Documentos
inéditos sobre alguns laços de parentesco de João Alves Feitosa, “o primeiro”
Heitor Feitosa Macêdo
Há
muito se publica a respeito de João Alves Feitosa, o qual, teria sido o
primeiro a migrar de Portugal para o Nordeste do Brasil, onde veio a dar origem
à numerosa família, principalmente aos Alves Feitosa que se concentram, em
grande parte, no sertão cearense dos Inhamuns.
Em artigo publicado por nós, em
2018, tratamos da possível origem do João Alves Feitosa, como sendo oriundo da
Ilha da Madeira, ao passo que tentamos elucidar a possibilidade de ele também
ter se chamado João Ferreira Ferro. Frise-se que são hipóteses ainda não
confirmadas.[1]
Agora, o presente artigo terá como
objetivo apresentar documentação inédita acerca de laços de parentesco de João
Alves Feitosa (esposa, sogros, cunhada, etc.) e, a partir disso,
rediscutir o que, atualmente, é afirmado pela historiografia.
Frise-se que não há pretensão de
menoscabar os demais pesquisadores, posto que o único compromisso é, juntamente
com estes, tentar se aproximar ao máximo de fatos históricos, no sentido
científico, dialético e apodítico.
Ainda, devo dizer que não escrevo
por vaidade, mas por curiosidade e precaução. A curiosidade se lastreia no saber
sobre as origens, fato inerente ao ser humano e, por isso, dispensa maiores
explicações. Quanto à precaução, cinge-se ao fato de, no futuro, quando a idade
avançada desafiar a memória, eu poder recorrer as minhas garatujas e, assim,
relembrar a sequência dos fatos sem grande esforço mnemônico, podendo,
inclusive, deixar de herança a quem desejar, sobremodo ao meu filho, Joaquim
Norões Feitosa Ferro.
Por tudo isso, desde já, reitero
minha admiração por todos aqueles que se ocuparam e pelos que ainda se ocupam
do assunto de maneira gratuita e sincera.
O
que diz a Historiografia sobre alguns dos parentes de João Alves Feitosa
No
ano de 1952, Leonardo Feitosa, residente em Arneiroz-CE, sertão dos Inhamuns,
publicou a primeira edição do Tratado Genealógico da Família Feitosa, no qual
afirmou que João Aves Feitosa (pai de Francisco e Lourenço) fora casado com uma
filha do coronel Manoel Martins Chaves.[2]
Leonardo oferece outros detalhes,
como, por exemplo, ser Manoel Martins Chaves de Penedo-AL e senhor da Capela do
Buraco (esta, em Porto da Folha-SE), pai de duas filhas, uma delas casada com o
João, conforme já mencionado, e a outra com o português Antonio de Sousa
Carvalhedo:
Emigrou
ele [João] para o Brasil, provavelmente aí pela primeira metade do
século 17 e se casou com uma filha do coronel Manoel Martins Chaves, de Penedo
em Alagoas, que então fazia parte da capitania de Pernambuco. Com outra filha
do mesmo Manoel Martins Chaves casou-se o português Antonio de Sousa
Carvalhedo, que deu origem à família Araújo. Daí, a primeira fusão de parentes entre
Feitosas e Araújos.[3]
Anos
depois, em publicação feita por Fernando Araújo Farias, em 1995, revelam-se os
nomes das filhas de Manoel Martins Chaves, quais sejam, Nazária Ferreira
Chaves, casada com Antônio de Sousa Carvalhedo, e Ana Gomes Vieira, esta,
casada com João Alves Feitosa:
Dos
requerentes desta extensa sesmaria, devem merecer destaque os filhos do
português Antonio de Sousa Carvalhedo, c.c. Nazária Ferreira Chaves, bem
assim os filhos do também português João Alves Feitosa, c.c. Ana Gomes
Vieira. As mulheres destes dois portugueses – Antonio e João – eram irmãs,
filhas do Cel. Manoel Martins Chaves (1º), habitante em Penedo, Alagoas,
onde também eram sesmeiros seus genros.[4]
Uma
antiga obra de genealogia, cuja pesquisa fora realizada entre os anos de 1748 e
1777, intitulada de Nobiliarquia Pernambucana e de autoria de Borges da Fonseca,
registrou os nomes de João Alves Feitosa e de sua esposa Ana Gomes Vieira:
João Cavalcante de Albuquerque, que casou no sertão
de Inhamuns, Capitania do Ceará, com D. Maria Alves Vieira, filha do Coronel
Francisco Alves Feitosa e de sua primeira mulher Catharina.... neta por via
paterna de João
Alves Feitosa e de sua mulher Ana Gomes Vieira, e por via materna de N... de Menezes e de sua
mulher Paula Martins.[5]
Ao
que parece, Fernando Araújo Farias deve ter se abeberado em Borges da Fonseca,
pelo menos, quanto ao nome da esposa de João Alves Feitosa. Também é
interessante notar que Borges da Fonseca cita o nome de Paula Martins, no caso,
como sendo mãe de Catarina, e, esta, sendo nora de João Alves Feitosa.
Em
publicação de 1918, Antonio Bezerra faz menção a documento muito antigo, no
qual aparece João de Montes Bucarro e seus pais, Jorge de Bucarro e Paula
Martins:
O
sítio Banabuiu, a que se refere Pereira Freire, é hoje a barra do Sitiá, a
princípio denominado sítio na sesmaria de Jorge de Bucarro, terceiro
heréu na data de Banabuiu, concedida a 2 de setembro de 1683 a Lourenço
Cordeiro e seus 9 companheiros, de cuja data seu filho João de Montes
Bucarro, por procuração de sua mãi Paula Martins, vendeu uma légua a
Maria de Medeiros, viúva de Francisco Cabaceira Pimentel, e esta por escritura
de 15 de setembro de 1718 a vendeu ao capitão Pascoal Correia Vieira.[6]
Aproveitando
o ensejo, deve ser dito que Raimundo Girão, em artigo datado de 1965, menciona
também essa mesma Paula Martins, esposa de Jorge de Montes Bocarro, os quais
seriam os pais de João de Montes Bocarro, e, este, por sua vez, genitor do
coronel Francisco de Montes Silva, cunhado e inimigo figadal de Francisco Alves
Feitosa (filho de João Alves Feitosa):
João
de Montes, que aparece às vezes com o nome de João de Montes Bocarro (ou
Bucaro) e era filho de Jorge de Montes Bocarro e Paula Martins,
transferira-se do baixo-São Francisco para o Rio Grande do Norte (...).[7]
Entre
os mais conhecidos genealogistas do Ceará, encontra-se Francisco Augusto, o
qual ratifica a informação dada por Girão sobre Paula Martins.[8]
Apesar
de parecer confuso, essa digressão é necessária, pois, com base nessas
informações, há quem suspeite haver uma tricentenária linha de parentesco entre
Feitosa, Montes e Martins Chaves.
