CHAGA VALADÃO X JOAQUIM CATANÃ
Heitor Feitosa Macêdo
Joaquim Leandro Maciel, ou Francisco de Assis Brasil, vulgo
Joaquim Catanã, era um temido pistoleiro que agia entre os estados do Ceará, Paraíba
e Piauí, em meados da década de 1950.
O pistoleiro, Joaquim Catanã. |
Em certa ocasião, homiziou-se em Valença, no Piauí, onde
viveu como agricultor por alguns anos, com uma falsa identidade, até que em
1947 muda-se para Crateús, no Ceará, onde reiniciou a vida de crimes.[1]
Conta-se que quando se encomendava a morte de alguém a esse
assassino, ao mostrar-lhe a foto da vítima, Catanã expressava-se energicamente:
“Já estou com raiva”. Outra peculiaridade dele era usar de um “senso ético às
avessas”, pois reza a tradição que quando empreitava para matar certa vítima,
se esta lhe parecesse boa gente, findava preservando-lhe a vida em detrimento
do mandante, que acabava sendo morto pelo mesmo matador dantes contratado.
Catanã além de justiceiro também era judicioso.
Não tardou para que os serviços do célebre pistoleiro fossem
locados para por fim a mais uma vida. Desta vez o alvo era o prefeito de
Aiuaba, Armando Arrais Feitosa. Catanã, em seu iter criminis, aproximou-se da casa do prefeito, pelo flanco,
agachado por entre as madeiras ali empilhadas, ardilosamente, engendrando a
emboscada.
Imediatamente a meninada alardeou sobre a presença de um
homem ocultado no oitão da casa. Isso foi o bastante para que o intento facinoroso
se frustrasse, cabendo ao bandido “ganhar o mato”.
Chaga Valadão. |
Chaga, ao reconhecer aquela propriedade como sendo de gente
aparentada de seu patrão, recusou-se a invadi-la, comunicando expressamente ao
Tenente Arnau, que ainda relutava em sede de alcançar o foragido. Então, em
face do contumaz Tenente, o rastejador propôs que contornassem aquela fazenda e
esperassem Catanã à margem do Rio Jaguaribe. Mas, essa manobra ficara frustrada,
ante a fuga do pertinaz pistoleiro.
Os senhores da Murzela ficaram gratos por Chaga ter
respeitado os limites de seus domínios, presenteando-o com um cordeiro e uma
enorme consideração. No fundo, Chaga sabia das consequências de ignorar um
valhacouto, pois, para um bandido livrar-se de qualquer pesrseguição, bastava transpor
os cercados dos poderosos fazendeiros.
Armando Arrais Feitosa. |
Joaquim Catanã, depois de preso na Capital do
Ceará, em consequência de outros crimes, foi transferido para um presídio em
Terezina, onde se mostrava arrependido de seus desatinos, debruçado sobre
livros de direito. No entanto, vez por outra saía do presídio para ceifar mais
vidas, até que foi morto por envenenamento.
Por fim, Armando Arrais findou sendo assassinado por mãos de
outros pistoleiros, no alpendre de sua casa no dia 1º de maio de 1972, por
intrigas políticas fomentadas dentro de seu próprio círculo familiar.[2]
[1] Fortes, José.
As façanhas do pistoleiro Catanã. Meionorte.com. 25/11/2008. Disponível em: <http://www.meionorte.com/josefortes/as-facanhas-do-pistoleiro-catana-67956.html >Acesso em:
05/04/2011.
[2] Grande parte dessa narrativa foi
confidenciada pelo irmão mais velho de Chaga Valadão, José Francisco Valadão,
em entrevista cedida no ano de 2010.