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terça-feira, 21 de outubro de 2025

Documentos inéditos sobre alguns laços de parentesco de João Alves Feitosa, “o primeiro”

 

Documentos inéditos sobre alguns laços de parentesco de João Alves Feitosa, “o primeiro”

 

                                                                      Heitor Feitosa Macêdo

           

Há muito se publica a respeito de João Alves Feitosa, o qual, teria sido o primeiro a migrar de Portugal para o Nordeste do Brasil, onde veio a dar origem à numerosa família, principalmente aos Alves Feitosa que se concentram, em grande parte, no sertão cearense dos Inhamuns. 

            Em artigo publicado por nós, em 2018, tratamos da possível origem do João Alves Feitosa, como sendo oriundo da Ilha da Madeira, ao passo que tentamos elucidar a possibilidade de ele também ter se chamado João Ferreira Ferro. Frise-se que são hipóteses ainda não confirmadas.[1]

            Agora, o presente artigo terá como objetivo apresentar documentação inédita acerca de laços de parentesco de João Alves Feitosa (esposa, sogros, cunhada, etc.) e, a partir disso, rediscutir o que, atualmente, é afirmado pela historiografia.

            Frise-se que não há pretensão de menoscabar os demais pesquisadores, posto que o único compromisso é, juntamente com estes, tentar se aproximar ao máximo de fatos históricos, no sentido científico, dialético e apodítico.

            Ainda, devo dizer que não escrevo por vaidade, mas por curiosidade e precaução. A curiosidade se lastreia no saber sobre as origens, fato inerente ao ser humano e, por isso, dispensa maiores explicações. Quanto à precaução, cinge-se ao fato de, no futuro, quando a idade avançada desafiar a memória, eu poder recorrer as minhas garatujas e, assim, relembrar a sequência dos fatos sem grande esforço mnemônico, podendo, inclusive, deixar de herança a quem desejar, sobremodo ao meu filho, Joaquim Norões Feitosa Ferro.     

            Por tudo isso, desde já, reitero minha admiração por todos aqueles que se ocuparam e pelos que ainda se ocupam do assunto de maneira gratuita e sincera. 

 

O que diz a Historiografia sobre alguns dos parentes de João Alves Feitosa

           

            No ano de 1952, Leonardo Feitosa, residente em Arneiroz-CE, sertão dos Inhamuns, publicou a primeira edição do Tratado Genealógico da Família Feitosa, no qual afirmou que João Aves Feitosa (pai de Francisco e Lourenço) fora casado com uma filha do coronel Manoel Martins Chaves.[2]

            Leonardo oferece outros detalhes, como, por exemplo, ser Manoel Martins Chaves de Penedo-AL e senhor da Capela do Buraco (esta, em Porto da Folha-SE), pai de duas filhas, uma delas casada com o João, conforme já mencionado, e a outra com o português Antonio de Sousa Carvalhedo:

Emigrou ele [João] para o Brasil, provavelmente aí pela primeira metade do século 17 e se casou com uma filha do coronel Manoel Martins Chaves, de Penedo em Alagoas, que então fazia parte da capitania de Pernambuco. Com outra filha do mesmo Manoel Martins Chaves casou-se o português Antonio de Sousa Carvalhedo, que deu origem à família Araújo. Daí, a primeira fusão de parentes entre Feitosas e Araújos.[3]

            Anos depois, em publicação feita por Fernando Araújo Farias, em 1995, revelam-se os nomes das filhas de Manoel Martins Chaves, quais sejam, Nazária Ferreira Chaves, casada com Antônio de Sousa Carvalhedo, e Ana Gomes Vieira, esta, casada com João Alves Feitosa:

Dos requerentes desta extensa sesmaria, devem merecer destaque os filhos do português Antonio de Sousa Carvalhedo, c.c. Nazária Ferreira Chaves, bem assim os filhos do também português João Alves Feitosa, c.c. Ana Gomes Vieira. As mulheres destes dois portugueses – Antonio e João – eram irmãs, filhas do Cel. Manoel Martins Chaves (1º), habitante em Penedo, Alagoas, onde também eram sesmeiros seus genros.[4]

            Uma antiga obra de genealogia, cuja pesquisa fora realizada entre os anos de 1748 e 1777, intitulada de Nobiliarquia Pernambucana e de autoria de Borges da Fonseca, registrou os nomes de João Alves Feitosa e de sua esposa Ana Gomes Vieira:

João Cavalcante de Albuquerque, que casou no sertão de Inhamuns, Capitania do Ceará, com D. Maria Alves Vieira, filha do Coronel Francisco Alves Feitosa e de sua primeira mulher Catharina.... neta por via paterna de João Alves Feitosa e de sua mulher Ana Gomes Vieira, e por via materna de N... de Menezes e de sua mulher Paula Martins.[5]

Ao que parece, Fernando Araújo Farias deve ter se abeberado em Borges da Fonseca, pelo menos, quanto ao nome da esposa de João Alves Feitosa. Também é interessante notar que Borges da Fonseca cita o nome de Paula Martins, no caso, como sendo mãe de Catarina, e, esta, sendo nora de João Alves Feitosa.