O
pesquisador Venício Feitosa, em trabalho vindo a lume no ano de 2016, levantou
a hipótese de Paula Martins, mãe de Catarina Cardosa da Rocha Resende Macrina
(esposa do coronel Francisco Alves Feitosa, filho de João Alves Feitosa), não
ser a mesma Paula Martins, mãe de João de Montes. Ademais, sentencia que a
primeira Paula (mãe da nora de João Alves Feitosa) seria filha do coronel
Manoel Martins Chaves e de Maria da Cruz Portocarreiro, e, dessa forma, irmã de
Ana Gomes Vieira (esposa de João Alves Feitosa) e de Nazária Ferreira Chaves
(esposa de Antonio de Sousa Carvalhedo).[9]
Assim,
apesar de já haver essa considerável sedimentação historiográfica acerca do assunto,
cabe questionar o seguinte: será que tais informações estão corretas? Existem
fontes primárias a respeito do tema? Ana Gomes Vieira era o nome correto da
esposa de João Alves Feitosa? O sogro deste último era mesmo Manoel Martins
Chaves?
Para
essas e outras perguntas, haverá resposta, conforme veremos mais adiante!
Suposta
ligação de João Alves Feitosa com Manoel Martins Chaves e os Portocarreiro
Conforme
o supramencionado, a historiografia condensou a ideia de que João Alves
Feitosa, capitão da vila de Penedo-AL, fora casado com Ana Gomes Vieira e que
esta era filha de Manoel Martins Chaves e de Maria da Cruz Portocarreiro.
Sobre
Manoel Martins Chaves, até agora, nada se sabe acerca de sua ascendência,
existindo sobre ele apenas poucas informações fragmentadas como, por exemplo,
ser residente em Penedo-AL; ser “senhor da capela do Buraco”, mais tarde, Porto
da Folha, na capitania de Sergipe[10];
ser, para alguns, capitão[11],
para outros, coronel; e ter resistido a uma execução por dívida de seu sogro
(Pedro Gomes), no ano de 1670[12].
De
posse dessas informações, é oportuno frisar que o termo “senhor de capela”
possuía um significado jurídico, econômico e religioso, pois os “Capelados” ou
“Terras de Capelas” não podiam ser vendidas, posto que seu proprietário, ao
instituir tal condição, legava uma parte de seus domínios ou rendas de suas
terras a uma Igreja previamente escolhida, com o objetivo de que, post mortem (após a morte), fossem
celebradas missas em intenção de sua alma ou obras de natureza desinteressada.
No início do século XIX, Henri Koster (ou Henrique da Costa) relata que este
instrumento jurídico causava grande dano financeiro aos herdeiros do senhor de
capela:
Existe
em Pernambuco alguns morgados, terras vinculadas, e creio que na Paraíba também
e ouvi dizer que na Bahia havia muito. Há também “Capelados” ou terras de
Capelas. Esses bens não podem ser vendidos, e por esse motivo ficam algumas
vezes abandonados, e trazem menor interesse ao Estado que outros bens sob
outras circunstâncias. O Capelado é constituído da seguinte forma: O proprietário
lega uma parte de seus domínios ou rendas de suas terras a uma Igreja
escolhida, com o propósito de ter missas para su’alma ou outras obras de
natureza desinteressada. Nessa situação, de acordo com a lei, o bem não pode
ser vendido, de sorte que, se o beneficiário não é bastante rico para fazer ele
próprio mover o engenho, o aluga a alguém que possua um número razoável de
negros e o possa movimentar. Depois de ser paga à Igreja legatária o que lhe é
devido, o proprietário recebe o que resta da renda de sua cota. Ultimamente as
terras, cujas casas foram oneradas com essas obrigações, baixaram a tal preço
que, depois de saldada a conta da Igreja, deduzida do montante necessário para
as despesas dos edifícios e canaviais, pouco resta para o herdeiro legítimo.[13]
Complementarmente,
deve ser dito que uma “capela de missa” equivalia a um conjunto de trinta
missas, celebradas em trinta dias consecutivos, as quais também eram
referenciadas como “Missas de São Gregório” ou “Missas Gregorianas”[14].
