ASSALTO À CASA DO ALTO
ALEGRE
Heitor Feitosa Macêdo
O
Alto Alegre era uma das fazendas pertencentes a Joaquim Solano Alves Feitosa, descendente
da mais ilustre cepa do sertão dos Inhamuns, sendo o seu pai, o Coronel Joaquim
Alves Feitosa (Coronel Quim), Comandante Superior do Batalhão da Guarda
Nacional, chefe político do partido liberal, e Deputado Provincial no
biênio 1868/1869.[1]
A fazenda localiza-se entre os municípios de Aiuaba e Campos Sales, na divisa
com o Piauí. Um lugar ermo, como quase todos naquela hinterlândia.
Ruínas da Casa do Alto Alegre. |
O titular da casa era um homem abastado, pois descendia da
fina flor de sua estirpe. Pela linha paterna era neto do capitão Pedro Alves
Feitosa, senhor da fazenda Cococá (Cocá) e de sua esposa Maria Madalena de
Castro.[2] Já
pela linha materna o garbo era maior, pois sua mãe, Maria Madalena, era neta
do Major José do Vale Pedrosa[3],
senhor de 64 fazendas[4], e
possuidor da maior escravaria[5] de
todo o Inhamuns, quiçá também do Ceará.
Joaquim Solano era fruto da endogamia praticada em sua
família a mais de século, onde primo casava com primo, às vezes tio com
sobrinha, e assim por diante, geração após geração. Dificilmente rompia-se esse
hermetismo matrimonial, pois as poucas famílias que se agregaram foram
praticamente dissolvidas ao longo das gerações.
Solano
não era um patronímico, mas apenas uma homenagem que o pai de Joaquim fizera ao
intimorato general Francisco Solano López, presidente vitalício do Paraguai. E,
apesar de o Coronel Joaquim Alves Feitosa ser responsável pela arregimentação
dos soldados para a Guerra do Paraguai[6],
resolveu pôr a alcunha do inimigo de seu país em um de seus filhos[7],
mostrando-se ser admirador do general paraguaio.
A principal riqueza naqueles tempos era terra, gado e ouro,
e nenhum destes faltava àquela gente que pouca importância dava a agricultura.
Quando
da morte da esposa do Coronel Joaquim, fora dividido por ele todo o ouro que
pertencia à finada. Diz-se que se puseram várias quartas do precioso metal, até
cobrir a enorme superfície de uma mesa. Então, ele ordenou que as filhas fossem
as primeiras a retirar o que lhes aprouvesse, depois disso, os filhos rateariam
o restante. Talvez por isso a fazenda Barra do Puiú, berço de Joaquim Solano,
fosse também conhecida como a “Barra do Ouro”, fama que traria consequências
nefandas aos descendentes desta casa.
Por volta de 1925[8],
Antônio do Jerimum (Antônio Soares), promoveu um assalto a Joaquim Solano Alves
Feitosa, na Fazenda Alto Alegre. O autor do roubo era oriundo do Pernambuco,
mas residia nos Inhamuns, na fazenda Jerimum, pertencente a Leandro da Barra
(Leandro Custódio de Oliveira e Castro). Este costumava acoutar em suas
propriedades gente que dele se valia, conforme o costume da época.[9]
Muitos
dos indivíduos que se homiziavam nos Inhamuns, estigmatizados em suas vidas
pregressas, buscavam a proteção dos chefes locais, pois o poder encerrado por
estes amalgamava o público e o privado.
Naqueles
tempos, nas primeiras décadas da República, a política sustentava-se em
exércitos particulares, só ascendendo ao governo através da força, o qual, depois
de conquistado, só poderia ser mantido a ferro e fogo. Assim, cada qual que se
municiasse de homens suficientes ao seu prestígio político, fato que há pouco
convulsionara o Sul do Cariri[10].
Tais
práticas reverberaram em todo o Ceará, sobretudo após a sedição de Juazeiro, em
1914. Os irmãos do célebre cangaceiro Antônio Silvino[11]
(Vicente, José e Miguel) haviam deixado Pernambuco fugindo das perseguições
movidas contra eles, e foram recebidos também pelo coronel Leandro da Barra,
que os acolheu sob a condição de abandonarem o cangaço.[12]
Paralelamente
a isso, o Coronel Lourenço Alves Feitosa e Castro também dera proteção a um
desses pernambucanos, especificamente a Vicente Silvino, do qual se tornou
compadre. Contudo, Dr. Floro Bartolomeu terminou aliciando Vicente, e, por
questões políticas, peita-o para dar cabo da vida do Coronel Lourenço, no que
não obteve sucesso.[13] E
essa era a forma pela qual se dava a dinâmica das relações no poder.