Em publicação de 1918, Antonio Bezerra faz menção a documento muito antigo, no qual aparece João de Montes Bucarro e seus pais, Jorge de Bucarro e Paula Martins:

O sítio Banabuiu, a que se refere Pereira Freire, é hoje a barra do Sitiá, a princípio denominado sítio na sesmaria de Jorge de Bucarro, terceiro heréu na data de Banabuiu, concedida a 2 de setembro de 1683 a Lourenço Cordeiro e seus 9 companheiros, de cuja data seu filho João de Montes Bucarro, por procuração de sua mãi Paula Martins, vendeu uma légua a Maria de Medeiros, viúva de Francisco Cabaceira Pimentel, e esta por escritura de 15 de setembro de 1718 a vendeu ao capitão Pascoal Correia Vieira.[6]

Aproveitando o ensejo, deve ser dito que Raimundo Girão, em artigo datado de 1965, menciona também essa mesma Paula Martins, esposa de Jorge de Montes Bocarro, os quais seriam os pais de João de Montes Bocarro, e, este, por sua vez, genitor do coronel Francisco de Montes Silva, cunhado e inimigo figadal de Francisco Alves Feitosa (filho de João Alves Feitosa):

João de Montes, que aparece às vezes com o nome de João de Montes Bocarro (ou Bucaro) e era filho de Jorge de Montes Bocarro e Paula Martins, transferira-se do baixo-São Francisco para o Rio Grande do Norte (...).[7]

Entre os mais conhecidos genealogistas do Ceará, encontra-se Francisco Augusto, o qual ratifica a informação dada por Girão sobre Paula Martins.[8]

Apesar de parecer confuso, essa digressão é necessária, pois, com base nessas informações, há quem suspeite haver uma tricentenária linha de parentesco entre Feitosa, Montes e Martins Chaves.

O pesquisador Venício Feitosa, em trabalho vindo a lume no ano de 2016, levantou a hipótese de Paula Martins, mãe de Catarina Cardosa da Rocha Resende Macrina (esposa do coronel Francisco Alves Feitosa, filho de João Alves Feitosa), não ser a mesma Paula Martins, mãe de João de Montes. Ademais, sentencia que a primeira Paula (mãe da nora de João Alves Feitosa) seria filha do coronel Manoel Martins Chaves e de Maria da Cruz Portocarreiro, e, dessa forma, irmã de Ana Gomes Vieira (esposa de João Alves Feitosa) e de Nazária Ferreira Chaves (esposa de Antonio de Sousa Carvalhedo).[9]

Assim, apesar de já haver essa considerável sedimentação historiográfica acerca do assunto, cabe questionar o seguinte: será que tais informações estão corretas? Existem fontes primárias a respeito do tema? Ana Gomes Vieira era o nome correto da esposa de João Alves Feitosa? O sogro deste último era mesmo Manoel Martins Chaves?

Para essas e outras perguntas, haverá resposta, conforme veremos mais adiante!

           

Suposta ligação de João Alves Feitosa com Manoel Martins Chaves e os Portocarreiro

 

Conforme o supramencionado, a historiografia condensou a ideia de que João Alves Feitosa, capitão da vila de Penedo-AL, fora casado com Ana Gomes Vieira e que esta era filha de Manoel Martins Chaves e de Maria da Cruz Portocarreiro.

Sobre Manoel Martins Chaves, até agora, nada se sabe acerca de sua ascendência, existindo sobre ele apenas poucas informações fragmentadas como, por exemplo, ser residente em Penedo-AL; ser “senhor da capela do Buraco”, mais tarde, Porto da Folha, na capitania de Sergipe[10]; ser, para alguns, capitão[11], para outros, coronel; e ter resistido a uma execução por dívida de seu sogro (Pedro Gomes), no ano de 1670[12].

De posse dessas informações, é oportuno frisar que o termo “senhor de capela” possuía um significado jurídico, econômico e religioso, pois os “Capelados” ou “Terras de Capelas” não podiam ser vendidas, posto que seu proprietário, ao instituir tal condição, legava uma parte de seus domínios ou rendas de suas terras a uma Igreja previamente escolhida, com o objetivo de que, post mortem (após a morte), fossem celebradas missas em intenção de sua alma ou obras de natureza desinteressada. No início do século XIX, Henri Koster (ou Henrique da Costa) relata que este instrumento jurídico causava grande dano financeiro aos herdeiros do senhor de capela:

Existe em Pernambuco alguns morgados, terras vinculadas, e creio que na Paraíba também e ouvi dizer que na Bahia havia muito. Há também “Capelados” ou terras de Capelas. Esses bens não podem ser vendidos, e por esse motivo ficam algumas vezes abandonados, e trazem menor interesse ao Estado que outros bens sob outras circunstâncias. O Capelado é constituído da seguinte forma: O proprietário lega uma parte de seus domínios ou rendas de suas terras a uma Igreja escolhida, com o propósito de ter missas para su’alma ou outras obras de natureza desinteressada. Nessa situação, de acordo com a lei, o bem não pode ser vendido, de sorte que, se o beneficiário não é bastante rico para fazer ele próprio mover o engenho, o aluga a alguém que possua um número razoável de negros e o possa movimentar. Depois de ser paga à Igreja legatária o que lhe é devido, o proprietário recebe o que resta da renda de sua cota. Ultimamente as terras, cujas casas foram oneradas com essas obrigações, baixaram a tal preço que, depois de saldada a conta da Igreja, deduzida do montante necessário para as despesas dos edifícios e canaviais, pouco resta para o herdeiro legítimo.[13]

Complementarmente, deve ser dito que uma “capela de missa” equivalia a um conjunto de trinta missas, celebradas em trinta dias consecutivos, as quais também eram referenciadas como “Missas de São Gregório” ou “Missas Gregorianas”[14].

Quanto ao nome da esposa de Manoel Martins Chaves, o autor Pedro Calmon, na sua obra “Introdução e Notas ao Catálogo Genealógico das Principais Famílias, de Frei de Jaboatão”, baseado em antigo trabalho de Macedo Leme, arrematou que Maria da Cruz Portocarreiro era esposa de Manoel Martins Chaves, bem como chegou a citar o nome de uma das filhas do referido casal, Domingas Francisca Travassos, casada com Pedro Gomes de Abreu Leme. Neste trabalho são reveladas ligações genealógicas do coronel ou capitão Manoel Martins Chaves com os Unhão, os Gomes, os Castelo Branco, os Ferrão, os França e os Portocarreiro:

Alexandre Gomes Ferrão Castelo Branco. Natural da vila de Penedo no São Francisco (processo incompleto de Familiar do Santo Ofício, Índice Ca. G, ms. TT.) ‒ e morgado do Porto da Folha, instituído por Pedro Gomes, “casou com D. Isabel Cardosa, ou Josefa, Macedo Leme, Genealogia fl. 86, filha do coronel Salvador Cardoso de Oliveira, filho do capitão Manuel Francisco de Oliveira e Catarina do Prado, neto paterno de Matias Cardoso de Oliveira e materno de Francisco do Prado e D. Leonor Aires, filha de Aires Anes de Figueiredo ‒ e D. Maria da Cruz Portocarreiro, filha de Pedro Gomes de Abreu, capitão-mor de Sergipe del-Rei e D. Domingas Francisca Travassos. Ele filho de outro, M.F. e neto de Leonel de Lima senhor de Regalados. Ela filha de Manuel Martins Chaves e de sua mulher D. Maria da Cruz Portocarreiro”. Tinha engenho em Matoim. Fidalgo da Casa Real.[15]

Ao lado disso, duas pesquisadoras de Minas Gerais, no ano de 2012, ao analisarem documentos oriundos do Arquivo da Santa Casa de Misericórdia da Bahia (Matrícula de Irmãos. TR.IR.2202. Livro 3, 300 – 539v), reforçaram os apontamentos feitos por Calmon, verbo ad verbum:

Filha do capitão de Sergipe Del Rei, Pedro Gomes Ferreira – natural da cidade da Bahia, batizado na freguesia de Sergipe do Conde, na Bahia – e de D. Domingas Ferreira, nascida e batizada na freguesia da Vila do Penedo do Rio de São Francisco, D. Maria da Cruz Portocarreiro, também, nasceu na Vila de Penedo, Comarca das Alagoas, freguesia de Nossa Senhora do Rosário, bispado de Pernambuco. Seu nome homenageava sua avó materna, casada com o capitão Manuel Martins Chaves – senhor da capela do Buraco, posteriormente Porto da Folha –, ambos nascidos na Vila do Penedo do Rio de São Francisco.[16] 

            As autoras mineiras tratam nesta obra da sedição promovida por uma neta do capitão Manoel Martins Chaves, chamada Maria da Cruz Portocarreiro, que se casou com um paulista (Salvador Cardoso de Oliveira, sertanista e sobrinho do mestre-de-campo do Terço dos Paulistas Matias Cardoso de Almeida) e que foi morar em Mariana-MG. A causa da referida sedição estava ligada à insatisfação com o quinto do ouro pago à Coroa portuguesa.

            Ainda, subindo pela linha genealógica de Ana Gomes Vieira, suposta filha de Manoel Martins Chaves e de Maria da Cruz Portocarreiro, de acordo com os apontamentos do pesquisador Marcelo Feitosa, poderia esta última ser filha de Domingos da Cruz Portocarreiro ou de Gaspar Portocarreiro, uns dos primeiros sesmeiros estabelecidos às margens do baixo São Francisco[17]. Ademais, as pesquisas apontam que os Portocarreiro se ligam à fidalguia europeia, com raízes em Portugal e Espanha[18] bem como com ramos genealógicos na Ilha da Madeira[19].

            Apenas a título complementar, nesta busca pelos pais de Maria da Cruz Portocarreiro, enxergamos múltiplas possiblidades. Isto porque o sobrenome Cruz Portocarreiro se repete em inúmeros documentos. Senão, vejamos!

Gaspar da Cruz Portocarreiro, juntamente com Domingos da Cruz Portocarreiro e Pedro de Figueiredo, moradores na capitania de Sergipe, “há muitos anos”, usando o argumento de criarem seus “gados vacuns e cavalares”, nos dias 12 de setembro de 1624 e 13 de agosto de 1625, receberam uma sesmaria de seis léguas quadradas do capitão João Mendes e do capitão-mor Amaro da Cruz Portocarreiro. A área concedida aos peticionários se iniciava na Ponta da Cabangua ou Tabangua ou Atambangua, meia légua, subindo o rio, pelo lado direito[20].

Frise-se que a concessão dessa sesmaria condicionava os peticionários a tomarem posse do imóvel no prazo de um ano, o que de fato veio a ocorrer no dia 8 de maio de 1626, quando os beneficiários, acompanhados do tabelião da povoação de São Cristóvão (primeira capital de Sergipe, fundada em 1590 por Cristóvão de Barros, e, hoje, localizada na área metropolitana de Aracaju) e mais duas testemunhas, foram até a área pretendida e cumpriram a cerimônia legal exigida, isto é, desfolhando árvores agrestes; arremessando terra, capim e pedras ao ar, anunciando em altas vozes que estavam tomando posse da terra, fazendo isso por horas. Além do mais, os três requerentes ergueram no lugar um “tejupar” (na língua tupi, o mesmo que cabana[21]) e fixaram três cruzes, uma grande e duas pequenas. Destaque-se que essas terras eram vicinais ao Rio de São Francisco. 

Os antigos documentos também discorrem sobre um tal de Simão da Cruz Portocarreiro, o qual recebeu a patente de capitão do distrito de São Francisco até Canindé, no dia 8 de agosto de 1675[22].

O liame genealógico dos Portocarreiro se estendia para além de Sergipe e das margens do Rio de São Francisco, observando-se também em sertões vizinhos aos do Ceará, e exemplo de Pombal, no Sertão de Piranhas, na capitania da Paraíba, onde estava domiciliado Manuel da Cruz de Oliveira, oriundo da região sanfranciscana e filho de Antão da Cruz Portocarreiro com Ana de Oliveira. Ela, filha de Custódio de Oliveira Ledo e irmã de Teodósio e Constantino de Oliveira Ledo, os primeiros invasores brancos dos sertões paraibanos na segunda metade do século XVII, isto é, Cariris Velhos, Piranhas, Piancó, Espinharas, etc.