Quanto
ao nome da esposa de Manoel Martins Chaves, o autor Pedro Calmon, na sua obra
“Introdução e Notas ao Catálogo Genealógico das Principais Famílias, de Frei de
Jaboatão”, baseado em antigo trabalho de Macedo Leme, arrematou que Maria da
Cruz Portocarreiro era esposa de Manoel Martins Chaves, bem como chegou a citar
o nome de uma das filhas do referido casal, Domingas Francisca Travassos,
casada com Pedro Gomes de Abreu Leme. Neste trabalho são reveladas ligações genealógicas
do coronel ou capitão Manoel Martins Chaves com os Unhão, os Gomes, os Castelo
Branco, os Ferrão, os França e os Portocarreiro:
Alexandre
Gomes Ferrão Castelo Branco. Natural da vila de Penedo no São Francisco
(processo incompleto de Familiar do Santo Ofício, Índice Ca. G, ms. TT.) ‒ e
morgado do Porto da Folha, instituído por Pedro Gomes, “casou com D. Isabel
Cardosa, ou Josefa, Macedo Leme, Genealogia fl. 86, filha do coronel Salvador
Cardoso de Oliveira, filho do capitão Manuel Francisco de Oliveira e Catarina
do Prado, neto paterno de Matias Cardoso de Oliveira e materno de Francisco do
Prado e D. Leonor Aires, filha de Aires Anes de Figueiredo ‒ e D. Maria da Cruz
Portocarreiro, filha de Pedro Gomes de
Abreu, capitão-mor de Sergipe del-Rei e D. Domingas Francisca Travassos. Ele filho de outro, M.F. e neto de
Leonel de Lima senhor de Regalados. Ela filha de Manuel Martins Chaves e de sua mulher D. Maria da Cruz Portocarreiro”. Tinha engenho em Matoim. Fidalgo
da Casa Real.[15]
Ao
lado disso, duas pesquisadoras de Minas Gerais, no ano de 2012, ao analisarem
documentos oriundos do Arquivo da Santa Casa de Misericórdia da Bahia
(Matrícula de Irmãos. TR.IR.2202. Livro 3, 300 – 539v), reforçaram os
apontamentos feitos por Calmon, verbo ad
verbum:
Filha
do capitão de Sergipe Del Rei, Pedro Gomes Ferreira – natural da cidade da
Bahia, batizado na freguesia de Sergipe do Conde, na Bahia – e de D. Domingas Ferreira, nascida e
batizada na freguesia da Vila do Penedo do Rio de São Francisco, D. Maria da Cruz Portocarreiro, também,
nasceu na Vila de Penedo, Comarca das Alagoas, freguesia de Nossa Senhora do
Rosário, bispado de Pernambuco. Seu nome homenageava sua avó materna, casada com o capitão
Manuel Martins Chaves – senhor da capela do Buraco, posteriormente Porto da
Folha –, ambos nascidos na Vila do Penedo do Rio de São Francisco.[16]
As
autoras mineiras tratam nesta obra da sedição promovida por uma neta do capitão
Manoel Martins Chaves, chamada Maria da Cruz Portocarreiro, que se casou com um
paulista (Salvador Cardoso de Oliveira, sertanista e sobrinho do
mestre-de-campo do Terço dos Paulistas Matias Cardoso de Almeida) e que foi
morar em Mariana-MG. A causa da referida sedição estava ligada à insatisfação
com o quinto do ouro pago à Coroa portuguesa.
Ainda, subindo pela linha genealógica
de Ana Gomes Vieira, suposta filha de Manoel Martins Chaves e de Maria da Cruz
Portocarreiro, de acordo com os apontamentos do pesquisador Marcelo Feitosa,
poderia esta última ser filha de Domingos da Cruz Portocarreiro ou de Gaspar
Portocarreiro, uns dos primeiros sesmeiros estabelecidos às margens do baixo
São Francisco[17].
Ademais, as pesquisas apontam que os Portocarreiro se ligam à fidalguia europeia,
com raízes em Portugal e Espanha[18]
bem como com ramos genealógicos na Ilha da Madeira[19].
Apenas a título complementar, nesta
busca pelos pais de Maria da Cruz Portocarreiro, enxergamos múltiplas
possiblidades. Isto porque o sobrenome Cruz Portocarreiro se repete em inúmeros
documentos. Senão, vejamos!
Gaspar
da Cruz Portocarreiro, juntamente com Domingos da Cruz Portocarreiro e Pedro de
Figueiredo, moradores na capitania de Sergipe, “há muitos anos”, usando o
argumento de criarem seus “gados vacuns e cavalares”, nos dias 12 de setembro
de 1624 e 13 de agosto de 1625, receberam uma sesmaria de seis léguas quadradas
do capitão João Mendes e do capitão-mor Amaro da Cruz Portocarreiro. A área
concedida aos peticionários se iniciava na Ponta da Cabangua ou Tabangua ou
Atambangua, meia légua, subindo o rio, pelo lado direito[20].
Frise-se
que a concessão dessa sesmaria condicionava os peticionários a tomarem posse do
imóvel no prazo de um ano, o que de fato veio a ocorrer no dia 8 de maio de
1626, quando os beneficiários, acompanhados do tabelião da povoação de São
Cristóvão (primeira capital de Sergipe, fundada em 1590 por Cristóvão de
Barros, e, hoje, localizada na área metropolitana de Aracaju) e mais duas
testemunhas, foram até a área pretendida e cumpriram a cerimônia legal exigida,
isto é, desfolhando árvores agrestes; arremessando terra, capim e pedras ao ar,
anunciando em altas vozes que estavam tomando posse da terra, fazendo isso por
horas. Além do mais, os três requerentes ergueram no lugar um “tejupar” (na
língua tupi, o mesmo que cabana[21])
e fixaram três cruzes, uma grande e duas pequenas. Destaque-se que essas terras
eram vicinais ao Rio de São Francisco.
Os
antigos documentos também discorrem sobre um tal de Simão da Cruz Portocarreiro,
o qual recebeu a patente de capitão do distrito de São Francisco até Canindé,
no dia 8 de agosto de 1675[22].
O
liame genealógico dos Portocarreiro se estendia para além de Sergipe e das margens
do Rio de São Francisco, observando-se também em sertões vizinhos aos do Ceará,
e exemplo de Pombal, no Sertão de Piranhas, na capitania da Paraíba, onde estava
domiciliado Manuel da Cruz de Oliveira, oriundo da região sanfranciscana e
filho de Antão da Cruz Portocarreiro com Ana de Oliveira. Ela, filha de
Custódio de Oliveira Ledo e irmã de Teodósio e Constantino de Oliveira Ledo, os
primeiros invasores brancos dos sertões paraibanos na segunda metade do século
XVII, isto é, Cariris Velhos, Piranhas, Piancó, Espinharas, etc.
