Dona (Maria da Glória Ferrer Feitosa), a esposa de Joaquim Solano, segurando uma imagem do Senhor Jesus Cristo, apelou para que os malfeitores não fizessem nenhum mal ao seu marido. Mas os invasores escarcavelavam todos os cômodos em busca de algum valor, a ponto de tentarem arrancar à força os brincos das orelhas de Candóia (Cândida Solano Feitosa, “Dodóia”), filha primogênita do casal refém, a qual se despojou das joias antes que suas orelhas fossem rasgadas.
Dona findou entregando aos bandidos um dos dois baús repletos de de ouro e prata que estavam guardados na casa, arrefecendo o animus nocendi daqueles bandoleiros.

Enquanto isso, Antônio Valadão, depois de deflagrar os três parcos tiros, foi até a propriedade vizinha, a Fazenda Salão, pedir auxílio a Antônio “Tragino” (Targino), que enviou rapidamente um emissário à Fazenda Nova, onde residiam os parentes mais próximos de Joaquim Solano. Pela manhã, já de volta ao Alto Alegre, Antônio Valadão, participando dos comentários sobre o ocorrido na noite anterior, foi indagado por Joaquim Solano onde teria dormido, respondendo ter passado a noite perto da casa grande, depois de haver procurado auxílio nas terras limítrofes.
Então, nesse intervalo, Joaquim Solano trouxe as mãos cheias de balas, mas extemporaneamente, como foi admoestado por Antônio Valadão que nessa hora disse: “não seu Joaquim. Foi tarde! O senhor devia ter dado esta mão de bala esta noite”.[21] Acrescentou, segundo a logística sertaneja, rude, mas sábia, que estando o grupo na defensa da casa em maior número, dentre eles, alguns exímios atiradores, como Francisco Valadão, e estando entrincheirados no solar, seria fácil ter desbaratado os cangaceiros que lutavam no “campo da honra” (em campo aberto).[22]
Parede do açude onde os bandidos passaram durante a fuga.
O séquito dos bandoleiros se evadiu depois de subtrair o ouro e de ter seviciado o pater familias de tão distinta morada. Durante a fuga, ao alcançarem a parede do açude, Pedro do Jerimum, filho de Antônio do Jerimum, propôs aos comparsas que voltassem para matar Joaquim Solano, deblaterando: “nois demo uma pancada numa cobra, e deixemo viva”.[23] Todavia, elementos que compunham tal grupo negaram-se a voltar, não dando ouvidos às proféticas palavras do pretenso sicário.
Sem demora, iniciou-se perseguição aos facínoras, liderada por Nonô (Epaminondas Ferreira Ferro), irmão de Dona, esposa da vítima do assalto, e de muito afeito a essa labuta, porque de quando em quando se embrenhava na adusta caatinga à procura de criminosos, com fito de prendê-los, comumente na cadeia de Tauá.
Nessa cidade era chefe político o Coronel Lourenço Alves Feitosa, a quem Epaminondas dispensava bastante atenção, porquanto sempre atendia aos chamados do velho caudilho nas horas de grande necessidade, quando a inteligência não bastava para dirimir os conflitos, sem antes lançar mão da força.
Epaminondas Ferreira Ferro.
Epaminondas era um homem testado nas ásperas perseguições a cangaceiros, pois fora ele, juntamente com seu irmão Bimbim (Salústio Feitosa Ferro), um dos chefes que havia perseguido Vicente Silvino, pelo fato deste ter intentado matar o Coronel Lourenço a mando de Floro Bartolomeu.[24]
O grupo formado para ir ao encalço dos ladrões demorou seis meses em suas diligências, tempo gasto para capturar o último dos gatunos, os quais iam se dispersando nos sertões como que areia ao vento. Além de Nonô, compunham o mesmo grupo: Pedro de Sousa, cabra cedido pelo coronel Leandro da Barra; Joaquim Caboclo (Tio Onça); João Lopes; “Manel” Antônio e Chiquim de Sousa (filho de Manoel Alves Feitosa Sousa, da Cabeça do Boi).
O primeiro dos cangaceiros a ser pego foi Zuza Gavião, que confessou ter os elementos do bando o escopo de se apearem em Dom Quintino, a fim de participar de uma festa nessa localidade.
Assim, quando Epaminondas chegou ao dito lugar, o tenente João Canário fazia as vezes de delegado, e, ao encontrar Nonô, disse-lhe que tivesse bastante cuidado, pois que Zuza era um homem perigoso, assassino cruel e muito habilidoso, não sendo possível prendê-lo sem ajuda. No entanto, Epaminondas retrucou que Zuza não brigava, pois, sozinho, já o tinha rendido sem ter havido resistência por parte do aprisionado. Ante a resposta o Tenente João Canário remendou suas palavras afirmando que Epaminondas não era só, creditando o feito à metafísica, coisa comum naqueles sertões, em se atribuir forças sobrenaturais a certas orações e amuletos. Forma singela de explicar o imprevisto!
Durante a perseguição, uma renhida batalha foi deflagrada no sopé da Serra das Guerrilhas, em Assaré. Nesse combate os larápios buscavam alcançar o Cariri. Em um altiplano, já em elevada posição, os bandidos atacaram de cima, enquanto seus antagonistas, liderados por Nonô, abriam fogo um pouco mais abaixo.
Nesse momento, Pedro de Sousa, cabra de Leandro da Barra, acostumado a usar um chapéu com dois barbicachos, um na frente e outro atrás; teve um rasgado à bala, a qual tirou um fino de atingi-lo na altura da cabeça. Imediatamente, aos saltos, pôs-se a atirar entoando a mulher rendeira, postergando o encarniçado embate.
O derradeiro dos criminosos a ser pego foi o Baliza, que se encontrava no Icó, prestes a tomar o trem para Fortaleza. Na ocasião da sua captura, portava um rifle desmontado, mais um dos objetos que havia roubado no assalto à casa de Joaquim Solano.
A captura dos delinquentes contou com o auxílio de outros indivíduos fora da parentela, dentre eles, homens de confiança de Domingos Arrais, delegado que era em São Domingos. Este cedera dois dos seus homens de confiança, os gêmeos Fenelom e Salomão, que aprisionaram Pedro do Jerimum, e antes de o remeterem preso aos auspícios do Estado, na Cadeia Pública de Tauá, deram cabo da vida do cangaceiro brutalmente, enterrando-o na ladeira das Guerrilhas, onde jaz, sob a indicação de uma diminuta cruz. Nesse episódio, um comparsa do Pedro também foi morto pelos mesmos irmãos.
Sobre esse episódio, Gustavo Barroso Barroso diz ter sido cometido pelo destacamento policial de Tauá, acrescentando[25]:

Há menos de dois meses atrás, um grupo de facínoras, tendo à sua frente o terrível bandido Antonio do Gerimun, atacou inopinadamente a residência do Coronel Joaquim Solano.A “heroica” polícia seguiu no encalço dos famigerados, matando dois homens dos que obedeciam ao tal Gerimun. Animados por este sucesso, os novos policiais revestidos com a couraça da “barbaridade” e convencidos dos seus deveres partiram para Arneiroz, de onde trouxeram um indivíduo, que se chamava Asa Branca (por infelicidade tinha nome de pássaro). O “valente” cabo Joaquim Maria foi o chefe da “canoa”, que além de maltratar o criminoso que levava em sua companhia (Asa Branca), manchou de sangue a farda da nossa Polícia. Retirando o bandido da infecta cadeia de Arneiroz, rumaram em direção ao Tauá. Depois duma longa caminhada cheia de trabalhos penosos, porque a cada passo que davam esbofeteavam a pobre vítima, chegaram afinal à Barra do Puiú, onde se arrancharam. Aí, em lugar de minorar, ou melhor, diminuir os seus padecimentos, pelo contrário, os aumentaram. Os “valorosos” soldados que mantém a ordem naquela infeliz região levaram as suas violências ao extremo. Tiraram-lhe os olhos e em seguida obrigaram-no a caminhar. Os nossos “mantenedores” da ordem riam e troçavam diante daquele ato que acabavam de praticar. E para diminuírem os seus padecimentos e o seu crime restava apenas um meio – era assassiná-lo, e foi o que fizeram. Poucos dias depois, os incumbidos de capturar o referido bandoleiro chagavam àquela localidade e depositavam no necrotério os restos mortais da infeliz presa.    
  