Antão da Cruz Portocarreiro era oriundo da freguesia baiana de Vila Nova, hoje, Neópoles, próximo a Penedo, em Alagoas. Acrescente-se que a esposa e os descendentes dele deixaram seus nomes batizando alguns lugares na Paraíba, como é o caso da Fazenda Ana de Oliveira, de Brejo do Cruz e de Catolé do Rocha:

Veio também para a colonização do sertão da Paraíba uma filha de Custódio de Oliveira Ledo, irmã de Constantino e Teodósio: Ana de Oliveira, casada com Antão da Cruz Portocarreiro. Segundo Coriolano de Medeiros, foi o único membro da família Oliveira Ledo que “conseguiu perpetuar o nome numa data de terra, e assim quem hoje vai a Soledade para o interior, próximo aos primeiros declives da Borborema, sai de uma sequência de cactos e entra numa planície extensa, quase sem arborização, mas duma perspectiva agradável, em cujo centro está uma casa de vivenda que é, ainda hoje, a fazenda Ana de Oliveira!”. Não tanto assim. Dois descendentes de Ana de Oliveira têm seus nomes perpetuados em cidades paraibanas. Brejo do Cruz lembra o nome do seu fundador, Manuel da Cruz Oliveira, filho de Ana de Oliveira; Catolé do Rocha lembra o de Francisco da Rocha Oliveira, o fundador do lugar, neto da mesma (...). Afirmou o filho Manuel da Cruz de Oliveira, também em testamento: “Declaro que sou natural do Rio São Francisco, da parte da Bahia, freguesia da Vila Nova, filho legítimo de Antão da Cruz Pôrto Carreiro e de sua mulher Ana de Oliveira, já defuntos”. Havia na Bahia duas Vila Nova, uma no centro, distante do S. Francisco, a atual cidade do Senhor do Bonfim; a outra à margem do rio, perto da foz, em território sergipano, a atual Neópolis.[23] 

            Diante dessa análise histórica, feita com base na historiografia dominante, podemos apresentar o seguinte esquema genealógico tido como verdadeiro:



         Apesar de os atuais pesquisadores aceitarem essa relação parental de João Alves Feitosa como sendo verdadeira, os documentos têm apontado para uma realidade diversa, conforme veremos a seguir.

 

Revelação das novas fontes documentais

 

            Em artigo já publicado, apresentamos documentos com datas bastante recuadas que citam João Alves Feitosa, a exemplo de uma carta datada de 3 de dezembro de 1670, a qual diz que Feitosa foi o responsável por informar ao governador-geral do Brasil sobre a prisão feita ao capitão-mor do Rio São Francisco (da Vila de Penedo), João Vieira de Moraes.

            Se for considerada a nossa tese de o João Alves Feitosa ser o mesmo João Ferreira Ferro (ambos, capitães da vila de Penedo), os documentos retroagem a 1664 e, ainda, a 1647, quando este último é citado como sendo criador de gado e endividado com um mascate judeu (Samuel Velho ou João Nunes Velho), ao tempo do Brasil holandês:

A penetração dos mascates judeus a considerável distância do Recife, inclusive na zona menos abastada do que a do açúcar, como era a da pecuária, na ribeira do São Francisco, está evidente numa declaração de créditos presentada perante a Inquisição de Lisboa por Samuel Velho, aliás João Nunes Velho, preso em 1646 naquela zona e remetido para o Reino. Em seu depoimento perante o Santo Ofício de Lisboa, em 6 de junho de 1647, no qual se lhe perguntou pelos bens móveis e de raiz, direitos, ações e dívidas que tinha, disse que em Penedo possuía uma casa que valeria 30$, a qual tinha duas mil telhas, e mais dois negros com sua marca e os créditos seguintes, a cobrar: (...) João Ferreira Ferro, morador junto à força, que vivia de gados que tinha, deve-lhe 29$320 de resto de contas (...).[24]

            Todavia, aqui, não nos aprofundaremos no assunto relativo ao João Ferreira Ferro, pois o objetivo será tratar das novas revelações de parentesco envolvendo especificamente o nome do penedense João Alves Feitosa, ipsis litteris.

            Dessa maneira, evitando-se meras conjecturas, suposições subjetivas, hipóteses remotas, etc., nos concentraremos em documentos.

 

Manoel Martins Chaves não era sogro de João Alves Feitosa

 

            Vasculhando antigos manuscritos, por volta de 2023, encontramos um documento de grande importância para melhor entender as origens da família Feitosa de Penedo/AL que migou para o Ceará, no início do século XVIII.

            Como pretendemos, futuramente, abordar esse assunto em livro impresso, preferimos deixar para dito momento a publicação mais detalhada da referida fonte primária. Por hora, será exposto aqui parte dos manuscritos, justamente o trecho que revela qual o verdadeiro nome dos sogros de João Alves Feitosa, o verdadeiro nome de sua esposa, dos avós desta última, etc.

            Os documentos que, agora, passamos a analisar consistem em dois diferentes manuscritos.

            O primeiro manuscrito é datado de 16 de abril de 1679 e trata de uma composição amigável (acordo) feita perante o tabelião da vila de Penedo (ou vila do Rio de São Francisco) entre Cristóvão Martins Chaves, o capitão João Alves Feitosa e José Ferreira Ferro.

            Este documento aponta que Cristóvão, viúvo de Maria Saraiva e morador no sítio do Saco, estava entregando parte de suas terras a duas de suas netas, a título de dote. Essas netas se chamavam Ana Gonçalves Vieira (casada com o capitão João Alves Feitosa) e Maria Saraiva (órfã, representada por José Ferreira Ferro).

            A filha de Cristóvão, Domingas Martins, era mãe dessas duas referidas netas, as quais foram por ela concebidas através de casamento com o sargento-mor Francisco Gonçalves Vieira. Ocorre que, ao tempo, dito casal já havia falecido, por isso o dote ter sido direcionado a Ana e Maria.

            Pelo acordo, Cristóvão entregava metade das terras (duzentas braças craveiras) onde residia (no sítio Saco, termo da vila de Penedo), as quais haviam sido adquiridas a Belchior Alves e à esposa deste, Joana Bezerra.

            Observa-se no texto que o sogro de João Alves Feitosa, o sargento-mor Francisco Gonçalves Vieira, já havia adquirido as sobras de terras vizinhas à propriedade de Cristóvão Martins.