Antão
da Cruz Portocarreiro era oriundo da freguesia baiana de Vila Nova, hoje,
Neópoles, próximo a Penedo, em Alagoas. Acrescente-se que a esposa e os descendentes
dele deixaram seus nomes batizando alguns lugares na Paraíba, como é o caso da
Fazenda Ana de Oliveira, de Brejo do Cruz e de Catolé do Rocha:
Veio
também para a colonização do sertão da Paraíba uma filha de Custódio de
Oliveira Ledo, irmã de Constantino e Teodósio: Ana de Oliveira, casada com
Antão da Cruz Portocarreiro. Segundo Coriolano de Medeiros, foi o único membro
da família Oliveira Ledo que “conseguiu perpetuar o nome numa data de terra, e
assim quem hoje vai a Soledade para o interior, próximo aos primeiros declives
da Borborema, sai de uma sequência de cactos e entra numa planície extensa,
quase sem arborização, mas duma perspectiva agradável, em cujo centro está uma
casa de vivenda que é, ainda hoje, a fazenda Ana de Oliveira!”. Não tanto
assim. Dois descendentes de Ana de Oliveira têm seus nomes perpetuados em
cidades paraibanas. Brejo do Cruz lembra o nome do seu fundador, Manuel da Cruz
Oliveira, filho de Ana de Oliveira; Catolé do Rocha lembra o de Francisco da
Rocha Oliveira, o fundador do lugar, neto da mesma (...). Afirmou o filho
Manuel da Cruz de Oliveira, também em testamento: “Declaro que sou natural do
Rio São Francisco, da parte da Bahia, freguesia da Vila Nova, filho legítimo de
Antão da Cruz Pôrto Carreiro e de sua mulher Ana de Oliveira, já defuntos”.
Havia na Bahia duas Vila Nova, uma no centro, distante do S. Francisco, a atual
cidade do Senhor do Bonfim; a outra à margem do rio, perto da foz, em
território sergipano, a atual Neópolis.[23]
Diante
dessa análise histórica, feita com base na historiografia dominante, podemos apresentar
o seguinte esquema genealógico tido como verdadeiro:
Apesar
de os atuais pesquisadores aceitarem essa relação parental de João Alves
Feitosa como sendo verdadeira, os documentos têm apontado para uma realidade
diversa, conforme veremos a seguir.
Revelação
das novas fontes documentais
Em artigo já
publicado, apresentamos documentos com datas bastante recuadas que citam João
Alves Feitosa, a exemplo de uma carta datada de 3 de dezembro de 1670, a qual
diz que Feitosa foi o responsável por informar ao governador-geral do Brasil
sobre a prisão feita ao capitão-mor do Rio São Francisco (da Vila de Penedo),
João Vieira de Moraes.
Se
for considerada a nossa tese de o João Alves Feitosa ser o mesmo João Ferreira
Ferro (ambos, capitães da vila de Penedo), os documentos retroagem a 1664 e,
ainda, a 1647, quando este último é citado como sendo criador de gado e endividado
com um mascate judeu (Samuel Velho ou João Nunes Velho), ao tempo do Brasil
holandês:
A penetração
dos mascates judeus a considerável distância do Recife, inclusive na zona menos
abastada do que a do açúcar, como era a da pecuária, na ribeira do São
Francisco, está evidente numa declaração de créditos presentada perante a
Inquisição de Lisboa por Samuel Velho, aliás João Nunes Velho, preso em 1646
naquela zona e remetido para o Reino. Em seu depoimento perante o Santo Ofício
de Lisboa, em 6 de junho de 1647, no qual se lhe perguntou pelos bens móveis e
de raiz, direitos, ações e dívidas que tinha, disse que em Penedo possuía uma
casa que valeria 30$, a qual tinha duas mil telhas, e mais dois negros com sua
marca e os créditos seguintes, a cobrar: (...) João Ferreira Ferro,
morador junto à força, que vivia de gados que tinha, deve-lhe 29$320 de resto
de contas (...).[24]
Todavia,
aqui, não nos aprofundaremos no assunto relativo ao João Ferreira Ferro, pois o
objetivo será tratar das novas revelações de parentesco envolvendo
especificamente o nome do penedense João Alves Feitosa, ipsis litteris.
Dessa maneira, evitando-se meras
conjecturas, suposições subjetivas, hipóteses remotas, etc., nos concentraremos
em documentos.
Manoel
Martins Chaves não era sogro de João Alves Feitosa
Vasculhando antigos manuscritos, por
volta de 2023, encontramos um documento de grande importância para melhor entender
as origens da família Feitosa de Penedo/AL que migou para o Ceará, no início do
século XVIII.
Como pretendemos, futuramente,
abordar esse assunto em livro impresso, preferimos deixar para dito momento a
publicação mais detalhada da referida fonte primária. Por hora, será exposto
aqui parte dos manuscritos, justamente o trecho que revela qual o verdadeiro
nome dos sogros de João Alves Feitosa, o verdadeiro nome de sua esposa, dos
avós desta última, etc.
Os documentos que, agora, passamos a
analisar consistem em dois diferentes manuscritos.
O primeiro manuscrito é datado de 16
de abril de 1679 e trata de uma composição amigável (acordo) feita perante o
tabelião da vila de Penedo (ou vila do Rio de São Francisco) entre Cristóvão
Martins Chaves, o capitão João Alves Feitosa e José Ferreira Ferro.
Este documento aponta que Cristóvão,
viúvo de Maria Saraiva e morador no sítio do Saco, estava entregando parte de
suas terras a duas de suas netas, a título de dote. Essas netas se chamavam Ana
Gonçalves Vieira (casada com o capitão João Alves Feitosa) e Maria Saraiva
(órfã, representada por José Ferreira Ferro).
A filha de Cristóvão, Domingas
Martins, era mãe dessas duas referidas netas, as quais foram por ela concebidas
através de casamento com o sargento-mor Francisco Gonçalves Vieira. Ocorre que,
ao tempo, dito casal já havia falecido, por isso o dote ter sido direcionado a
Ana e Maria.
Pelo acordo, Cristóvão entregava
metade das terras (duzentas braças craveiras) onde residia (no sítio Saco,
termo da vila de Penedo), as quais haviam sido adquiridas a Belchior Alves e à
esposa deste, Joana Bezerra.
Observa-se no texto que o sogro de
João Alves Feitosa, o sargento-mor Francisco Gonçalves Vieira, já havia
adquirido as sobras de terras vizinhas à propriedade de Cristóvão Martins.
Ademais, a área entregue em dote
fora demarcada, separando-a da propriedade de Pedro Martins Chaves, filho de
Cristóvão, e, por isso, irmão de Domingas Martins. Nessa demarcação são citados
diversos topônimos como as serras de Maraba e Mataqueri, o riacho Taquara, Outeiro
da Canoa, Outeiro das Pedras, Canabraba e Frecheiras (Flecheiras).