Da
mesma forma que Vicente Silvino, os indivíduos que acorriam a esses rincões
haviam sujado as mãos por questões de honra, ou simplesmente por conta da
nômade vida do cangaço.[14] Sendo
que Antônio do Jerimum mais se perfilava nesta segunda categoria, e, além disso,
há tempo andava furtando animais desbragadamente nos sertões do Ceará.
José Valadão, filho de Francisco Valadão e testemunha do assalto. |
O larápio já havia surripiado dois cavalos de Joaquim
Solano. Animais, estes, “da sela” de Manel Cariri e Francisco Valadão,
vaqueiros e moradores no Alto Alegre. Cabendo a este último desvendar a
subtração, quando andava pelas veredas da Cachoeira do Cachorro, localidade lindeira
ao Jerimum. Aí encontrando o rastro dos equinos subtraídos, Dourado e
Calçadinho, além de pegadas humanas.
O
feito criminoso fora atribuído a Antônio do Jerimum, que por tal imputação,
iracundo, prometeu voltar para acertar contas com os seus delatores, talvez
por julgar um opróbio, ou mesmo para fazer calar a acusação. Sendo que a
ameaça foi escrita em uma carta, feita em Juazeiro do Norte, e remetida ao seu
destinatário nos Inhamuns, a Joaquim Solano.[15]
Um ou dois anos depois da promessa de vingança[16],
Seu Chico da Fazenda Nova (Francisco de Sales Castro)[17]
manda um portador avisar a Joaquim Solano sobre a presença dos abigeatários na
região, e acrescentou que a súcia compunha-se de vários elementos, que se
deslocavam em direção ao Alto Alegre.
De sobreaviso, Joaquim Solano reúne-se com seus moradores,
amigos e parentes, dentre os quais estavam: Francisco Valadão, Antônio Valadão,
Pedro Valadão, Quinco Pepê, Antônio Ruberto, Calixto (oriundo do Cariri); além
de seus filhos, Zé Solano, Deolindo Solano e Senhorsino Solano. Na presença
destes Joaquim comunica a ameaça do possível ataque, porém, incautamente não
entrega as armas aos circunstantes, deixando todo o material bélico trancafiado
no quarto dos arreios.
De repente, no arrebol do entardecer, quando a penumbra
esmaecia os últimos fulgores do ocaso, a malta sub-reptícia, composta em
silhuetas indistintas, adentra o pátio da fazenda prolatando “boa noite”, sucedendo-se
a seguinte perquirição: “quem é o dono da casa”. Quando prontamente o titular
do velho solar, no frontispício deste, sentado lateralmente à soleira da porta,
juntamente com a esposa e filhos, responde-os: “sou eu”. Dito isto, dispara-se
um tiro contra Joaquim Solano, que rapidamente se agacha, evitando ser varado
pela bala nivelada na altura de seu tronco.
Em
seguida, deslocando-se para o interior da casa, evita que um novo disparo o
atinja, sendo que o projétil desta vez esbarrou em uma meia parede, no âmago da
residência. Os tiros rebentavam com tal intensidade que as lamparinas, já
acesas na boca da noite, ameaçavam apagar, diminuindo suas labaredas ante o
vento soprado pelo deslocamento das balas.[18]
Os filhos e a esposa da vítima, nesse ínterim, também se
recolhem à guarida do lar, prestes a ser devassado. Os moradores da fazenda vão
buscar refúgio na vegetação ao derredor. Mas, antes disso, Antônio Valadão “dá
de mão” a um rifle, enquanto Quinco Pepê muniu-se de um fuzil que não soube “manobrar”.
Este se posicionou no oitão da casa, adjunto das laranjeiras que flanqueavam a
velha construção, e debalde disparou os três tiros que a arma dispunha. Os
celerados perceberam o esgotamento precoce da munição pilheriando: “manobrou o
rifle seco, cabra do diabo”.[19]
Nada mais obstava que a corja violasse o interior daquele solar.