            Ademais, a área entregue em dote fora demarcada, separando-a da propriedade de Pedro Martins Chaves, filho de Cristóvão, e, por isso, irmão de Domingas Martins. Nessa demarcação são citados diversos topônimos como as serras de Maraba e Mataqueri, o riacho Taquara, Outeiro da Canoa, Outeiro das Pedras, Canabraba e Frecheiras (Flecheiras).  

            Como testemunhas desse acordo, assinaram Antonio Ferreira, Diogo de Campos, Manoel Saraiva e Pascoal Martins.

            Já o segundo manuscrito é datado de 12 de setembro de 1699 e também consiste em uma escritura pública de composição que celebraram Pedro Martins Chaves e sua esposa, Catarina da Silva, com o capitão Domingos da Silva de Melo e sua consorte, Maria Ribeiro Sampaio.   

            Essa composição colocava fim a algumas ações judiciais envolvendo as pessoas acima citadas. Tais ações eram de natureza cível e envolviam uma parte do sítio do Saco de Cristóvão Martins, a porção chamada das Frecheiras (Flecheiras) bem como perdas e danos dos gados ocorridas nesse mesmo sítio.

O capitão Domingos da Silva de Melo e sua esposa haviam adquirido as terras da Frecheiras (Flecheiras) por meio de dote dado a esta última por sua genitora, Mariana Ribeiro Sampaio, tendo em vista que o sogro do capitão Domingos havia comprado referido imóvel aos herdeiros do capitão João Alves Feitosa e que havia entrado judicialmente na posse deste.

Chama a atenção essa parte do documento sobre o sogro do capitão Domingos ter comprado o sítio das Frecheiras aos herdeiros do capitão João Alves Feitosa, isto, porque, se foram os herdeiros os vendedores, logicamente, o instituidor da herança já havia falecido à época da celebração do negócio jurídico citado.

O manuscrito também revela que Pedro Martins Chaves, depois da divisão das terras feita por seu pai, havia ficado no sítio da Canoa e que, por não ter sido efetivada a demarcação com as terras das Frecheiras, daí, havia expulsado o capitão Domingos.

Porém, a assinatura da composição em apreço colocava fim a essa contenta judicial, pois ficou ajustada a fixação de marcos de pedra divisando os dois sítios, correndo pelo rio Taquara e subindo pela “Maruba” (Maraba?). 

Portanto, esses documentos comprovam:

I)  que Manoel Martins Chaves não era o sogro do capitão João Alves Feitosa;

II) que o verdadeiro nome da esposa do capitão João Alves Feitosa era Ana Gonçalves Vieira;

III) que os pais de Ana Gonçalves Vieira eram Domingas Martins e o sargento-mor Francisco Gonçalves Vieira;

IV) que os avós maternos de Ana Gonçalves Vieira eram Cristóvão Martins Chaves e Maria Saraiva;

V) que Ana Gonçalves Vieira tinha uma irmã mais nova chamada Maria Saraiva;

VI) que Ana Gonçalves Vieira era sobrinha de Pedro Martins Chaves, o qual era filho de Cristóvão Martins Chaves e Maria Saraiva;

VII) que Ana Gonçalves Vieira e o capitão João Alves Feitosa já eram casados no ano de 1679;

VIII) que as terras das Frecheiras (no atual estado de Alagoas), deixadas por herança de Ana Gonçalves Vieira e do capitão João Alves Feitosa, foram vendidas por seus herdeiros.

            Logo abaixo, elaboramos um quadro esquematizado sobre essa recém-descoberta linha genealógica:


              

               

 

 

 

Transcrição parcial dos manuscritos: Composição entre Cristóvão Martins Chaves, João Alves Feitosa e José Ferreira Ferro e composição entre Pedro Martins Chaves e Domingos da Silva de Melo

 


hê Taballiaõ o Alfferes Gaspar Fernandes de Crasto pello que Pede AVossa Mer/ se lhefaça merse mandar que o dito Taballiaõ o Alfferes Gaspar Fernandes deCras/ tolhedê ostreslados que fas mençaó emmodo quefaça fé ereçeberã merse = Des/ pacho = Passe doque constar = Ferro = Treslladar doque Sepedem = Escriptura/ deaMigavel Compoziçaõ quefazem entreSim [sic] Christovaõ Martins, eo Cappitaó/ Joaó Alves Feitoza eo Curador daorpha Maria Saraiva = Saibaõ quantos este/ publico instromento deConsserto eamigavel Compoziçaó debéns deRais quefazem/ entreSy os Contraentes eoutorgantes aodiante nomeados eaSignados virem que/ no anno doNasçimento denosso Senhor Iesus Christo demileseiscentos esetenta eno/ ve annos a osdezaseis dias domes deAbril dodito anno neste Citio doSaco don/ de mora Christovaõ Martins dondeeu Taballiaó aodiante nomeado fuy cha/ mado esendo ahy prezente aparesseraó perante mim partes prezentes eoutor/ gantes dehuá Christovaó Martins como Pay eSogro de Domingas Martins/ edeseu genro oSargentomor Francisco Gonçalves viuvo edaoutra oCappitaó/ Joaõ Alves Feitoza Cazada [sic] com Anna Gonçalves eo Cappitaó Jozê/ Ferreira curador deAnna Saraiva ambas filhas dadita Domingas Martins edodito/ Francisco Gonçalves Vieira nettas delle outorgante os quaes outorgantes ea/ Seitantes pessoas demim Taballiaõ ReConheçidas disseraó prezente mim edas testemunhas aodiante nomeadas que elles porescuzarem duvidas eConten/ das que aodiante poderaõ cresser sobre apartiçaó epartilhas destaterra em/ que hora heraó prezentes asditas suas nettas eodito Christovaõ Martins seu/ avô por odito outorgante aver cazado aditasua filha Domingas Martins/ com Francisco Gonçalves Vieira elheaver dado emdote ametade daproprie/ dade deterra que dito Christovaó Martins possuhia em este Saco portitu/ lo deescriptura eRatifficaçaó feita porBelchior Alves esua mulher eodi/ toseugenrro aver comprado depois deCazado a Joanna Bizerra mulher do/ dito Belchior Alves asobras daterra anexas adita propriedade como Lar/ gamente consta daescriptura dadita Joanna Bizerraedoinventario/ queSefes porfalleçimento dodito Seugenrro Francisco Gonçalves Vieira/ eporhora deprezente serem falleçidos odito Seugenrro efilha eamulher/ dodito outorgante chamada Maria Saraiva eporquerer elle outorgante [imagem 02]