No entanto, a vida do restante dos bandidos foi poupada, algo incomum naquela época, pois o líder da captura agia com recursos privados, ao bel-prazer da vindita, fato recorrente na maioria dos sertões, já que a mão do Estado não alcançava tão longe, deixando aos particulares o arbítrio de judiciar divinamente sobre a vida e a morte de seus membros.
Para melhor exemplificar, deu-se que Joaquim Caboclo (Tio Onça), ao escoltar os cangaceiros presos para Tauá foi interceptado por Calixto, apaniguado de Joaquim Solano, que desejava imolar tais presos. Entretanto, Joaquim Caboclo cumpria ordens expressas de Nonô, e não poderia contrariá-lo, logo, o meio mais eficiente que encontrou para obliterar o assassínio daqueles homens reduzidos ao cativeiro, foi fazer mira com seu rifle visando Calixto, que também não cedeu brandamente, pois, de forma recíproca, mirava o cano de sua arma em direção do renitente Joaquim Caboclo.
Entretanto, a contumácia pela manutenção da vida dos delinquentes prevaleceu, sendo três deles remetidos à cadeia de Tauá, o Baliza, o Conrado e o “Manel” Gavião (Zuza Gavião). Cabe salientar que o autor intelectual do assalto, Antônio Soares (Antônio do Jerimum) não participou da execução do crime, apenas seu filho, Pedro, homenzarrão, jovem e com ares de valente. Diz-se que os bandidos resumiam-se a seis membros, no entanto, o nome de um deles permanecia desconhecido da tradição, no que fora complementado por Gustavo Barroso, revelando ser esse sexto bandido o Asa Branca.[26]    
Por fim, os objetos foram recambiados em ínfima quantidade, e sempre que os bandidos eram pegos, afirmavam ter entregado as joias a Pedro Silvino Alencar, régulo na cidade de Araripe, que devolveu pequena parte da quantia subtraída.
Assim, Joaquim Solano deixa o Alto Alegre e vai residir mais adjunto dos seus parentes, desta vez na fazenda Poço do Boi, onde terminou de criar seus 15 filhos.

BIBLIOGRAFIA:


Barroso, Gustavo, Almas de Lama e de Aço: Lampião e outros Cangaceiros, Rio - São Paulo – Fortaleza, Editora ABC, 2012.
_______________Terra de Sol, 8ª Ed., Rio - São Paulo - Fortaleza, ABC Editora, 2006. 

Chandler, Billy Janes, Os Feitosas e o Sertão dos Inhamuns, Forteza, UFC, 1981.

Feitosa, Leonardo, Tratado Genealógico da Família Feitosa, Fortaleza, Imprensa Oficial, 1985.
Freitas, Antônio Gomes de, Revista do Instituto do Ceará, 1972.
Freitas, Antônio Gomes de, Inhamuns: Terra e Homens, Fortaleza, Henriqueta Galeno, 1972.