Francisco Valadão, em uma atitude fiel e corajosa,
escondeu-se em um dos quartos a fim de socorrer o velho patriarca, pulando uma
meia parede para alcançar o corredor, que ia dar no quarto em que se fizera o
calabouço do chefe daquela família. Enristando uma faca, o fiel Francisco não
obteve êxito, pois fora capturado pelos facínoras, melhormente armados, e ao ser
indagado ironicamente sobre a desproporção bélica: “o que está fazendo com esta
faca, negro”, logo respondeu: “vim morrer com meu padim”.[20]
Dona, esposa de Joaquim Solano. |
Enquanto isso, Dona (Maria da Glória Ferrer Feitosa),
a esposa de Joaquim Solano, segurando uma imagem do Senhor Jesus Cristo, apelou
para que os malfeitores não fizessem nenhum mal ao seu marido. Mas os invasores
escarcavelavam todos os cômodos em busca de algum valor, a ponto de tentarem
arrancar à força os brincos das orelhas de Candóia (Cândida Solano Feitosa, “Dodóia”),
filha primogênita do casal refém, a qual se despojou das joias antes que suas
orelhas fossem rasgadas.
Dona
findou entregando aos bandidos um dos dois baús repletos de de ouro e prata que estavam
guardados na casa, arrefecendo o animus
nocendi daqueles bandoleiros.
Enquanto
isso, Antônio Valadão, depois de deflagrar os três parcos tiros, foi até a
propriedade vizinha, a Fazenda Salão, pedir auxílio a Antônio “Tragino” (Targino),
que enviou rapidamente um emissário à Fazenda Nova, onde residiam os parentes
mais próximos de Joaquim Solano. Pela manhã, já de volta ao Alto Alegre,
Antônio Valadão, participando dos comentários sobre o ocorrido na noite
anterior, foi indagado por Joaquim Solano onde teria dormido, respondendo ter passado a noite perto da casa grande, depois de haver procurado auxílio nas
terras limítrofes.
Então,
nesse intervalo, Joaquim Solano trouxe as mãos cheias de balas, mas extemporaneamente,
como foi admoestado por Antônio Valadão que nessa hora disse: “não seu Joaquim.
Foi tarde! O senhor devia ter dado esta mão de bala esta noite”.[21] Acrescentou,
segundo a logística sertaneja, rude, mas sábia, que estando o grupo na defensa
da casa em maior número, dentre eles, alguns exímios atiradores, como Francisco
Valadão, e estando entrincheirados no solar, seria fácil ter desbaratado os
cangaceiros que lutavam no “campo da honra” (em campo aberto).[22]
Parede do açude onde os bandidos passaram durante a fuga. |
O
séquito dos bandoleiros se evadiu depois de subtrair o ouro e de ter seviciado
o pater familias de tão distinta
morada. Durante a fuga, ao alcançarem a parede do açude, Pedro do Jerimum,
filho de Antônio do Jerimum, propôs aos comparsas que voltassem para matar
Joaquim Solano, deblaterando: “nois demo uma pancada numa cobra, e deixemo
viva”.[23]
Todavia, elementos que compunham tal grupo negaram-se a voltar, não dando
ouvidos às proféticas palavras do pretenso sicário.
Sem
demora, iniciou-se perseguição aos facínoras, liderada por Nonô (Epaminondas
Ferreira Ferro), irmão de Dona, esposa da vítima do assalto, e de muito afeito
a essa labuta, porque de quando em quando se embrenhava na adusta caatinga à
procura de criminosos, com fito de prendê-los, comumente na cadeia de Tauá.
Nessa
cidade era chefe político o Coronel Lourenço Alves Feitosa, a quem Epaminondas
dispensava bastante atenção, porquanto sempre atendia aos chamados do velho caudilho
nas horas de grande necessidade, quando a inteligência não bastava para dirimir
os conflitos, sem antes lançar mão da força.
Epaminondas Ferreira Ferro. |
Epaminondas
era um homem testado nas ásperas perseguições a cangaceiros, pois fora ele,
juntamente com seu irmão Bimbim (Salústio Feitosa Ferro), um dos chefes que
havia perseguido Vicente Silvino, pelo fato deste ter intentado matar o Coronel
Lourenço a mando de Floro Bartolomeu.[24]
O
grupo formado para ir ao encalço dos ladrões demorou seis meses em suas
diligências, tempo gasto para capturar o último dos gatunos, os quais iam se
dispersando nos sertões como que areia ao vento. Além de Nonô, compunham o mesmo
grupo: Pedro de Sousa, cabra cedido pelo coronel Leandro da Barra; Joaquim Caboclo
(Tio Onça); João Lopes; “Manel” Antônio e Chiquim de Sousa (filho de Manoel
Alves Feitosa Sousa, da Cabeça do Boi).