outorgante chamada Maria Saraiva eporquerer elle outorgante partir as/ ditas terras com asditas Suas nettas eaparte que lheficar Repartir comseus fil/ lhos efilhas, eporevitar duvidas e contendas deJuizo ouveraô porbem elleOutorgan/ te Christovaõ Martins edito Joaõ Alves Feitoza marido desua netta Anna Gon/ çalves, eoCurador daOrpham Maria Saraiva aceitantes eseConçertaraô apartida/ da Sobreditas terras propriedades eObras declaradas naformaemaneiraSeguinte/ doCurral onde deprezente mora Pedro Martins semediraó duzentas braças/ Craveiras para as Canabrabas eahy Seporá marco edahy para baixo toda aterra e/ pastos ematos que ouver pertençente adita propriedade eobra fizera para/ asditas Suas nettas etornando aodito Citio dePedro Martins dahy para/ aparte damaraba Sevira o Riaxo chamado tacoaras de demarcaçaõ entre ele/ outorgante esuas nettas edahy atê onde fizer Caminho direito abuscar aestra/ da quevay para amaraba enotopo dooiteiro das pedras Siporá marco edahy/ correrá Rumo direito ao alto daterra aonde esta omarco que sepôs nadita/ Serra dasmedissoéns que sefizeraó para amataquery enaõ para odito Chris/ tovaó Martins Curral notabolleiro salvo no oiteiro da Canoâ easditas suas/ nettas poraõ Cural nas freixeras naparte que lhetoca e estaterra assim par/ tida ficarâ para asditas suas nettas eseus herdeiros todas asterras epastos/ eagoas ematos que ouver daparte doNorte athê onde chegar odireito daes/ criptura esobras Epara elle otorgante conssentem elles aceitantes fique toda/ aterra agoas pastos ematos queouver para aparte dosûl ficando emmeyo/ dito Riaxo tocoaras pordemarcaçaó epara elles otorgante eaçeitantes assima/ comprirem eguardem Seobrigaraó porsy eseusbeñs naõ ir nem contrariar oas/ sima declarado em parte nem emtodo elle otorgante disse que paramais se/ guranssa efirmeza evallidade detudo assima declarado sedesaforava detodo ofo/ ro eliberdade que emdireito lhepossa edava haja detocar eaocumprimento/ do dado edotado Comsserto declarado hipotecava eobrigava omilhor parado/ desuaterça debeñs moveis deRais eoutrosim quesendo queemalgum tempo/ por sim [sic] eseus herdeiros elle outorgante queira Emnovar ouContrariar di [imagem 03]



dito pacto de Compoziçaõ Amigavel compoziçaõ naforma atras declarada notal a/ cto naô seria elle nem seus herdeiros ouvidos Sem primeiro depuzitarem namaó/ daparte contraria tres mil cruzados emdinheiro de contado sem para isso lhepedir fiador a/ bonado porque desse logo havia adita parte comtraria porabonada eosaceitantes di/ to Joaõ Alves Feitoza marido de Anna Gonçalves, e Jozé Maria [sic] Curador daOrfam/ MariaSaraiva assim aseitavaõ adita condiçaõ eamesma obrigaçaõasima declarada fa/ zia odito Joaõ Alves Feitoza por Sy eSua mulher eocurador daorfam pella dita orfam/ eseus béns comcondiçaõ expressa dodepozito quecada hum delles Serâ obrigado antes dar/ namaõ daparte contraria antes que para oContrariar esta escriptura Sejaô ad-/ metidos eouvidos esedes aforáo huns eoutros detodo oforo privilegios eizençoẽs e/ liberdades que odireito emtal cazo otorga eque somentes daquy para todo osem pre entre elle contrariante eseus herdeiros esta cumpra eguarde emfirmeza deque/ assim ooutorgaráo emandaraô Ser feito esteinstromento emesta notaque pediraõ e/ aseitaraô sendo atudo prezentes portestemunhas Antonio Fereira, e Diogo de Campos/ eManoel Saraiva, ePascoal Martins que asignaraõ eeu Taballiaó aceito como/ pessoa publica extipullante easeitante emnome dosauzentes aquem tocar etodos hu/ ns eoutros asignaraô eeu Antonio Dias daFranca Taballiaõ o escrevy = Joaõ Alves/ Feitoza = Christovaô Martins = Jozé Ferreira Ferro = Diogo deCampos =Pas/ coal Martins = Antonio Ferreira = Manoel Saraiva = Segunda escriptura = Es/ critura deAmigavel compoziçaõ edezistençia decauza quefaz o Cappitaõ Domin/ gos dasilva esuamulher, ePedro Martiñs Chaves, esua mulher do Citio das tres seras = Saibaõ quantos este publico instromento dedizistençia decauzas eamigavel/ compoziaçaõ ou como emdireito milhor Lugar haja edizer Sepossa virem que noan/ no do Nasçimento deNosso Senhor Iesus Christo demileseisçentos enoventaeno/ ve annos aos doze dias domes deSeptembro dodito anno neste Lugar doSaco de/ Christovaõ Martins termo da Villa deSaõ Francisco Cappitania dePernam/ buco emcazas demoradas do Cappitaõ Domingos daSilva Camello aonde eu/ Taballiaô estava efuy chamado eestando ahiy aparesseraó perante mim partes/ prezentes eoutorgantes asaber Pedro Martins Chaves esua mulher Catharina/ daSilva eo Cappitaõ Domingos daSilva eMello, esuamulher Donna Ma- [imagem 04]