Como testemunhas desse acordo,
assinaram Antonio Ferreira, Diogo de Campos, Manoel Saraiva e Pascoal Martins.
Já o segundo manuscrito é datado de 12
de setembro de 1699 e também consiste em uma escritura pública de composição que
celebraram Pedro Martins Chaves e sua esposa, Catarina da Silva, com o capitão
Domingos da Silva de Melo e sua consorte, Maria Ribeiro Sampaio.
Essa composição colocava fim a
algumas ações judiciais envolvendo as pessoas acima citadas. Tais ações eram de
natureza cível e envolviam uma parte do sítio do Saco de Cristóvão Martins, a
porção chamada das Frecheiras (Flecheiras) bem como perdas e danos dos gados ocorridas
nesse mesmo sítio.
O
capitão Domingos da Silva de Melo e sua esposa haviam adquirido
as terras da Frecheiras (Flecheiras) por meio de dote dado a esta última por
sua genitora, Mariana Ribeiro Sampaio, tendo em vista que o sogro do capitão
Domingos havia comprado referido imóvel aos herdeiros do capitão João Alves
Feitosa e que havia entrado judicialmente na posse deste.
Chama
a atenção essa parte do documento sobre o sogro do capitão Domingos ter
comprado o sítio das Frecheiras aos herdeiros do capitão João Alves Feitosa,
isto, porque, se foram os herdeiros os vendedores, logicamente, o instituidor
da herança já havia falecido à época da celebração do negócio jurídico citado.
O
manuscrito também revela que Pedro Martins Chaves, depois da divisão das terras
feita por seu pai, havia ficado no sítio da Canoa e que, por não ter sido
efetivada a demarcação com as terras das Frecheiras, daí, havia expulsado o
capitão Domingos.
Porém,
a assinatura da composição em apreço colocava fim a essa contenta judicial,
pois ficou ajustada a fixação de marcos de pedra divisando os dois sítios,
correndo pelo rio Taquara e subindo pela “Maruba” (Maraba?).
Portanto,
esses documentos comprovam:
I) que Manoel Martins Chaves não era o sogro do
capitão João Alves Feitosa;
II) que o
verdadeiro nome da esposa do capitão João Alves Feitosa era Ana Gonçalves
Vieira;
III) que os
pais de Ana Gonçalves Vieira eram Domingas Martins e o sargento-mor Francisco
Gonçalves Vieira;
IV) que os
avós maternos de Ana Gonçalves Vieira eram Cristóvão Martins Chaves e Maria
Saraiva;
V) que Ana
Gonçalves Vieira tinha uma irmã mais nova chamada Maria Saraiva;
VI) que Ana
Gonçalves Vieira era sobrinha de Pedro Martins Chaves, o qual era filho de
Cristóvão Martins Chaves e Maria Saraiva;
VII) que Ana
Gonçalves Vieira e o capitão João Alves Feitosa já eram casados no ano de 1679;
VIII) que as
terras das Frecheiras (no atual estado de Alagoas), deixadas por herança de Ana
Gonçalves Vieira e do capitão João Alves Feitosa, foram vendidas por seus
herdeiros.
Logo abaixo, elaboramos um quadro
esquematizado sobre essa recém-descoberta linha genealógica:
Transcrição
parcial dos manuscritos: Composição entre Cristóvão Martins Chaves, João Alves
Feitosa e José Ferreira Ferro e composição entre Pedro Martins Chaves e
Domingos da Silva de Melo
hê Taballiaõ o Alfferes Gaspar
Fernandes de Crasto pello que Pede AVossa Mer/ se lhefaça merse mandar que o
dito Taballiaõ o Alfferes Gaspar Fernandes deCras/ tolhedê ostreslados que fas
mençaó emmodo quefaça fé ereçeberã merse = Des/ pacho = Passe doque constar =
Ferro = Treslladar doque Sepedem = Escriptura/ deaMigavel Compoziçaõ quefazem
entreSim [sic] Christovaõ Martins, eo Cappitaó/ Joaó Alves
Feitoza eo Curador daorpha Maria Saraiva = Saibaõ quantos este/
publico instromento deConsserto eamigavel Compoziçaó debéns deRais
quefazem/ entreSy os Contraentes eoutorgantes aodiante nomeados eaSignados
virem que/ no anno doNasçimento denosso Senhor Iesus Christo demileseiscentos
esetenta eno/ ve annos a osdezaseis dias domes deAbril dodito anno neste Citio
doSaco don/ de mora Christovaõ Martins dondeeu Taballiaó aodiante nomeado
fuy cha/ mado esendo ahy prezente aparesseraó perante mim partes prezentes
eoutor/ gantes dehuá Christovaó Martins como Pay eSogro de Domingas
Martins/ edeseu genro oSargentomor Francisco Gonçalves viuvo
edaoutra oCappitaó/ Joaõ Alves Feitoza Cazada [sic] com Anna
Gonçalves eo Cappitaó Jozê/ Ferreira curador deAnna
Saraiva ambas filhas dadita Domingas Martins edodito/ Francisco Gonçalves
Vieira nettas delle outorgante os quaes outorgantes ea/ Seitantes
pessoas demim Taballiaõ ReConheçidas disseraó prezente mim edas testemunhas
aodiante nomeadas que elles porescuzarem duvidas eConten/ das que aodiante
poderaõ cresser sobre apartiçaó epartilhas destaterra em/ que hora heraó
prezentes asditas suas nettas eodito Christovaõ Martins seu/ avô por odito
outorgante aver cazado aditasua filha Domingas Martins/ com Francisco Gonçalves
Vieira elheaver dado emdote ametade daproprie/ dade deterra que dito Christovaó
Martins possuhia em este Saco portitu/ lo deescriptura eRatifficaçaó feita
porBelchior Alves esua mulher eodi/ toseugenrro aver comprado depois
deCazado a Joanna Bizerra mulher do/ dito Belchior Alves asobras daterra anexas
adita propriedade como Lar/ gamente consta daescriptura dadita Joanna
Bizerraedoinventario/ queSefes porfalleçimento dodito Seugenrro Francisco
Gonçalves Vieira/ eporhora deprezente serem falleçidos odito Seugenrro efilha
eamulher/ dodito outorgante chamada Maria Saraiva eporquerer elle
outorgante [imagem 02]
outorgante