O
primeiro dos cangaceiros a ser pego foi Zuza Gavião, que confessou ter os
elementos do bando o escopo de se apearem em Dom Quintino, a fim de participar
de uma festa nessa localidade.
Assim,
quando Epaminondas chegou ao dito lugar, o tenente João Canário fazia as vezes de delegado,
e, ao encontrar Nonô, disse-lhe que tivesse bastante cuidado, pois que Zuza era
um homem perigoso, assassino cruel e muito habilidoso, não sendo possível
prendê-lo sem ajuda. No entanto, Epaminondas retrucou que Zuza não brigava,
pois, sozinho, já o tinha rendido sem ter havido resistência por parte do
aprisionado. Ante a resposta o Tenente João Canário remendou suas palavras afirmando que
Epaminondas não era só, creditando o feito à metafísica, coisa comum naqueles
sertões, em se atribuir forças sobrenaturais a certas orações e amuletos. Forma
singela de explicar o imprevisto!
Durante
a perseguição, uma renhida batalha foi deflagrada no sopé da Serra das
Guerrilhas, em Assaré. Nesse combate os larápios buscavam alcançar o Cariri. Em
um altiplano, já em elevada posição, os bandidos atacaram de cima, enquanto
seus antagonistas, liderados por Nonô, abriam fogo um pouco mais abaixo.
Nesse
momento, Pedro de Sousa, cabra de Leandro da Barra, acostumado a usar um chapéu
com dois barbicachos, um na frente e outro atrás; teve um rasgado à bala, a
qual tirou um fino de atingi-lo na altura da cabeça. Imediatamente, aos saltos,
pôs-se a atirar entoando a mulher rendeira, postergando o encarniçado embate.
O
derradeiro dos criminosos a ser pego foi o Baliza, que se encontrava no Icó,
prestes a tomar o trem para Fortaleza. Na ocasião da sua captura, portava um
rifle desmontado, mais um dos objetos que havia roubado no assalto à casa de
Joaquim Solano.
A
captura dos delinquentes contou com o auxílio de outros indivíduos fora da
parentela, dentre eles, homens de confiança de Domingos Arrais, delegado que
era em São Domingos. Este cedera dois dos seus homens de confiança, os gêmeos
Fenelom e Salomão, que aprisionaram Pedro do Jerimum, e antes de o remeterem
preso aos auspícios do Estado, na Cadeia Pública de Tauá, deram cabo da vida do
cangaceiro brutalmente, enterrando-o na ladeira das Guerrilhas, onde jaz, sob a
indicação de uma diminuta cruz. Nesse episódio, um comparsa do Pedro também foi
morto pelos mesmos irmãos.
Sobre
esse episódio, Gustavo Barroso Barroso diz ter sido cometido pelo destacamento
policial de Tauá, acrescentando[25]:
Há menos de dois meses atrás, um grupo de facínoras, tendo à sua frente o terrível bandido Antonio do Gerimun, atacou inopinadamente a residência do Coronel Joaquim Solano.A “heroica” polícia seguiu no encalço dos famigerados, matando dois homens dos que obedeciam ao tal Gerimun. Animados por este sucesso, os novos policiais revestidos com a couraça da “barbaridade” e convencidos dos seus deveres partiram para Arneiroz, de onde trouxeram um indivíduo, que se chamava Asa Branca (por infelicidade tinha nome de pássaro). O “valente” cabo Joaquim Maria foi o chefe da “canoa”, que além de maltratar o criminoso que levava em sua companhia (Asa Branca), manchou de sangue a farda da nossa Polícia. Retirando o bandido da infecta cadeia de Arneiroz, rumaram em direção ao Tauá. Depois duma longa caminhada cheia de trabalhos penosos, porque a cada passo que davam esbofeteavam a pobre vítima, chegaram afinal à Barra do Puiú, onde se arrancharam. Aí, em lugar de minorar, ou melhor, diminuir os seus padecimentos, pelo contrário, os aumentaram. Os “valorosos” soldados que mantém a ordem naquela infeliz região levaram as suas violências ao extremo. Tiraram-lhe os olhos e em seguida obrigaram-no a caminhar. Os nossos “mantenedores” da ordem riam e troçavam diante daquele ato que acabavam de praticar. E para diminuírem os seus padecimentos e o seu crime restava apenas um meio – era assassiná-lo, e foi o que fizeram. Poucos dias depois, os incumbidos de capturar o referido bandoleiro chagavam àquela localidade e depositavam no necrotério os restos mortais da infeliz presa.