Maria Ribeira deSampayo moradores notermo desta Villa todas pessoas/ demim Taballiaô Reconhecidas pellas proprias nomeadas eporelles todos foi di/ to emminha prezença edastestemunhas aodiante nomeadas easignadas q´/ elles entreSy traziaó noJuizo ordinario desta Villa varias cauzas Civeis ehúa em/ testada Sobre hú citio deterras dosaco dechristivaô Martins chamado odas/ frexeiras esobre huãs perdas edannos dos gados domesmo Citio eporque estaó co/ sertados ehavidossobre omesmo Citio edependençia de cauza eporevitarem duvidas/ eContendas epara sua aquitaçaó eescuzarem degastos que podiaõ delas/ Suçeder edemandas aviaõ porsuspença adita cauza humas eoutras adavaõ/ por findas eacabadas edellas naô queriaô mais uzar agora nem emtempo algum/ para cujo effeito aviaô asignado termo dedizistençia della epor authoridade de Jus/ tiça, eporquanto elle dito Domingos daSilva deMello esua mulher possuhiaõ hú/ Citio deterras chamado asfrexeiras oqual ouveraó portitullo dedote desua Sogra eMay/ Marianna Ribeira deSampaio comtodas asdeclarassoéns da escriptura davenda/ declaradas que odito Seu Sogro ePay avia comprado aos Herdeiros do Cappitaõ Joaô/ Alves Feitoza edella avia odito Cappitaõ tomado posse Iudiçialmente eporque ho/ ra odito Citio mistico comterras misticas do dito Pedro Martiñs do Citio do Oiteiro/ da Canoa eporque odito Pedro Martiñs havia Lanssado fora dodito Citio aodito Do/ mingos daSilva comseus gados pornaô estarem demarcadas entresy por Cuja cauza/ lheavia odito Domingos daSilva movido huá demanda emjuizo epara correr/ os termos della afes vestoria nas Confrontaçoéns e Rumos emvirtude dehuâ escriptura/ deCompoziçaõ que havia feito Christovaõ Martiñs Pay dodito Pedro Mar/ tiñs eoutro sy assuas nettas Sobre qual fora oCitio das frexeiras efeita adita ves/ toria eCorridos os Rumos eConfrontassoéns edemarcassoeñs por homens [palavra não lida] na/ quelles Lugares Seachou Ser odito Citio das frexeiras dodito Cappitaõ Domin/ gos daSilva de Mello emvirtude damesma escriptura deCompoziçaõ enames/ ma forma em que pella dita vestoria estava demarcada correndo dos Riaxos taco/ ara pello Caminho damaruba athê otopo daspedras donde nadita vestoriase/ pos omarco depedra como consta doauto dadita vestoria e correndo Rumo para aserra/ damaruba Rumo direito aomais alto pico como declara naescriptura daCompozi/ çaõ consta em cujo comprimento Sefez adita vestoria epello dito Pedro Martins [imagem 05]



eadita sua mulher foi dito que elles porescuzar asduvidas econtendas aseitava/ adita vestoria eConssentiaõ nella narrado edetreminado ficando toda aterra/ que ficava dadita demarcaçaó emarco do topo daspedras para aparte donorte para/ odito Domingos daSilva esua mulher eherdeiros comosua queja hera eassim as/ poderaó gozar Semque elles outorgantes lhoponhaô duvidas alguâs emtempo algũ/ porsy nem poroutrem nem por seus herdeiros eque para elles outorgantes fica a/ quefica dodito marcoecomfrontaçaó para aparte dooiteiro daCanoa noqual Citio/ odito Pedro Martins podera pôr seu curral [palavra apagada] mais couza alguâ, eodi/ to Domingos daSilva podera pôr seu cural nas frexeiras daparte dedentro da/ confrontacaô e marco dotopo daspedras naparte donde lhepareser epellodito Cap/ pitaõ Domingos daSilva esua mulher foidito que elle aseitava odito Consser/ to namesma forma emque estava marcado edeterminado nadita vestoria e/ que dezistia dademanda quetrazia com odito Pedro Martiñs, esuamulher so/ bre adita propriedade eperdas edannos della naó queriaó mais uzar visto ficarem/ noseu mesmo citio epropriedade das frexeiras eporque nesta mesma forma as/ sima declarado huns eoutros estavaô avidos huñs eoutros assim dito Pedro Martins/ Chaves sua mulher, eodito Cappitaó Domingos daSilva de Mello, eadita sua um/ lher, edeclararaô os ditos outorgantes que Segovernase cada hum pella demarcação/ domarco dotopo das pedras correndo para atacuara donde tambem Sepos hũ/ marco dehuã crûs junto aodito Riaxo emhú pau de angico napassage dodito/ Riaxo tacoara ehũ marco depedra afincada noxaó junto aodito Angico eriaxo o/ qual marco hú eoutro servirá dedemarcaçaó assim para odito Pedro Martiñs co/ mo para odito Cappitaõ Domingos daSilva ficando hú eoutro gozando por/ Sy eseus herdeiros evindouros ditos citios assim demarcados comseus matos pastos/ eagoas elogradoros ficando emmeyo adita demarcaçaõ epara elles outorgantes/ assim o Comprirem eguardarem Seobrigaraô porsy eseus beñs anaô hirem contra/ oasima declarado esedesaforavaó detodo oforo eliberdade deque emdireito seposa/ deva ehaja dedizer ao Cumprimento deste Consserto naforma que nesta es-/ criptura Sedeclara ao Cumprimento desta obrigaçaó toda asua fazenda mo-/ veis como derais eoutrosim que Sendo que algú delles outorgantes por sim/ oupor seus herdeiros encontrem oCumprimento desta escritura eamigavel [imagem 06]



