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sábado, 6 de outubro de 2012


A DELICADA APARÊNCIA DO TOSCO SERTÃO
                                     
                                                                  Heitor Feitosa Macêdo





A enorme plaga da cabeceira jaguaribana,
Ruborescida pela cáustica luz do halo solarengo,
Abrasando tudo sob os seus pés,
Cauteriza a vida do rude reguengo,
No andejo pastoril de sua gente cigana
Ao astro bronzeo nada engana.

Apolo a velar sua deusa mais bela,
A Vênus sertaneja, em forma de morena singela,
Entorpece de fulgor o que antes jazia escuridão,
Iluminando a sombra da cardíaca cela,
Incandescendo o peito em calcinante paixão.

Agora, de tão claro regozijo,
A morena tez, semeia com todo esplendor,
Despindo o desejo,
Subvertendo o amor,
No corpo, gravando acesa centelha de ardor,
Esculpindo a fogo, na retina de uns,
A mais linda flor de todo o Inhamuns.

Tão rico de raios, o sertão descobre sua beleza,
Em sendo a Vitória-régia a mais bela da natureza

E não seria para menos, tanta epifania
E tanta divagação,
Pois tudo que Deus cria,
Vem o diabo e põe a mão.
Fora assim com o pai e
Haverá de ser com o irmão,
Repetindo-se o que fizera Eva
Ao seu esposo, Adão.

Segue a vida o exemplo da bíblia,
E assim, a todo tempo o será,
Em bela face índia,
Pelos encantos da morena de Tauá.