chamada Maria Saraiva eporquerer elle outorgante partir as/ ditas terras com
asditas Suas nettas eaparte que lheficar Repartir comseus fil/ lhos efilhas,
eporevitar duvidas e contendas deJuizo ouveraô porbem elleOutorgan/ te
Christovaõ Martins edito Joaõ Alves Feitoza marido desua netta Anna Gon/
çalves, eoCurador daOrpham Maria Saraiva aceitantes eseConçertaraô apartida/ da
Sobreditas terras propriedades eObras declaradas naformaemaneiraSeguinte/
doCurral onde deprezente mora Pedro Martins semediraó duzentas braças/
Craveiras para as Canabrabas eahy Seporá marco edahy para baixo toda
aterra e/ pastos ematos que ouver pertençente adita propriedade eobra fizera
para/ asditas Suas nettas etornando aodito Citio dePedro Martins dahy para/
aparte damaraba Sevira o Riaxo chamado tacoaras de demarcaçaõ
entre ele/ outorgante esuas nettas edahy atê onde fizer Caminho direito abuscar
aestra/ da quevay para amaraba enotopo dooiteiro das pedras
Siporá marco edahy/ correrá Rumo direito ao alto daterra aonde esta omarco que
sepôs nadita/ Serra dasmedissoéns que sefizeraó para amataquery enaõ
para odito Chris/ tovaó Martins Curral notabolleiro salvo no oiteiro
da Canoâ easditas suas/ nettas poraõ Cural nas freixeras naparte que
lhetoca e estaterra assim par/ tida ficarâ para asditas suas nettas eseus
herdeiros todas asterras epastos/ eagoas ematos que ouver daparte doNorte athê
onde chegar odireito daes/ criptura esobras Epara elle otorgante conssentem
elles aceitantes fique toda/ aterra agoas pastos ematos queouver para aparte
dosûl ficando emmeyo/ dito Riaxo tocoaras pordemarcaçaó epara elles otorgante
eaçeitantes assima/ comprirem eguardem Seobrigaraó porsy eseusbeñs naõ ir nem
contrariar oas/ sima declarado em parte nem emtodo elle otorgante disse que
paramais se/ guranssa efirmeza evallidade detudo assima declarado sedesaforava
detodo ofo/ ro eliberdade que emdireito lhepossa edava haja detocar
eaocumprimento/ do dado edotado Comsserto declarado hipotecava eobrigava
omilhor parado/ desuaterça debeñs moveis deRais eoutrosim quesendo queemalgum
tempo/ por sim [sic] eseus herdeiros elle outorgante queira Emnovar
ouContrariar di [imagem 03]
dito pacto de
Compoziçaõ Amigavel compoziçaõ naforma atras declarada notal a/ cto naô seria
elle nem seus herdeiros ouvidos Sem primeiro depuzitarem namaó/ daparte
contraria tres mil cruzados emdinheiro de contado sem para isso lhepedir fiador
a/ bonado porque desse logo havia adita parte comtraria porabonada
eosaceitantes di/ to Joaõ Alves Feitoza marido de Anna Gonçalves, e Jozé Maria [sic]
Curador daOrfam/ MariaSaraiva assim aseitavaõ adita condiçaõ eamesma
obrigaçaõasima declarada fa/ zia odito Joaõ Alves Feitoza por Sy eSua mulher
eocurador daorfam pella dita orfam/ eseus béns comcondiçaõ expressa dodepozito
quecada hum delles Serâ obrigado antes dar/ namaõ daparte contraria antes que
para oContrariar esta escriptura Sejaô ad-/ metidos eouvidos esedes aforáo huns
eoutros detodo oforo privilegios eizençoẽs e/ liberdades que odireito emtal
cazo otorga eque somentes daquy para todo osem pre entre elle contrariante
eseus herdeiros esta cumpra eguarde emfirmeza deque/ assim ooutorgaráo
emandaraô Ser feito esteinstromento emesta notaque pediraõ e/ aseitaraô sendo
atudo prezentes portestemunhas Antonio Fereira, e Diogo de Campos/ eManoel
Saraiva, ePascoal Martins que asignaraõ eeu Taballiaó aceito como/ pessoa
publica extipullante easeitante emnome dosauzentes aquem tocar etodos hu/ ns
eoutros asignaraô eeu Antonio Dias daFranca Taballiaõ o escrevy = Joaõ
Alves/ Feitoza = Christovaô Martins = Jozé Ferreira Ferro =
Diogo deCampos =Pas/ coal Martins = Antonio Ferreira = Manoel Saraiva = Segunda escriptura
= Es/ critura deAmigavel compoziçaõ edezistençia decauza quefaz o Cappitaõ
Domin/ gos dasilva esuamulher, ePedro Martiñs Chaves, esua mulher do Citio
das tres seras = Saibaõ quantos este publico instromento dedizistençia decauzas
eamigavel/ compoziaçaõ ou como emdireito milhor Lugar haja edizer Sepossa virem
que noan/ no do Nasçimento deNosso Senhor Iesus Christo demileseisçentos
enoventaeno/ ve annos aos doze dias domes deSeptembro dodito anno neste
Lugar doSaco de/ Christovaõ Martins termo da Villa deSaõ Francisco
Cappitania dePernam/ buco emcazas demoradas do Cappitaõ Domingos daSilva
Camello aonde eu/ Taballiaô estava efuy chamado eestando ahiy aparesseraó
perante mim partes/ prezentes eoutorgantes asaber Pedro Martins Chaves esua
mulher Catharina/ daSilva eo Cappitaõ Domingos daSilva eMello,
esuamulher Donna Ma- [imagem 04]
Maria
Ribeira deSampayo moradores
notermo desta Villa todas pessoas/ demim Taballiaô Reconhecidas pellas proprias
nomeadas eporelles todos foi di/ to emminha prezença edastestemunhas aodiante
nomeadas easignadas q´/ elles entreSy traziaó noJuizo ordinario desta Villa
varias cauzas Civeis ehúa em/ testada Sobre hú citio deterras dosaco
dechristivaô Martins chamado odas/ frexeiras esobre huãs perdas
edannos dos gados domesmo Citio eporque estaó co/ sertados ehavidossobre
omesmo Citio edependençia de cauza eporevitarem duvidas/ eContendas epara sua
aquitaçaó eescuzarem degastos que podiaõ delas/ Suçeder edemandas aviaõ
porsuspença adita cauza humas eoutras adavaõ/ por findas eacabadas edellas naô
queriaô mais uzar agora nem emtempo algum/ para cujo effeito aviaô asignado