No entanto, a vida do restante dos bandidos foi poupada, algo incomum naquela época, pois o líder da captura agia com recursos privados, ao bel-prazer da vindita, fato recorrente na maioria dos sertões, já que a mão do Estado não alcançava tão longe, deixando aos particulares o arbítrio de judiciar divinamente sobre a vida e a morte de seus membros.
Para
melhor exemplificar, deu-se que Joaquim Caboclo (Tio Onça), ao escoltar os
cangaceiros presos para Tauá foi interceptado por Calixto, apaniguado de
Joaquim Solano, que desejava imolar tais presos. Entretanto, Joaquim Caboclo
cumpria ordens expressas de Nonô, e não poderia contrariá-lo, logo, o meio mais
eficiente que encontrou para obliterar o assassínio daqueles homens reduzidos
ao cativeiro, foi fazer mira com seu rifle visando Calixto, que também não
cedeu brandamente, pois, de forma recíproca, mirava o cano de sua arma em direção
do renitente Joaquim Caboclo.
Entretanto,
a contumácia pela manutenção da vida dos delinquentes prevaleceu, sendo três
deles remetidos à cadeia de Tauá, o Baliza, o Conrado e o “Manel” Gavião (Zuza
Gavião). Cabe salientar que o autor intelectual do assalto, Antônio Soares
(Antônio do Jerimum) não participou da execução do crime, apenas seu filho,
Pedro, homenzarrão, jovem e com ares de valente. Diz-se que os bandidos
resumiam-se a seis membros, no entanto, o nome de um deles permanecia
desconhecido da tradição, no que fora complementado por Gustavo Barroso,
revelando ser esse sexto bandido o Asa Branca.[26]
Por
fim, os objetos foram recambiados em ínfima quantidade, e sempre que os
bandidos eram pegos, afirmavam ter entregado as joias a Pedro Silvino Alencar,
régulo na cidade de Araripe, que devolveu pequena parte da quantia subtraída.
Assim,
Joaquim Solano deixa o Alto Alegre e vai residir mais adjunto dos seus
parentes, desta vez na fazenda Poço do Boi, onde terminou de criar seus 15
filhos.
BIBLIOGRAFIA:
Barroso, Gustavo, Almas de Lama e de Aço: Lampião e outros
Cangaceiros, Rio - São Paulo – Fortaleza, Editora ABC, 2012.
_______________Terra de Sol, 8ª Ed., Rio - São Paulo -
Fortaleza, ABC Editora, 2006.
Chandler, Billy Janes, Os Feitosas e o Sertão dos Inhamuns,
Forteza, UFC, 1981.
Feitosa, Leonardo, Tratado Genealógico da Família Feitosa, Fortaleza, Imprensa
Oficial, 1985.
Freitas, Antônio Gomes de, Revista do
Instituto do Ceará, 1972.
Freitas, Antônio Gomes de, Inhamuns: Terra e Homens, Fortaleza,
Henriqueta Galeno, 1972.
[1] Freitas, Antônio Gomes de,
Inhamuns: Terra e Homens, Fortaleza, Henriqueta Galeno, 1972, p. 157.
[2] Feitosa, Leonardo, Tratado
Genealógico da Família Feitosa, Fortaleza, Imprensa Oficial, 1985, p. 39.
[3] Feitosa, op. Cit., p. 84.
[4] Chandler, Billy Janes, Os
Feitosas e o Sertão dos Inhamuns, Forteza, UFC, 1981, p.158.
[5] Chandler, op. Cit., p. 181.
[6] Feitosa, Leonardo, op. cit., p.
107.
[7] Joaquim Solano foi o primeiro a
ostentar tal alcunha, Solano, dentro da família Feitosa, e o único entre os dez
irmãos ( Leonardo Feitosa, TGFF, p. 101-102).
