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sábado, 18 de fevereiro de 2017

Colabore com o Instituto Cultural do Cariri (ICC)

          Colabore com o Instituto Cultural do Cariri (ICC)

                                                                           Heitor Feitosa Macêdo
                                                                            Crato/CE, 18/02/2017

         Em termos de saber humano, o Cariri cearense nunca ficou aquém do restante do País, pois de sua fornalha sempre saíram mentes incandescentes, a brilhar nas letras, ciências, artes, política e tantos outros ramos do conhecimento.
         A primeira fagulha desta intelectualidade ostensiva surgiu no Cariri, em meados do século XIX, através de gente sem papas na língua, como o jornalista e historiador João Brígido dos Santos, sendo ele ladeado por contemporâneos não menos talentosos, como o médico francês Pedro Thebérge, cientista dedicado à História do Ceará, e o professor Bernardino Gomes de Araújo, poeta de uma sensibilidade notável e pesquisador da primeira História do Cariri. 
         Depois deste ponta pé inicial dado pelos injustiçados “cronistas”, o Cariri nunca mais largou mão das letras, o que, em 1953, favoreceu a criação do Instituto Cultural do Cariri (ICC), cuja voz é dada pela publicação de sua revista, a Itaytera.
         Há quem critique a referida instituição e o conteúdo de sua revista, tachando-os de memorialistas, saudosistas, bajuladores, não científicos, etc. Inclusive, já foi dito por um professor universitário, lente de uma Universidade cujas raízes partiram do ICC, que este sodalício era um ambiente onde se reunia gente que não tinha o que fazer, aposentados, e que a revista é uma porcaria por não obedecer às efêmeras regras da ABNT.
         Porém, essas críticas sequer arranham a superfície de um trabalho com mais de meio século. Certamente, não fosse o ICC, o Cariri não seria o mesmo!
         Qual um franciscano, o ICC vive praticamente em voto de pobreza, pois apesar de sua “utilidade pública” reconhecida por lei municipal e estadual, não recebe verba pública suficiente para continuar prestando o serviço a que se destina.
         É uma pena, pois em seu acervo existem livros raríssimos, jornais antiquíssimos, além de documentos preciosos e extremamente frágeis, como uma carta original do capitão-mor José Pereira Filgueiras no ano de 1824 ao então Presidente do Ceará Tristão de Alencar Araripe; e, outra, sobre o vigário da Vila de Jardim, o padre Antônio Manuel de Sousa, vulgarmente conhecido na História como Padre Benze Cacetes, datada de 1829.
         O ICC, ao longo dos anos de sua criação, reuniu objetos de grande importância para a história do Cariri, como, por exemplo, fósseis, peças arqueológicas (dos períodos neolítico e paleolítico), arte sacra e tantos outros artefatos que foram doados ao Museu do Crato.
         Não é exagero dizer que o material restante, sob a tutela do ICC, pode se perder pra sempre!
         Há quase uma década o Instituto Cultural do Cariri dispõe de sede própria, com um prédio relativamente espaçoso mas mal acabado, com alicerces em falso, infiltrações e paredes rugosas (chapiscadas), inadequadas à conservação do seu preciosíssimo arquivo.
         Os sócios-diretores nada ganham para manter o ICC em atividade, mas, pelo contrário, pois retiram de seus modestos bolsos valores que subsidiam a pobre existência do instituto. Além disso, não há efetividade do pagamento por parte dos sócios em relação à módica quantia de R$ 100,00 (cem reais) por ano.
         A população do Cariri não deve cruzar os braços para o ICC, pois seria assassinar o derradeiro grande guardião da memória sul-cearense, e, caso isso venha a ocorrer, a consequência será o primeiro passo para a indigência de todo um povo duplamente marginalizado, primeiro por ser sertão (interior) e, depois, por estar no coração do Nordeste.
         Portanto, para não deixar que as atividades prestadas pelo ICC à comunidade caririense sejam extintas, pedimos a colaboração de todos, o que pode se dar de duas formas: primeiro, por meio de doação de valores; e, em segundo lugar, com a doação de material necessário para sua manutenção.
         Aqueles que tiverem interesse, por favor, entrar em contato com a Diretoria do ICC pela página no facebook ou através do blog do Instituto Cultural do Cariri, nos seguintes endereços:


               
I. Conheça os Arquivos do ICC:
Biblioteca do Cariri:
         A biblioteca do ICC possui obras raríssimas e um vasto material sobre o Cariri cearense, em especial.
         Entre o seu material, pode ser encontrada a coleção completa da Revista Itaytera, desde o primeiro número, publicado no ano de 1955, até a derradeiro, de nº 45.
         Na biblioteca também são encontradas as obras dos pesquisadores que fundaram o referido instituto, como o Padre Gomes, Irineu Pinheiro, J. de Figueiredo Filho, F.S. Nascimento, etc.
1ª Revista Itaytera, 1955.

Manuscritos:
         No ICC existem manuscritos do começo do século XIX, cuja consulta encontra-se restrita pela fragilidade do material.
         O conjunto de manuscritos contem cartas-patentes da Guarda Nacional; correspondências do primeiro Bispo do Ceará (Dom Luiz); autos processuais sobre conflitos entre brancos e índios, atos oficiais do Governo do Ceará; documentos sobre doações de terras (sesmarias), etc.
Correspondência de José Pereira Filgueiras dirigida a Tristão Gonçalves, em 1824 (Arquivo do ICC)

Jornais:
         Diversos jornais que circularam no Cariri no início do século XX podem ser encontrados no ICC, alguns muito deteriorados pela ação do tempo e pelo inadequado manuseio e armazenagem.
         Entre estes jornais vê-se o Correio do Cariri, Cidade do Crato, Estado do Cariri, Folha do Cariri, etc.
Jornal O Araripe, 1919 (Arquivo do ICC)

II. Saiba mais sobre os Projetos em Parceria do ICC:
Biblioteca nos Presídios:
         O ICC, em parceria com o fórum da Comarca do Crato, instalou uma Biblioteca na cadeia Pública do Crato, a fim de oferecer aos presos ferramentas para sua reabilitação, a leitura e o conhecimento.

Museu do Som e da Imagem:
         Na sede do ICC funciona o Museu do Som e da Imagem, administrado por seu idealizador Jackson Bantim (o Bola).

Projeto Soldadinho do Araripe:
         Em regime de comodato, funciona nas dependências da sede do ICC o escritório administrativo do Projeto Soldadinho do Araripe, o qual tem por escopo preservar o pássaro recém-descoberto (Antilophia bokermanni) e o ambiente em que vive em torno das nascentes ao sopé da Chapada do Araripe.
         É uma espécie que não existe em outro lugar do planeta senão em três cidades do sul do Ceará, Crato, Barbalha e Missão Velha.
         Portanto, o ICC também exerce importante papel na preservação ambiental.
Espécie endêmica do Cariri: Soldadinho do Araripe.

III. O ICC no Conselho Municipal de Política Cultural do Crato 
    Atualmente, o ICC possui um representante eleito no Conselho Municipal do Crato, que, entre suas atribuições, possui o múnus público de fiscalizar e deliberar sobre atos da Máquina Administrativa do município no que tange à cultura.