termo dedizistençia della epor authoridade de Jus/ tiça, eporquanto elle dito Domingos
daSilva deMello esua mulher possuhiaõ hú/ Citio deterras chamado asfrexeiras
oqual ouveraó portitullo dedote desua Sogra eMay/ Marianna Ribeira deSampaio
comtodas asdeclarassoéns da escriptura davenda/ declaradas que odito Seu Sogro
ePay avia comprado aos Herdeiros do Cappitaõ Joaô/ Alves Feitoza edella avia
odito Cappitaõ tomado posse Iudiçialmente eporque ho/ ra odito Citio
mistico comterras misticas do dito Pedro Martiñs do Citio do Oiteiro/ da
Canoa eporque odito Pedro Martiñs havia Lanssado fora dodito Citio aodito
Do/ mingos daSilva comseus gados pornaô estarem demarcadas entresy por Cuja
cauza/ lheavia odito Domingos daSilva movido huá demanda emjuizo epara correr/
os termos della afes vestoria nas Confrontaçoéns e Rumos emvirtude dehuâ
escriptura/ deCompoziçaõ que havia feito Christovaõ Martiñs Pay dodito Pedro
Mar/ tiñs eoutro sy assuas nettas Sobre qual fora oCitio das frexeiras efeita
adita ves/ toria eCorridos os Rumos eConfrontassoéns edemarcassoeñs por homens [palavra
não lida] na/ quelles Lugares Seachou Ser odito Citio das frexeiras
dodito Cappitaõ Domin/ gos daSilva de Mello emvirtude damesma escriptura
deCompoziçaõ enames/ ma forma em que pella dita vestoria estava demarcada
correndo dos Riaxos taco/ ara pello Caminho damaruba athê otopo daspedras donde
nadita vestoriase/ pos omarco depedra como consta doauto dadita vestoria e
correndo Rumo para aserra/ damaruba Rumo direito aomais alto pico como declara
naescriptura daCompozi/ çaõ consta em cujo comprimento Sefez adita vestoria
epello dito Pedro Martins [imagem 05]
eadita sua mulher foi dito que
elles porescuzar asduvidas econtendas aseitava/ adita vestoria eConssentiaõ
nella narrado edetreminado ficando toda aterra/ que ficava dadita demarcaçaó
emarco do topo daspedras para aparte donorte para/ odito Domingos daSilva esua
mulher eherdeiros comosua queja hera eassim as/ poderaó gozar Semque elles
outorgantes lhoponhaô duvidas alguâs emtempo algũ/ porsy nem poroutrem nem por
seus herdeiros eque para elles outorgantes fica a/ quefica dodito
marcoecomfrontaçaó para aparte dooiteiro daCanoa noqual Citio/ odito Pedro
Martins podera pôr seu curral [palavra apagada] mais couza alguâ, eodi/
to Domingos daSilva podera pôr seu cural nas frexeiras daparte dedentro da/
confrontacaô e marco dotopo daspedras naparte donde lhepareser epellodito Cap/
pitaõ Domingos daSilva esua mulher foidito que elle aseitava odito Consser/ to
namesma forma emque estava marcado edeterminado nadita vestoria e/ que dezistia
dademanda quetrazia com odito Pedro Martiñs, esuamulher so/ bre adita
propriedade eperdas edannos della naó queriaó mais uzar visto ficarem/ noseu
mesmo citio epropriedade das frexeiras eporque nesta mesma forma as/ sima
declarado huns eoutros estavaô avidos huñs eoutros assim dito Pedro Martins/
Chaves sua mulher, eodito Cappitaó Domingos daSilva de Mello, eadita sua um/
lher, edeclararaô os ditos outorgantes que Segovernase cada hum pella
demarcação/ domarco dotopo das pedras correndo para atacuara donde tambem Sepos
hũ/ marco dehuã crûs junto aodito Riaxo emhú pau de angico napassage dodito/
Riaxo tacoara ehũ marco depedra afincada noxaó junto aodito Angico eriaxo o/
qual marco hú eoutro servirá dedemarcaçaó assim para odito Pedro Martiñs co/ mo
para odito Cappitaõ Domingos daSilva ficando hú eoutro gozando por/ Sy eseus
herdeiros evindouros ditos citios assim demarcados comseus matos pastos/ eagoas
elogradoros ficando emmeyo adita demarcaçaõ epara elles outorgantes/ assim o
Comprirem eguardarem Seobrigaraô porsy eseus beñs anaô hirem contra/ oasima
declarado esedesaforavaó detodo oforo eliberdade deque emdireito seposa/ deva
ehaja dedizer ao Cumprimento deste Consserto naforma que nesta es-/ criptura
Sedeclara ao Cumprimento desta obrigaçaó toda asua fazenda mo-/ veis como
derais eoutrosim que Sendo que algú delles outorgantes por sim/ oupor seus
herdeiros encontrem oCumprimento desta escritura eamigavel [imagem 06]
Compoziçaõ
naô será ouvido em Juizo nemfora delle sem primeiro depozitar/ trezentos
milreis emmaõ doque ficar Sendo Reo nodito cazo sem para issolhepe-/ dir fiador
porque desde Logo ohaõ por abonado oqual consserto epacto assim feito/ entre
elle aseitaraõ osditos outorgantes huns eoutros easeitantes emfirmeza deq/
assim outorgaraõ emandaraô Ser feito este instromento nesta notta quepediraó/
easeitaraó sendo atudo prezentes portestemunhas o Alfferes Pedro Dantas/
deBarros eoJuis Ordinario Gaspar Francisco Telles, eo Alfferes Manoel Ri/ beiro
deSamPayo que Asinaraó com osditos outorgantes easeitantes eeu Taba/ liaõ
oaseito emnome doauzente aquem tocar como pessoa publica extipu/ lante easeitante
pella molher dodito Pedro Martiñs naõ saber escrever/ asignou porella o
Alfferes Joaõ Soares Vieira eeu Ioaõ Dantas Aranha Taballi/ aõ oescrevy = Pedro
Martiñs Chaves = Asigno arogo da outorgantes Catharina/ daSilva, Ioaõ Soares
Vieyra, Domingos daSilva eMello, Donna Maria Ri/ Ribeira SamPayo, Pedro Dantas
deBarros, Gaspar Francisco Telles, enaó seConti/ nha mais nas ditas
procuraçoeñs que eu Gaspar Fernandes deCrasto Taballiaõ pu/ blico dojudiçial
enottas nesta Villa doPenedo Ryo deSaô Francisco Capitania de/ Pernambuco etc.