Compoziçaõ naô será ouvido em Juizo nemfora delle sem primeiro depozitar/ trezentos milreis emmaõ doque ficar Sendo Reo nodito cazo sem para issolhepe-/ dir fiador porque desde Logo ohaõ por abonado oqual consserto epacto assim feito/ entre elle aseitaraõ osditos outorgantes huns eoutros easeitantes emfirmeza deq/ assim outorgaraõ emandaraô Ser feito este instromento nesta notta quepediraó/ easeitaraó sendo atudo prezentes portestemunhas o Alfferes Pedro Dantas/ deBarros eoJuis Ordinario Gaspar Francisco Telles, eo Alfferes Manoel Ri/ beiro deSamPayo que Asinaraó com osditos outorgantes easeitantes eeu Taba/ liaõ oaseito emnome doauzente aquem tocar como pessoa publica extipu/ lante easeitante pella molher dodito Pedro Martiñs naõ saber escrever/ asignou porella o Alfferes Joaõ Soares Vieira eeu Ioaõ Dantas Aranha Taballi/ aõ oescrevy = Pedro Martiñs Chaves = Asigno arogo da outorgantes Catharina/ daSilva, Ioaõ Soares Vieyra, Domingos daSilva eMello, Donna Maria Ri/ Ribeira SamPayo, Pedro Dantas deBarros, Gaspar Francisco Telles, enaó seConti/ nha mais nas ditas procuraçoeñs que eu Gaspar Fernandes deCrasto Taballiaõ pu/ blico dojudiçial enottas nesta Villa doPenedo Ryo deSaô Francisco Capitania de/ Pernambuco etc. fis treslladar bemefielmente dos Livros denottas donde atomou a/ primeira escriptura Antonio Dias daFranca, easegunda o Cappitaõ Joaõ Dan/ tas Aranha aqual mereporto emtodo oportodo com oqual estes confery subscrevy ea/ signey em Razo comofficial abaixo asignado Penedo dês deDezembro demilesete/ centos eoito annos Gaspar Fernandes deCrasto escrivaó que afis escrever esobscrevy easi/ gney eConssertey = Concertado pormim escrivaõ Gaspar Fernandes deCrasto = eComigoal/ caide Luis Fernandes da Costa [imagem 07]

 

 

 

 

 

 

 



[1] MACEDO, Heitor Feitosa. Origens das Famílias Alves Feitosa e Ferreira Ferro: Portugal e Brasil. Disponível em: https://estoriasehistoria-heitor.blogspot.com/2018/07/1.html.

[2] [2] FEITOSA, Leonardo. Tratado Genealógico da Família Feitosa. Fortaleza/CE: Imprensa Oficial, 1985, p. 13.

[3] Ibidem, p. 10 e 11.

[4] FARIAS, F. Araújo Farias. Araújos e Feitosas Colonizadores do Alto e Médio Acaraú. Fortaleza-CE: Fundação Cultural de Fortaleza, 1995, p. 16 e 17.

[5] FONSECA, Antonio José Victoriano Borges da. Nobiliarchia Pernambucana. Vol. II. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1935, p. 427.

[6] BEZERRA, Antonio. Algumas Origens do Ceara. Ed. Fac-similar. Fortaleza: Fundação Waldemar Alcântara, 2009, p. 141.

[7] GIRÃO, Raimundo. Montes, Machados e Girões. Revista do Instituto do Ceará, 1965, p. 95.

[8] AUGUSTO, Francisco. Famílias Cearenses. Fortaleza-CE: Editora Premius, 2001, p. 279.

[9] NEVES, Venício Feitosa. O Patriarca. Cajazeiras-PB: Editora e Gráfica real, 2016, p. 91.

[10] BOTELHO, Angela Vianna, ANASTASIA, Carla. D. Maria da Cruz e a Sedição de 1736. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012, p. 10 e 11.

[11] FEITOSA, Leonardo. Op. cit., p. 10 e 11.

[12] (Biblioteca Nacional – Documentos Históricos). Disponível em: < http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=094536&pesq=martins+chaves>. Acesso em 14 de maio de 2020, às 11h24min.

[13] KOSTER, Henry. Viagens ao Nordeste do Brasil. Vol. 2. 12ª Ed. Rio – São Paulo – Fortaleza: ABC Editora, 2003, p. 438.

[14] CASCUDO, Luís da Câmara. A Casa de Cunhaú. Brasília: Edições do Senado Federal, 2008, p. 133.

[15] CALMON, Pedro. Introdução e Notas ao Catálogo Genealógico das Principais Famílias, de Frei Jaboatão. Volume II. Salvador – BA: Empresa Gráfica da Bahia, 1985, p. 572.

[16] BOTELHO, Angela Vianna, ANASTASIA, Carla. Op. cit., p. 10 e 11.

[18] Armorial Lusitano: genealogia e heráldica. Lisboa: Editorial Enciclopédia LTDA,1961, p. 447.

[19] CLODE, Luiz Peter. Registro Genealógico de Famílias que Passaram à Madeira. Funchal/PT: Tipografia Comercial, 1952, p. 265.

[20] Biblioteca Nacional. Documentos Históricos: provisões, alvarás e sesmarias: 1668 – 1677. Volume XIX. Rio de Janeiro, Biblioteca Nacional, 1930, p. 45. Disponível em: <http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=094536&pesq=carreiro>. Acesso em 16 de maio de 2020, às 14h56min.

[21] NAVARRO, Eduardo de Almeida. Tupi Antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo: Global Editora, 2013, p. 471.

[22] Biblioteca Nacional. Documentos Históricos: patentes e provisões, 1668 – 1677. Volume XII. Rio de Janeiro, Biblioteca Nacional, 1929, p. 350 e 351. Disponível em: <http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=094536&pesq=carreiro>. Acesso em 16 de maio de 2020, às 14h56min.

[23] ALMEIDA, Elpídio de. História de Campina Grande. Campina Grande – Paraíba: Livraria Pedrosa, 1962, p. 27 a 29.

[24] MELLO, José Antônio Gonsalves de. Gente da Nação. Recife: FUNDAJ, Editora Massagana, 1990, p. 239 e 240.

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