[1] Freitas, Antônio Gomes de, Inhamuns: Terra e Homens, Fortaleza, Henriqueta Galeno, 1972, p. 157.
[2] Feitosa, Leonardo, Tratado Genealógico da Família Feitosa, Fortaleza, Imprensa Oficial, 1985, p. 39.
[3] Feitosa, op. Cit., p. 84.
[4] Chandler, Billy Janes, Os Feitosas e o Sertão dos Inhamuns, Forteza, UFC, 1981, p.158.
[5] Chandler, op. Cit., p. 181.
[6] Feitosa, Leonardo, op. cit., p. 107.
[7] Joaquim Solano foi o primeiro a ostentar tal alcunha, Solano, dentro da família Feitosa, e o único entre os dez irmãos ( Leonardo Feitosa, TGFF, p. 101-102).
[8] Quanto à data deste acontecimento, há uma imprecisão, pois, enquanto Hilário Feitosa (irmão do historiador Pe. Neri Feitosa) diz ter ocorrido em 1924; José Valadão, que presenciou tal assalto, ainda criança, afirma ter ocorrido tal episódio em 1925. Já Gustavo Barroso, diz que o cangaceiro Aza Branca fora morto aproximadamente em maio de 1927 (In Almas de Lama, p. 52).
[9] Leandro da Barra também era Feitosa, filho do homônimo Leandro Custódio de Oliveira e Castro e D. Maria, filha de José de Sousa Rego (Leonardo Feitosa, Tratado Genealógico da Família Feitosa, Fortaleza, Imprensa Oficial, 1985, p. 86 e 98).
[10] Sobre as deposições políticas no Sul do Estado do Ceará, ver Joaryvar Macêdo em “Império do Bacamarte”, Fortaleza, UFC, 1990.
[11] Disse Gustavo Barroso que Antônio Silvino (Manuel Batista de Morais) “é o maior chefe de cangaceiros que tem produzido o sertão do Norte. É um verdadeiro senhor da zona que se estende das fronteiras de Pernambuco aos limites do Ceará...” (Terra de Sol, 8ª Ed., Rio - São Paulo - Fortaleza, ABC Editora, 2006, p. 102). 
[12] Freitas, Antônio Gomes de, Revista do Instituto do Ceará, 1972, p. 93.
[13] Freitas, Antônio Gomes de, Revista do Instituto do Ceará, 1972, p. 89.
[14] Segundo Gustavo Barroso, “o termo cangaceiro estende-se a todas as modalidades do criminoso nos sertões...” (Terra de Sol, 8ª Ed., Rio – São Paulo – Fortaleza, ABC, 2006, p. 83).
[15] Sobre a carta, as informações foram dadas por Manoel Feitosa Sousa (Manim), com base nos depoimentos de seu pai, Zezé (José do Vale Pedrosa), filho de um dos protagonistas, Epaminondas Ferreira Ferro.
[16] Manoel Feitosa Sousa (Manim) também afirma, com base na tradição, que o intervalo entre a ameaça e a invasão da fazenda foi de seis anos.
[17] Francisco de Sales Castro pertencia à família Feitosa, sendo filho adotivo do Tenente-Coronel Manoel Martins Chaves e Vale (Seu Martins da Fazenda Nova) e de Dona Maria Madalena de Castro Chaves (Leonardo Feitosa, Tratado Genealógico da Família Feitosa, Fortaleza, 1985, p. 95). A prova da adoção é atestada em uma carta de doação, feita pela viúva de Seu Martins, em benefício de Francisco no ano de 1903.
[18] Mariêta Solano Feitosa, filha de Joaquim Solano, presenciou a ação criminosa, ainda menina, e relatou a violência dos tiros no interior da casa de seu pai, que quase apagavam as lamparinas.
[19] Os termos utilizados pelo entrevistado, José Valadão, para reproduzir a fala dos protagonistas, foram mantidos. O entrevistado também presenciou o assalto. Ademais era filho de Francisco Valadão, o mesmo que encontrou os rastros dos animais furtados.
[20] Essa narração foi colhida no seio da família Feitosa-Solano.
[21] Depoimento de José Valadão.
[22] Ibidem.
[23] Ibidem.
[24] Freitas, Antônio Gomes de, Revista do Instituto do Ceará, 1972, p. 95.
[25] Barroso, Gustavo, Almas de Lama e de Aço: Lampião e outros Cangaceiros, Rio - São Paulo – Fortaleza, Editora ABC, 2012, p. 52-53.
[26] O Baliza, anos depois foi solto, mas acabou por ser assassinado no fronteiriço estado do Piauí. Já o Conrado, depois de liberto, foi ser operário na construção da estrada em cima da Serra Grande (Ibiapaba).