fis treslladar bemefielmente dos Livros denottas donde atomou a/ primeira
escriptura Antonio Dias daFranca, easegunda o Cappitaõ Joaõ Dan/ tas Aranha
aqual mereporto emtodo oportodo com oqual estes confery subscrevy ea/ signey em
Razo comofficial abaixo asignado Penedo dês deDezembro demilesete/ centos eoito
annos Gaspar Fernandes deCrasto escrivaó que afis escrever esobscrevy easi/
gney eConssertey = Concertado pormim escrivaõ Gaspar Fernandes deCrasto =
eComigoal/ caide Luis Fernandes da Costa [imagem 07]
[1] MACEDO, Heitor
Feitosa. Origens das Famílias Alves
Feitosa e Ferreira Ferro: Portugal e Brasil. Disponível em: https://estoriasehistoria-heitor.blogspot.com/2018/07/1.html.
[2] [2]
FEITOSA, Leonardo. Tratado Genealógico da
Família Feitosa. Fortaleza/CE: Imprensa Oficial, 1985, p. 13.
[3] Ibidem, p.
10 e 11.
[4] FARIAS, F.
Araújo Farias. Araújos e Feitosas Colonizadores do Alto e Médio Acaraú.
Fortaleza-CE: Fundação Cultural de Fortaleza, 1995, p. 16 e 17.
[5] FONSECA,
Antonio José Victoriano Borges da. Nobiliarchia Pernambucana. Vol. II.
Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1935, p. 427.
[6] BEZERRA,
Antonio. Algumas Origens do Ceara. Ed. Fac-similar. Fortaleza: Fundação
Waldemar Alcântara, 2009, p. 141.
[7] GIRÃO,
Raimundo. Montes, Machados e Girões. Revista do Instituto do Ceará,
1965, p. 95.
[8] AUGUSTO,
Francisco. Famílias Cearenses. Fortaleza-CE: Editora Premius, 2001, p.
279.
[9] NEVES,
Venício Feitosa. O Patriarca. Cajazeiras-PB: Editora e Gráfica real, 2016,
p. 91.
[10] BOTELHO,
Angela Vianna, ANASTASIA, Carla. D. Maria
da Cruz e a Sedição de 1736. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012, p. 10
e 11.
[11] FEITOSA,
Leonardo. Op. cit., p. 10 e 11.
[12] (Biblioteca
Nacional – Documentos Históricos). Disponível em: < http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=094536&pesq=martins+chaves>. Acesso
em 14 de maio de 2020, às 11h24min.
[13] KOSTER,
Henry. Viagens ao Nordeste do Brasil. Vol. 2. 12ª Ed. Rio – São Paulo –
Fortaleza: ABC Editora, 2003, p. 438.
[14] CASCUDO,
Luís da Câmara. A Casa de Cunhaú.
Brasília: Edições do Senado Federal, 2008, p. 133.
[15] CALMON,
Pedro. Introdução e Notas ao Catálogo
Genealógico das Principais Famílias, de Frei Jaboatão. Volume II. Salvador
– BA: Empresa Gráfica da Bahia, 1985, p. 572.
[16] BOTELHO,
Angela Vianna, ANASTASIA, Carla. Op.
cit., p. 10 e 11.
[17] Disponível
em:< https://historiaegenealogia.blogspot.com/2020/02/a-familia-feitosa-e-seus.html?showComment=1589469533562#c2405044371276367501>. Acesso
em 14 de maio de 2020, às 21h17min.
[18] Armorial
Lusitano: genealogia e heráldica. Lisboa: Editorial Enciclopédia LTDA,1961, p.
447.
[19] CLODE, Luiz
Peter. Registro Genealógico de Famílias
que Passaram à Madeira. Funchal/PT: Tipografia Comercial, 1952, p. 265.
[20] Biblioteca
Nacional. Documentos Históricos: provisões, alvarás e sesmarias: 1668 – 1677.
Volume XIX. Rio de Janeiro, Biblioteca Nacional, 1930, p. 45. Disponível em:
<http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=094536&pesq=carreiro>. Acesso
em 16 de maio de 2020, às 14h56min.
[21] NAVARRO,
Eduardo de Almeida. Tupi Antigo: a língua
indígena clássica do Brasil. São Paulo: Global Editora, 2013, p. 471.
[22] Biblioteca
Nacional. Documentos Históricos: patentes e provisões, 1668 – 1677. Volume XII.
Rio de Janeiro, Biblioteca Nacional, 1929, p. 350 e 351. Disponível em: <http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=094536&pesq=carreiro>. Acesso
em 16 de maio de 2020, às 14h56min.
[23] ALMEIDA, Elpídio de. História de Campina Grande. Campina
Grande – Paraíba: Livraria Pedrosa, 1962, p. 27 a 29.
[24] MELLO, José
Antônio Gonsalves de. Gente da Nação. Recife: FUNDAJ, Editora Massagana,
1990, p. 239 e 240.
Nenhum comentário:
Postar um comentário