[8] Quanto à data deste
acontecimento, há uma imprecisão, pois, enquanto Hilário Feitosa (irmão do
historiador Pe. Neri Feitosa) diz ter ocorrido em 1924; José Valadão, que
presenciou tal assalto, ainda criança, afirma ter ocorrido tal episódio em
1925. Já Gustavo Barroso, diz que o cangaceiro Aza Branca fora morto
aproximadamente em maio de 1927 (In Almas de Lama, p. 52).
[9] Leandro da Barra também era
Feitosa, filho do homônimo Leandro Custódio de Oliveira e Castro e D. Maria,
filha de José de Sousa Rego (Leonardo Feitosa, Tratado Genealógico da Família
Feitosa, Fortaleza, Imprensa Oficial, 1985, p. 86 e 98).
[10] Sobre as deposições políticas no
Sul do Estado do Ceará, ver Joaryvar Macêdo em “Império do Bacamarte”,
Fortaleza, UFC, 1990.
[11] Disse Gustavo Barroso que
Antônio Silvino (Manuel Batista de Morais) “é o maior chefe de cangaceiros que
tem produzido o sertão do Norte. É um verdadeiro senhor da zona que se estende
das fronteiras de Pernambuco aos limites do Ceará...” (Terra de Sol, 8ª Ed.,
Rio - São Paulo - Fortaleza, ABC Editora, 2006, p. 102).
[12] Freitas, Antônio Gomes de,
Revista do Instituto do Ceará, 1972, p. 93.
[13] Freitas, Antônio Gomes de,
Revista do Instituto do Ceará, 1972, p. 89.
[14] Segundo Gustavo Barroso, “o
termo cangaceiro estende-se a todas as modalidades do criminoso nos sertões...”
(Terra de Sol, 8ª Ed., Rio – São Paulo – Fortaleza, ABC, 2006, p. 83).
[15] Sobre a carta, as informações
foram dadas por Manoel Feitosa Sousa (Manim), com base nos depoimentos de seu
pai, Zezé (José do Vale Pedrosa), filho de um dos protagonistas, Epaminondas
Ferreira Ferro.
[16] Manoel Feitosa Sousa (Manim)
também afirma, com base na tradição, que o intervalo entre a ameaça e a invasão
da fazenda foi de seis anos.
[17] Francisco de Sales Castro
pertencia à família Feitosa, sendo filho adotivo do Tenente-Coronel Manoel
Martins Chaves e Vale (Seu Martins da Fazenda Nova) e de Dona Maria Madalena de
Castro Chaves (Leonardo Feitosa, Tratado Genealógico da Família Feitosa,
Fortaleza, 1985, p. 95). A prova da adoção é atestada em uma carta de doação,
feita pela viúva de Seu Martins, em benefício de Francisco no ano de 1903.
[18] Mariêta Solano Feitosa, filha de
Joaquim Solano, presenciou a ação criminosa, ainda menina, e relatou a
violência dos tiros no interior da casa de seu pai, que quase apagavam as
lamparinas.
[19] Os termos utilizados pelo
entrevistado, José Valadão, para reproduzir a fala dos protagonistas, foram
mantidos. O entrevistado também presenciou o assalto. Ademais era filho de
Francisco Valadão, o mesmo que encontrou os rastros dos animais furtados.
[20] Essa narração foi colhida no
seio da família Feitosa-Solano.
[21] Depoimento de José Valadão.
[22] Ibidem.
[23] Ibidem.
[24] Freitas, Antônio Gomes de,
Revista do Instituto do Ceará, 1972, p. 95.
[25] Barroso, Gustavo, Almas de Lama
e de Aço: Lampião e outros Cangaceiros, Rio - São Paulo – Fortaleza, Editora
ABC, 2012, p. 52-53.
[26] O Baliza, anos depois foi solto,
mas acabou por ser assassinado no fronteiriço estado do Piauí. Já o Conrado,
depois de liberto, foi ser operário na construção da estrada em cima da Serra
Grande (Ibiapaba).
Como escrevia uma professora minha de Filosofia, em seu programa de Disciplina: Bibliografia Exaustiva. Eu acescentaria...e RICA. Rica a postagem, rica a bibliografia. Lí hoje, essa estória na História, de uma "tacada" só. Preciso voltar, para reler. Boa demais, quanto detalhe, quantas nuances....até poesia...haja visto o "arrebol", o "ocaso".....beleza pura, MESMO!
ResponderExcluirAté a próxima, Heitor!
Adorei a historia,sou um Valadão também com orgulho
ResponderExcluirÓtimo
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